Se você checa as notícias através do seu portal na internet favorito ou liga a televisão uma vez ao dia para ver o jornal, você, provavelmente, já ouviu falar sobre o SVR, Sistema de Valores a Receber, certo?
Entretanto, por se tratar de uma novidade fresquinha do Banco Central, a maioria das pessoas ainda não entenderam exatamente como ele funciona, para quê ele serve, se é seguro ou como utilizá-lo…
Sendo assim, se você é daqueles que acorda todo dia com a esperança de achar uma nota de R$50,00 perdida no bolso da calça, o episódio de hoje é pra você!
Nós conversamos com o Carlos Eduardo Rodrigues Chefe do Departamento de Atendimento ao Público do Banco Central sobre o Sistema de Valores a Receber, plataforma criada para que você encontre qualquer dinheiro que tenha esquecido no sistema financeiro nacional.
Você pode ouvir a conversa em todos os players acima, assistir a gravação no nosso canal do Youtube ou, se preferir, continue a leitura!
Sistema de Valores a Receber
O Sistema de Valores a Receber nasceu como mais um relatório do Registrato (falamos mais sobre ele no fim do post!).
Entretanto, o sucesso foi tamanho, que a página do Registrato não deu conta de suportar a quantidade de pessoas acessando e consultando ao mesmo tempo e caiu.
Sendo assim, foi criada uma página só pra ele, que você pode acessar clicando aqui.
E, para fazer sua consulta, basta preencher seu CPF e data de nascimento.
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Porque foi criado o Sistema de Valores a Receber?
Para explicar o motivo da criação do SVR, Carlos Eduardo nos contou um caso:
Sabe o costume que os avós tinham de criar uma conta poupança para cada neto nascido para colocar um dinheirinho?
Pois bem, o neto ia crescendo, a conta era esquecida, a moeda ia mudando, enfrentando planos econômicos diferentes e a quantia de dinheiro que tinha naquela conta se tornava cada vez mais insignificante.
Até que o Banco fecha essa conta, o dinheiro que está nela continua sendo seu, mas depois de tanto tempo a conta é fechada.
Você sabe que esse dinheiro existe? Sabe quanto tinha de dinheiro? Sabe como ter acesso a esse dinheiro?
Esse é apenas um dos exemplos que explica a criação do SVR, porém, existem outros, como:
- contas poupança ou corrente encerradas;
- tarifas que foram cobradas indevidamente se o Banco Cfeientral faz as instituições devolverem;
- operações de crédito consignado em que o cliente está no banco A e passa a operação para o banco B, mas pagou mais do que deveria para o banco A e o dinheiro acaba ficando lá;
- contratos de consórcios que podem demorar anos para que a pessoa seja contemplada e ela pode acabar esquecendo de resgatar seu dinheiro.
Ou seja, existem uma série de situações em que um dinheiro que te pertence acaba ficando com alguma instituição financeira e você não fica sabendo.
Porque os próprios bancos nunca devolveram esses valores esquecidos?
É papel do Banco Central supervisionar bancos, corretoras, distribuidoras, financeiras, cooperativas, consórcios, instituições de pagamento, sociedades de crédito direto, e sociedades de empréstimos entre pessoas e iniciador de serviço de pagamento.
Sendo assim, se a Dona Maria tem R$100,00 esquecidos no Santander, por exemplo, o Banco Central puxa a orelha do Santander e diz para ele devolver o dinheiro a sua dona.
Entretanto, a Dona Maria pode ter mudado de cidade e não ter avisado, pode ter casado, mudado de nome e de casa e não ter avisado, pode ter perdido o celular e comprado outro com outra linha e não ter avisado.
Ou seja, o Santander não sabe mais onde está Dona Maria, como ele vai fazer para devolver os R$100,00 para ela?
Aqui entra o SVR, Sistema de Valores a Receber do Banco Central. Logo, o objetivo do SVR é criar uma ponte de comunicação entre os bancos, fintechs e instituições financeiras com a Dona Maria, o Seu Zé e você!
Até porque, muita gente não sabe, mas, no caso do nosso exemplo, o Santander tem um gasto ao manter os R$100,00 esquecidos da Dona Maria e, por outro lado, a Dona Maria pode pagar uma conta de luz atrasada com esse dinheiro perdido! Então, com o SVR, todo mundo sai ganhando!
Se não consegue mais pagar seu consórcio, saiba que sua cota vale dinheiro!
Achei um dinheiro esquecido no SVR, como resgatar?
Ao consultar os valores a receber svr, caso você encontre algum dinheirinho perdido, você poderá, através do próprio site, solicitar que esse valor seja devolvido.
Uma das formas desse valor ser devolvido será via PIX, outra invenção do Banco Central para agilizar as transferências de recursos e evitar que você gaste dinheiro à toa pagando por TEDs ou Docs.
A decisão de disponibilizar o PIX como uma opção foi tomada pois você dificilmente sairia de casa e pegaria um ônibus até a agência bancária mais próxima para buscar uns vinte reais perdidos, certo?
Sendo assim, para que você coloque as mãos de fato no dinheiro encontrado, você pode apenas receber um PIX, fácil né?
Caso você não queira receber o valor via PIX, você também terá a opção de disponibilizar seu contato para que a instituição financeira chegue até você e vocês decidam a melhor forma de realizar o resgate.
Atenção!
Diferentemente da consulta, em que você precisa apenas da data de nascimento e CPF para descobrir se você tem algum valor a receber ou não, para pedir o resgate é preciso que você tenha uma conta na plataforma Gov.br e que você tenha nível de acesso prata ou ouro, pois demandam mais autenticações.
Então, tendo sua conta Gov.br, prata ou ouro, a partir do dia 07/03/22, você pode acessar novamente o site do SVR, https://valoresareceber.bcb.gov.br/, entrar com o seu login e senha da conta Gov e ter conhecimento de qual é a instituição, de quanto você tem a receber, a origem desse valor e ter a opção de resgate via PIX.
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Mas de quantos reais estamos falando?
No total, a estimativa é de que existem mais de 8 bilhões de reais a serem recuperados pelos seus donos. E, de acordo com Carlos Eduardo, mais de 110 milhões de pessoas já consultaram o site do SVR.
Ainda, Carlos disse que dessas mais de 110 milhões, pelo menos, 20 milhões tem algum valor a receber. Esse valor pode ser centavos, reais, centenas de reais ou milhares.
Entretanto, é importante ressaltar que essa primeira consulta não te mostra quanto você tem para receber, apenas se você tem ou não algo para receber. Sendo assim, a partir do dia 07/03/22, aqueles que já verificaram que tem algum valor esquecido no sistema financeiro nacional poderão consultar o valor do saldo e pedir o resgate.
Se atente aos períodos designados para isso:
As fases do SVR
Fez uma consulta e não achou nem R$10,00? Não se preocupe, a liberação dos dados será feita em fases, veja:
1° fase:
Os dados disponibilizados foram de contas encerradas (corrente ou poupança), tarifas ou valores de operações de crédito que ficaram perdidos, grupos de consórcios e cooperativas.
2° fase:
A partir do dia 28/02, às 10h, começa segunda fase do SVR. Do dia 28/02 a 06/03, semana denominada Esquenta do SVR, você vai conseguir consultar se há valores a receber no sistema financeiro. Neste retorno, foram feitas algumas implementações necessárias, são elas:
- Inclusão de todos os tipos de valores previstos na norma do SVR, consequentemente, ampliando a possibilidade e o montante a receber;
- Compartilhamento e impressão das telas e protocolos de solicitação do SVR, inclusive pelo Whatsapp, facilitando o acesso e guarda das informações do sistema;
- Sala de espera virtual para manter o SVR aberto por prazo indeterminado, com acesso sem agendamento;
- Consulta a valores de pessoa falecida, com acesso para herdeiro(a), testamentário(a), invariante ou representante legal, informando os dados de contato da instituição responsável pelo valor e a faixa de valor;
- Mais transparência para quem tem conta conjunta. Se um dos titulares solicitar o valor via SVR, o outro, ao entrar no sistema, conseguirá ver as informações da solicitação: valor, data e CPF de quem solicitou.
Nesta segunda fase, também foram incluídas as seguintes consultas:
- Contas de pagamento pré ou pós-paga encerradas com saldo disponível;
- Contas de registo mantidas por corretoras e distribuidoras encerradas com saldo disponível; e
- Outros recursos disponíveis nas instituições para devolução.
Porém, lembre-se, o Sistema de Valores a Receber ficará disponível do dia 28/02 até 06/03 apenas para consulta. Ou seja, ainda não será possível solicitar a retirada de nenhum valor.
A solicitação só será disponibilizada a partir do dia 07/03. Logo, se você jogou seus dados no SVR hoje e nada foi encontrado, nem precisa voltar ao site no dia 07/03, pois a resposta será a mesma.
A semana do esquenta tem como objetivo evitar a superlotação do sistema quando ele, de fato, abrir para que as solicitações de resgate sejam feitas!
Próximas fases:
Os dados que ainda não estão disponíveis no SVR são de dinheiro perdido em cartões de crédito, corretoras e distribuidoras e no fundo garantidor de crédito (FGC).
Entretanto, é importante ressaltar que apenas a primeira fase correspondeu a 50% do montante total de dinheiro esquecido no sistema financeiro brasileiro. Ou seja, cerca de 4 bilhões de reais.
As fases seguintes têm menor representatividade pois, juntas, elas correspondem aos outros 4 bilhões esquecidos.
Porém, mesmo ao final das 5 fases do SVR, o ideal é que você crie um hábito de revisitá-lo de tempos em tempos, pois daqui um ano uma conta sua, que você já se esqueceu dela, pode ser encerrada e você pode achar um dinheiro perdido, por exemplo. Assim como você também deve ter esse hábito com o Registrato.
Saiba o que é segurança digital e veja como se proteger!
A aproximação do Banco Central com a população
O Banco Central possui um serviço de fale conosco que serve para que o cidadão possa reclamar diretamente sobre problemas que ele tenha com seu banco, corretora, distribuidora, financeira, cooperativa, consórcio. Como no caso de cobranças de tarifas indevidas pelo banco, por exemplo.
Com isso, o objetivo é que as pessoas possam procurar o Banco Central e, dependendo da situação, ele terá uma série de diretrizes a seguir para tentar ajudar e solucionar o problema. Coisa que nem sempre acontece se a Dona Maria for direto ao Banco do Brasil reclamar da cobrança de uma tarifa errada, por exemplo.
Além disso, o Banco Central também divulga há 20 anos um ranking de reclamações. Nele é possível encontrar quais são as instituições financeiras que recebem mais reclamações, quais são as reclamações mais frequentes separadas por assuntos e quais são as administradoras de consórcios que recebem mais reclamações.
Ou seja, vale a pena dar uma olhadinha nos rankings antes de abrir uma conta em um determinado banco ou antes de pensar em fazer um consórcio.
Ranking melhores contas digitais segundo Educando seu Bolso
Posição | Instituição | Nota | Post | |
---|---|---|---|---|
1 | Banco PAN |
3.6
|
Confira!Confira! | |
2 | Inter |
3.6
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Confira!Confira! | |
3 | C6 Bank |
3.5
|
Confira!Confira! | |
4 | PagBank |
3.4
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Confira!Confira! | |
5 | PicPay |
3.3
|
Confira!Confira! | |
6 | NuBank |
3.3
|
Confira!Confira! | |
7 | Banco Bari |
3.2
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Confira!Confira! | |
8 | BTG+ |
3.0
|
Confira!Confira! | |
9 | Neon |
3.0
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Confira!Confira! | |
10 | Mercado Pago |
2.9
|
Confira!Confira! |
Área com foco no cidadão
Em 2012, foi criada uma área do Banco Central com foco no cidadão, para que mais projetos pudessem ser feitos com a intenção de beneficiar diretamente os cidadãos brasileiros.
Sendo assim, de acordo com Carlos Eduardo, em 2012 essas ações deixaram de ser feitas pela boa vontade e passaram a ser algo institucional do Banco Central.
Open Banking: A rede social do Banco Central!
Registrato do Banco Central
Em 2014 a área com foco no cidadão do Banco Central criou o Registrato. O Registrato foi uma forma de colocar a disposição do povo toda a informação que o Banco Central tinha sobre ele.
No início, com o Registrato você conseguia ter acesso a todas as instituições financeiras que você tenha conta e a eventuais dívidas existentes no seu nome.
Hoje o Registrato já tem 7 relatórios disponíveis, são eles:
- operações de câmbio;
- cheque sem fundo;
- dívidas com o setor público;
- empréstimos e financiamentos;
- contas e relacionamentos;
- chaves PIX;
- valores a receber.
O que é o registrato e como funciona?
Tome cuidado com fraudes!
O SVR, Sistema de Valores a Receber é um mecanismo criado pelo Banco Central para facilitar a comunicação dos bancos, instituições financeiras, fintechs, grupos de consórcios… com os cidadãos e para facilitar a devolução de um dinheiro que não os pertence para seus verdadeiros donos.
Porém, não podemos nos esquecer que tem muita gente ruim por ai, querendo ganhar em detrimento dos outros. Logo, fique atento a algumas dicas:
O Banco Central NÃO:
- manda e-mail ou telefona para ninguém;
- pede para você acessar nenhum link;
- tem ninguém agindo no nome dele.
Ou seja, a única forma de você saber se tem algum valor esquecido para receber é acessando o site do SVR e fazendo uma consulta.
Então se você ainda não entrou no SVR e fez sua consulta, aqui está o site mais uma vez: https://valoresareceber.bcb.gov.br/
E, caso você esteja tendo alguma dificuldade, entre em contato com os canais de atendimento oficias do Banco Central. Você pode encontrá-los em: https://www.bcb.gov.br/acessoinformacao/faleconosco . Ou ligue para o 145, de segunda a sexta-feira, de 8h às 20h (custo de ligação local).
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