O mercado de carros usados está em crescimento no Brasil. Segundo relatório da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), o aumento chegou a mais de 11% no segundo semestre de 2020, comparativamente ao ano anterior.
Saiba neste texto como comprar e vender seminovos, além de dicas para transações e transferências seguras. Ainda, conheça formas alternativas de ter carro na garagem que estão ganhando destaque, como o carro por assinatura.
Para produzir este conteúdo super completo, o Educando Seu Bolso conversou com Raphael Galante, consultor automotivo há mais de 20 anos e colunista do InfoMoney.
Você pode ouvir o bate-papo, na íntegra, no podcast que acompanha este texto, ao topo da página!
Cenário do mercado automotivo no Brasil
A pandemia do novo coronavírus teve impacto sobre toda a economia. No mercado automotivo não poderia ser diferente.
Segundo Galante, o grande problema de 2020 é que o ano “não começou”. Isto é, o ano iniciou-se com muito otimismo para todos os elos da cadeia automotiva: montadoras, concessionária e outros (e isso vale para carros novos e usados).
Dessa forma, os dois primeiros meses foram bem fortes. Porém, a pandemia e o fechamento do comércio, em março, frearam o segmento de veículos.
E, quando o mercado começou a se recuperar, isso aconteceu com sequelas da pandemia: desemprego, perda de renda, retração de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020.
Contudo, mesmo nesse contexto, um mercado teve grande destaque: o de carros usados. Pois, número de vendas de veículos desse segmento em setembro de 2020 superou o número de vendas no mesmo mês de 2019.
Não há como negar que ter um carro na garagem é o sonho de muitos brasileiros. No entanto, a população está começando a se importar menos com o “carro zero” e se abrindo para conhecer o mercado de usados, também conhecidos como seminovos.
Você é uma dessas pessoas mudando de opinião sobre a forma de ter carro? Então, continue lendo este texto!
O que explica crescimento do setor de carros usados?
Principalmente, podemos destacar:
- Aumento no tempo da garantia de fábrica: diferentemente de alguns anos atrás, hoje é possível encontrar veículos com 5 ou 6 anos de garantia. Assim, mesmo que um carro seja usado por 3 anos, se revendido ele continua na garantia.
- Seminovos têm custo mais baixo do que carro zero. Assim, o modelo dos sonhos fica mais acessível.
- Desvalorização mais lenta: um automóvel tem maior desvalorização nos 2 primeiros anos após sair de fábrica. Dessa forma, ao comprar carros usados, a diferença entre seu preço de custo e revenda é menor.
- Maior regulação no setor: cada vez mais, é possível comprar um usado tendo garantia de que aquele veículo é de qualidade. Existem laudos, sites com grande reputação para te ajudar a fazer uma aquisição 100% segura.
- Seguro mais em conta do veículo usado.
- Mudança na mentalidade da população. Ainda, há o fator comportamental. Veja, no próximo tópico, um pouco sobre esse tema.
“Para que ter carro novo se o usado me atende da mesma forma?”
Não há dúvidas: ter carro zero está associado a status. Ao trocar o auto para um novo modelo, a pessoa “ascende socialmente” na visão dos vizinhos, amigos, família.
Porém, pessoas começaram a questionar: “eu preciso mesmo disso?”.
É, certamente, satisfatório comprar um carro novo, seja de luxo ou popular. Ir à concessionária, pedir um veículo sob medida para você: cor, estofado, final de placa.
Mas, até mesmo o conceito de satisfação vem mudando com o tempo.
Por exemplo, comumente faz-se a comparação entre gerações mais antigas e mais novas. Antes, valorizava-se o ter. Ter o carro, ter a casa. Em geral, essa é a percepção dos nossos pais.
Nas gerações mais novas, é comum se dar mais valor ao usufruir. Andar de carro, morar. Não, necessariamente, possuir os bens.
E, quando há a vontade de comprar, a nova geração lida melhor com carros usados. “Para que preciso de um novo se um seminovo vai me atender da mesma forma?”
Curiosidade: saiba as 10 cidades do Brasil com mais buscas online por carros usados
Ferramentas de buscas mostram que:
- Belo Horizonte (BH);
- Rio de Janeiro (RJ);
- Brasília – Distrito Federal (DF);
- Goiânia;
- Curitiba;
- São Paulo (SP);
- Fortaleza;
- Porto Alegre;
- Recife e;
- Salvador
são as cidades com mais pesquisas online sobre carros usados. (Fonte: SemRush, 2020).
Sua cidade está na lista? Então, é possível esperar um mercado bastante aquecido na sua região!
Carro por assinatura: opção para quem não tem desejo de comprar
Para quem já “abriu a cabeça” para a possibilidade de comprar carros usados, vale conhecer mais um produto interessante.
O carro por assinatura é um aluguel de longo prazo de veículo zero km.
Pois, ele é indicado para quem deseja ter o carro na garagem, mas sem burocracia de:
- compra e venda;
- IPVA, licenciamento;
- emplacamento;
- manutenções;
- seguro auto, entre outros.
Nesse sentido, combina muito bem com quem tem mentalidade de usufruir, ao invés de ter o bem.
Ainda, o custo pode ser mais baixo do que o de compra! São essas comodidades, somadas ao custo menor que fazem do carro por assinatura um produto tão atrativo.
Portanto, se está pensando em trocar de carro, vale conhecer!
Ranking de Carro por Assinatura
Posição | Plano | Nota | Interessado? |
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1 | 4.51 |
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2 | 4.34 |
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3 | 4.08 |
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4 | 3.95 |
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5 | 3.92 |
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6 | 3.90 |
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7 | 3.62 |
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8 | 3.38 |
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9 | 3.33 |
||
10 | 3.01 |
Atualizado em 05/11/2024
Assinatura de carros tende a ser o futuro
É importante se informar sobre essa modalidade, porque ela tende a ser o futuro. Afinal, outra mentalidade que vem mudando é a de carro como bem.
Para o entrevistado, veículo como bem é uma visão que vem dos nossos pais. Porém, um carro assemelha-se mais a um produto de consumo. Ou seja, você compra, utiliza por 3-5 anos e revende ao final por um preço bem mais baixo do que pagou inicialmente.
É o mesmo que muitas pessoas fazem com aparelhos celulares mais valorizados.
Mas diferente, por exemplo, de uma casa. Quando há compra de imóvel, ele é utilizado por vários anos. E pode ser revendido, no futuro, até com valorização.
O carro, não. Ele se desvaloriza ano após ano.
Portanto, está começando a haver uma diferenciação maior entre as categorias de imóvel e automóvel. Assim, a possibilidade de assinar carros ao invés de comprá-los tem se mostrado cada vez mais atrativa.
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Novidade: lançamento de programas de assinatura nas montadoras
No país, até recentemente, programas de assinatura eram oferecidos por locadoras. Em dezembro de 2020, no entanto, a Fiat anunciou um programa de carro por assinatura.
Ou seja, são montadoras (Fiat) abrindo concorrência com as locadoras (Unidas, Movida, Localiza).
Galante compara a atuação de montadoras a navios transatlânticos: “se o motor é desligado, navegam mais 100km, 150km sem parar”.
Na prática, isso representa o seguinte: qualquer mudança feita por uma montadora, como embutir a locação, demora. Portanto, pode ser que isso não tenha impactos grandes no mercado agora, mas grandes alterações no futuro. É bom ficar de olho!
4 dicas para compra e venda de carros usados com segurança
Conheça alguns sites, empresas e formas de transferência que tornam as transações com carros usados mais tranquilas para você e para seu bolso!
1. Sites para compra e venda com boa reputação
Existem algumas plataformas online que trabalham com compra e venda segura, como:
- Webmotors e;
- Icarros.
Pois, são intermediários digitais que tentam fazer algo que antes era feito só nas concessionárias. Por meio de filtros de busca, é possível que você encontre o modelo ideal para seu perfil.
Com esses portais você consegue uma amplitude de público gigantesca nos anúncios. Pelo tamanho da procura, é possível até melhorar o preço do ativo na hora de vender.
Afinal, a conexão facilitada entre comprador e vendedor torna a transferência do automóvel mais vantajosa para todas as partes.
2. Financiamento de carros usados por meio de bancos
Um fator que dá grande segurança às transferências de veículos usados é a presença de bancos. Certamente, isso mostra evolução e amadurecimento do mercado de seminovos.
Dados mostram que 85% dos carros financiados por bancos são usados.
Dessa forma, não é possível dizer que se trata de um mercado bagunçado. Se grandes instituições financeiras estão no meio, há confiança.
Para bancos, é interessante participar do financiamento desses ativos. Afinal, trata-se de um produto já depreciado, com ticket médio (preço médio) menor. Então, empresta-se menos dinheiro, o que diminui o risco da operação.
E como isso torna tudo mais seguro? É simples: você tenta financiar um carro usado com o banco, mas ele fala: “não vou financiar esse carro para você. Pelo seu score de crédito você pode, mas esse veículo não é de qualidade”.
Percebe? Há um agente com boa reputação cuidando da qualidade do produto que é ou não financiado.
>> Conheça também o consórcio como possibilidade de compra de carros usados.
3. Laudo cautelar do veículo usado
Ponto que ainda gera inseguranças no mercado de carros usados é o medo de comprar um veículo e receber algo diferente do que foi anunciado.
É comum pessoas de gerações mais antigas relatarem problemas que tiveram com compra de seminovos, quando o mercado era menos regulado: quilometragem rodada maior que a anunciada, chassi diferente, carro batido, entre outros.
Para quem é cru em mercado automotivo, sempre há a insegurança de estar sendo passado para trás em uma concessionária ou feirão de carros usados. “Será que o carro não foi detonado antes? Isso é lataria ou funilaria?”
Porém, hoje isso já mudou. Buscando uma loja de carros usados séria, o risco é bem menor.
Por exemplo, fazer a transferência de um carro na cidade de São Paulo, agora, exige um laudo cautelar. Trata-se de um serviço de checagem no carro, feito por empresas especializadas, no processo das transferências.
Dessa forma, é possível conferir se o anúncio bate com o veículo que está sendo vendido: pneu, amortecedor, lataria, número do chassi etc.
Sem dúvidas, isso tranquiliza o consumidor.
4. Mais segurança na venda de veículos para particular
Existem pessoas que preferem vender o carro diretamente ao comprador. Isto é, sem revendedores de carros usados ou lojas no meio. Esse tipo de transferência é um pouco mais arriscado.
Para quem vende, é mais arriscado porque o cliente pode querer fazer test-drive, visitar sua residência para ver o carro. Para quem compra, existem menos certezas na qualidade do produto.
Ainda assim, já existem tecnologias para conferir maior segurança a quem prefere essa modalidade de transferência. Por exemplo:
- InstaCarro;
- Volanty.
Um exemplo de serviço oferecido é um tipo de leilão de carros usados. Com lojas em shoppings, é possível ir até o estabelecimento, colocar o carro em leilão e, enquanto passeia pelas lojas e cinemas do shopping, esperar as ofertas.
Depois de algumas horas, retornar à loja e conferir se alguma oferta agrada. Caso sim, você já deixa o veículo no local para ser vendido e volta para casa de táxi ou Uber.
Prático, não?
No meio de tantas soluções online, onde as concessionárias se situam?
Do lado do lojista concessionário, nunca foi tão difícil vender um carro.
Com a internet, é possível coletar diversas informações antes de ir às lojas físicas. Assim, consumidores podem chegar com perguntas complexas aos vendedores. Por exemplo,:
- existem resenhas online;
- fóruns de discussão e;
- diversas ferramentas para comparação.
Comumente há diálogo no nível de igualdade entre vendedor e comprador. “A compra do carro, tanto novo quanto usado, quando bem feita, é extremamente profissional”, afirma nosso entrevistado.
Percebe-se, portanto, evolução do consumidor no mercado automotivo. Galante resume-os como mais exigentes e focados.
No passado, era mais comum alguém sair em um sábado à tarde e visitar diversas concessionárias. Hoje, é mais habitual o consumidor saber o que quer antes de sair de casa.
Dessa forma, o número médio de visitas a lojas tem sido 1,7 por pessoa. Ou seja, muitos já compram na primeira. Não por aceitarem qualquer oferta, mas por pesquisa prévia na internet e com amigos.
Por que carro novo está tão caro?
O entrevistado explica que carro novo é como uma commodity. Isto é, peças são produzidas em várias partes do mundo e têm o preço cotado em dólar. É o mesmo que acontece com produtos como minério, milho e arroz.
Quando se fala que um carro novo é caro, não é exatamente isso. Na verdade, o preço de um veículo no Brasil é similar ao preço do mercado japonês, americano, europeu e outros.
Acontece que o Brasil está mais pobre.
Em 2020, a moeda que mais perdeu valor internacionalmente foi o Real. De fato, a moeda desvalorizou 30% frente ao dólar. Assim, ativos dolarizados, como carros, ficam mais caros no Brasil.
Entenda a tabela FIPE e sua relação com carros usados
A questão do valor do automóvel usado sempre foi um ponto de disputa.
- Quanto vale o carro que se dá de entrada em um financiamento?
- Quanto vale o carro que está se tentando vender?
Assim, referências são sempre questionadas, como tabelas FIPE, Molicar e outras.
Galante afirma que vender um bem é sobre expectativa: “minha casa vale R$ 1 milhão”. Mas tem gente disponível para pagar esse valor? Se não, ela não vale isso.
Um ponto comum que normatiza o mercado de carros usados é a Tabela FIPE. Ela surgiu há 20 anos, visando resolver um problema das seguradoras: precificação dos veículos que sofreram sinistro. Além disso, havia dificuldade na cobrança de IPVA pelo governo.
Ainda assim, a tabela não fechou todas as pontas. Ela dá o preço de venda nas lojas. Mas por qual preço as lojas de carros usados compram?
Quando você vende seu usado a uma loja, é normal que o valor dele seja 15% ou 20% abaixo do que está na tabela. Porque quem vai vender segundo a FIPE é a loja.
E nessa porcentagem de diferença entram os custos do estabelecimento com impostos, salário do vendedor, anúncio do carro, garantia nos primeiros três meses, estrutura da concessionária, lucro e outros.
Conclusão: vale a pena comprar carros usados?
Sim. Porém, isso depende do seu objetivo. Neste texto, o Educando Seu Bolso procurou desmistificar algumas ideias em relação ao mercado de usados.
Afinal, muitas pessoas deixam de conhecê-lo por preconceitos, principalmente vindo de gerações mais antigas. No entanto, o setor já sofreu muitas transformações positivas.
Resumindo, há boas notícias em várias frentes:
- evolução de concorrência de carros por assinatura no mercado de veículos 0km;
- melhoria de ferramentas tecnológicas dando mais segurança ao mercado de seminovos e usados e;
- amadurecimento do consumidor, que se tornou mais capaz de avaliar o custo/benefício das várias alternativas.
Ficou com alguma dúvida sobre mercado de carros bons e baratos usados? Então, comente aí embaixo!