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Como ensinar educação financeira para adolescente?

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Como ensinar educação financeira para adolescente?
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Ser pai ou mãe de adolescente é uma aventura e tanto. Não é fácil lidar com filhos que às vezes acham que sabem tudo e outras vezes agem como se não soubessem nada. Um dos vários assuntos que os pais devem abordar com os filhos adolescentes é a relação com o dinheiro, certo?

 

Pois é, eu pulei de uma vez só nesse rio. A minha filha é adolescente, de 14 anos, e veio morar comigo. Ela morava com a mãe em Conselheiro Lafaiete, uma cidade a 90 km de Belo Horizonte, por isso embora eu tenha sido um pai presente nesse tempo todo, a distância não permitia que eu tivesse contato com o cotidiano. Antes, a aventura era encontrar minha filha na outra cidade. Era um bom pedaço de chão, inclusive eu cheguei a falar sobre isso no podcast sobre quanto custa ter um carro, o meu estilo de vida mudou drasticamente por causa dessa mudança. A parte de estrada acabou, mas vem por aí muitas outras aventuras.

Para descobrir quanto custa morar sozinho confira nosso conteúdo completo.

Agora é colocar esses limites todos e lidar com esse dia a dia… Meu filho também mora comigo e aconteceu a mesma coisa há oito anos atrás. Ele morava em Conselheiro Lafaiete e veio morar comigo. Minha filha veio para cá agora para estudar, foi uma decisão em conjunto com a minha ex-esposa para que ela viesse desde 2017. Foi tudo muito bem planejado, só que treino é treino, jogo é jogo, agora é que nós vamos ver.

 

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Vale a pena dar mesada? E qual o valor adequado?

Na minha opinião, vale. Mas é preciso ver se cabe dentro da sua realidade e do seu perfil, afinal, cada caso é um caso. Se for possível, de modo geral, gosto desse esquema de mesada. Se você olhou seu orçamento e viu que dá pra combinar uma mesada, antes de pensar no valor, é preciso pensar o que essa mesada vai contemplar.

 

No meu caso, minha filha vai estudar em um colégio que tem cantina. Já até conversamos outro dia sobre a disposição dela pra levar lanche de casa. Até porque, as vezes, essa opção é mais saudável, e ela não perde tempo com fila… Ela tem disposição, já até estava acostumada a levar, mas supondo que alguns dias ela resolva comprar o lanche lá, é preciso decidir se a mesada vai bancar esse lanche. E o transporte? A mesada também vai custear?

 

Decida quais gastos a mesada vai custear

Pode ser que a mesada só contemple passeios ou uma coisinha que quiser comprar. Então é preciso fazer o cálculo: quantas vezes por semana vai passear? Quanto custa um passeio desses? Pode ser que seja R$35 ou R$40, esse valor multiplicado por quatro dá R$150 por mês, por exemplo.

 

É importante estabelecer valores e gastos e, aos poucos, ver se é preciso ajustar essas condições. Sugiro até colocar um valor mais acertado, sem sobras, de forma que se seu filho quiser comprar alguma coisa, precise abrir mão de outro gasto. Dessa forma o orçamento já pode ser gerenciado pelo adolescente, essa experiência é bastante educativa. E é importante testar, não é necessário acertar de início, o importante é começar!

 

A mesada vai ter que custear roupa? Pode ser que sim, pode ser que não, pode ser que esse seja um gasto para os pais. É uma daquelas coisas básicas da vida da pessoa. Mas se seu filho queira comprar um sapato que custe R$400 ao invés de um que custe R$100, essa compra terá que ser negociada.

 

Seja exemplo na sua família

Dar exemplo é fundamental. Mostrar que você se controla de alguma forma, seja por aplicativo, seja por anotações no caderno, o importante é mostrar coerência com seus gastos. O que exige do seu filho você também tem que fazer. É claro que os pais são os responsáveis e eles estabelecem limites, mas isso é natural dentro da estrutura familiar. 

 

É preciso que você mantenha a coerência no seu discurso e na sua prática, pra exigir isso do seu filho. Também é preciso que você oriente o adolescente, mostre que existem caminhos que possibilitam a organização financeira, pode ser aplicativo, por exemplo, essa geração lida muito bem com isso. O adolescente também pode escolher qual opção gosta mais, qual se adequa mais à necessidade dele. 

 

Outra maneira interessante que pode servir como um complemento aos exemplos mostrados dentro de casa são os eventos relacionados a educação financeira. A Semana de Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), por exemplo, tem o objetivo de ajudar a população a tomar decisões mais autônomas e conscientes. Esse evento acontece a cada ano, todo ano em todo o Brasil, e já está na sua 6° edição.

 

Como ensinar a lidar com diferentes realidades financeiras?

Minha filha vai mudar de escola, fazer novos amigos, conhecer colegas que têm acesso a mais ou menos dinheiro do que ela… Acesso porque às vezes o adolescente vem de família rica, mas vive uma realidade financeira sem muitos excessos. Ela vai conhecer pessoas diferentes, por isso precisa aprender a conviver tanto com quem ganhou um carro 0km, como com quem não tem dinheiro pro lanche. 

 

São duas realidades diferentes e é muito importante que o adolescente saiba que as coisas são assim, que o mundo é assim. Nem tudo que o outro tem nós podemos ter, e nem tudo que temos todos podem ter. Também é preciso ter noção que, às vezes, temos mais acesso a coisas que os outros e, é claro, não é preciso deixar de fazer aquilo que gostamos, mas o tipo de programa tem que ser adequado à realidade das pessoas convidadas.

 

Por exemplo, se eu convidar uma colega da minha filha para ir ao parque conosco, mesmo que o ingresso possibilite ir a todos os brinquedos, existem lojas que vendem centenas de coisas lá dentro. Alguns desses produtos são  bastante caros, imagine, comprar coisas que essa amiga da minha filha não tem acesso pode ser desconfortável… Isso não é o fim do mundo, talvez vá acontecer, mas pode ser evitado.

 

Claro que depende da pessoa e de como ela se sente: pode se sentir diminuída ou preterida de alguma forma. É uma situação complicada, é preciso avaliar cada caso para saber como agir, mas é preciso ter senso, inclusive de que o importante é amizade, diversão. Esse tipo de situação também é importante para saber os valores que está passando pros seus filhos. Responsabilidade, amizade, amor, afeto, gentileza valem mais do que qualquer bem material.

 

É importante falar “não”

Seu filho pode até querer de tudo, mas é importante falar “não”. Não dar tudo pro adolescente, o tempo inteiro, é uma oportunidade para mostrar o valor do dinheiro. Claro que ele pode ficar emburrado, fazer bico, mas nem a vida nem o mundo vão acabar por causa disso.

 

É importante que o adolescente também saiba que as coisas são assim, querer ter alguma coisa pode se tornar um fator de motivação e organização para conquistar o que se deseja. Claro que você pode avaliar se é importante ou não dar aquilo pro adolescente, depende da sua realidade financeira e dos seus valores, mas economizar demais também é desconfortável e você acaba ficando escravo do dinheiro.

 

Qual o melhor meio para dar dinheiro e controlar os gastos dos adolescentes?

No meu caso, resolvi abrir uma conta pra Sarah, minha filha, no mesmo banco que já sou cliente. Mas não pago nenhuma tarifa para fazer isso, graças a um convênio entre meu empregador e o banco. Se você não tiver esse beneficio de não pagar tarifa, existem contas digitais que podem ser uma boa opção. Inclusive, você pode descobrir qual delas é a melhor opção para o seu caso usando nosso simulador de contas digitais.

 

Essa conta que abri pra minha filha oferece cartão de débito e um cartão de crédito que é adicional ao meu, o que eu já tinha feito com o Miguel, meu filho mais velho, e deu muito certo. Tudo que ela gastar no cartão de crédito, vou ver no meu extrato, separado dos outros gastos. Inclusive se almoçar fora pode usar o cartão de crédito porque foi decidido que alimentação não será inclusa na mesada. Mas, se quiser comprar alguma coisinha que seja da decisão dela, da escolha dela, isso será descontado da mesada.

 

Dê liberdade para o adolescente (mas com controle)

Usar cartão de crédito e débito é uma solução prática e que também é bastante educativa. Assim você pode soltar um pouco a corda e ver o que acontece. Afinal, é como diz o ditado: se você quer conhecer uma pessoa, dê poder e liberdade pra ela.  Isso é até interessante, no meu caso, minha própria filha ainda não se conhece. Quando perguntei quanto achava que seria um valor bom para mesada, ela respondeu que não fazia ideia. Nesse caso, vou estabelecer um valor, vemos se é o adequado, estabelecemos limites, e ajustamos, se for necessário.

 

Pretendo almoçar com eles todos os dias, por exemplo, mas é claro que, eventualmente, isso não vai acontecer. Pode ser que minha filha precise almoçar fora, então o valor gasto não será descontado. Mas agora onde ela vai almoçar, deve ser decidido por ela. Se ela resolve não almoçar no restaurante perto do colégio, que com R$15, R$20 dá pra almoçar, e decide comer com as coleguinhas em um restaurante mais caro, e o custo fica R$50, é preciso ver a necessidade disso… Ou seja, é preciso dar liberdade e ir limitando. Claro que essa é a minha experiência pessoal, e não existe fórmula mágica para educar financeiramente o seu filho adolescente. É importante decidir o que é importante no seu caso e adequar essas dicas para sua realidade, ok?

 

Transporte também deve estar na mesada?

Quando Miguel, meu filho mais velho, começou a sair mais, foi quando surgiu o Uber e começou essa onda de aplicativo de transporte. Às vezes ele pegava Uber, às vezes, pra economizar, ele saía a pé ou pegava ônibus. Mas isso gastava muito tempo dele e era inseguro: ele chegou até a ser assaltado… Por isso decidi, de acordo com essa necessidade dele, liberar o uso do transporte no cartão de crédito ao invés de aumentar a mesada.

 

Ficou decidido que ele poderia usar a vontade, mas com moderação. Se houvesse algum abuso, nós teríamos que conversar e colocar limites mais claros, rever as condições. Mas isso nunca foi um problema, ele usa com muita moderação, de forma muito consciente. Existe uma comunicação da parte dele, avisa pra onde vai, explica por que vai pegar Uber ou por que decidiu ir de ônibus, a pé, de carona… Foi uma experiência que deu super certo. Também era meu interesse que ele andasse mais seguro…

 

Por outro lado, se eu aumentasse a mesada, o que poderia ter acontecido? Ele poderia ter usado esse dinheiro para gastar com algo que tivesse mais prioridade pra ele, e continuaria correndo risco. O sacrifício não adiantaria nada. Por isso eu decidi colocar assim, e poderia ter colocado outros tickets no mesmo esquema, como alimentação, por exemplo. Mas, no caso da Sarah, essa situação também é diferente…

 

Filhos diferentes, realidades diferentes

Não quero entrar em discurso de gênero, mas infelizmente, sendo ela menina, existem mais ricos aos quais está exposta: é a nossa realidade. Nada pessoal contra Uber, até estão começando a surgir opções que são específicas para mulheres, mas acho o táxi mais fiscalizado: os motoristas passam por um escrutínio mais cuidadoso… Particularmente, me sinto mais seguro se ela andar de táxi do que de Uber, mas isso é a minha realidade.

 

Claro que táxi não precisa ser a regra: quando der pra eu levar, posso levar. Outra opção é estabelecer um esquema de carona com outros pais. Agora que Sarah vai mudar de escola, vai fazer amizades mais constantes, algumas amigas vão começar a ir lá em casa, ela também vai na casa de outras amigas… Vou acabar conhecendo os pais delas, e por isso vou poder fazer um rodízio de caronas. Ainda mais esse ano em que a Sarah vai fazer 15 anos, as colegas também, então vão ter muitas festas e esse esquema de carona com os pais amigos pode funcionar.

 

Ser pai é padecer no paraíso, mas vale a pena!

Ser pai de filho adolescente nem sempre é fácil, mas é muito prazeroso e divertido, estou vivendo momentos ótimos junto com meus filhos. Se você vive uma situação parecida na sua casa, é pai ou mãe de filhos adolescentes, não se esqueça de que cada caso é um caso… A forma como você vai tratar a organização financeira do adolescente deve ser adequada à sua realidade, é claro, mas é preciso tratar desse tema.

 

É bom relembrar que você deve ser o exemplo: não adianta querer que seu filho coma maçã se você nunca faz isso, certo? Se você tem dúvidas sobre planejamento e organização financeira, fique por dentro de todas as dicas do Educando seu Bolso no Twitter, Facebook e Instagram. Consulte também os nossos simuladores, eles podem te ajudar muito na hora de tomar uma decisão financeira, como pegar ou não um empréstimo, por exemplo. Sinta-se à vontade também para sugerir temas de artigos nos comentários, assim nós podemos te ajudar ainda mais a organizar sua vida financeira, e da sua família, é claro.  

 

2 comentários

  • Boa noite,

    Gostei do seu site, parabéns.
    Estou com uma dúvida, vou comprar um apartamento através de permuta e financiamento imobiliário e como já tenho imóvel, só poderei sacar o fgts para reduzir o valor da prestação após a concretização da operação. A principio a prestação ficará muito alta, você acha boa a opção.

    Responder
    • Olá, Wellington, obrigado pela sua mensagem.

      Bem, eu precisaria de mais informações para dar uma opinião mais certeira. Mas se você diz que a prestação ficará “muito alta”, isso é mau sinal. Mesmo que a taxa de juros seja baixa, se a prestação for muito alta para seu orçamento, então parece uma opção um pouco arriscada…

      Responder

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