Cada vez mais, a mulher tem conquistado espaço no ambiente empreendedor brasileiro. Apesar disso, são apresentados desafios adicionais ao empreendedorismo feminino, como falta de acesso a crédito e remuneração mais baixa.
É o que mostra um relatório publicado pelo Sebrae em 2019, em parceria com a Global Entrepreneurship Monitor (GEM). Nesse estudo, vemos, também, que o Brasil tem a sétima maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais do mundo.
São mais de 24 milhões de empreendedoras pelo país.
Neste texto, vamos dar luz a alguns dados do empreendedorismo feminino nacional. Ainda, discutir as principais barreiras enfrentadas pelas mulheres, bem como propor soluções para a reduzir a desigualdade de oportunidades.
No podcast que acompanha este texto, batemos um papo com Daniela Lana, gestora da carteira de microcrédito do Banestes. Com vasta experiência em atender mulheres empreendedoras, ela trouxe informações importantes sobre o tema. Confira!
O que é empreendedorismo feminino?
O conceito empreendedorismo feminino está ligado a características comuns à rotina de mulheres que empreendem, como:
- formas específicas de gestão do negócio e;
- desafios que, normalmente, competem só à mulher (e não ao homem).
Logo, não é uma conversa apenas sobre gênero.
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Há uma data mundial para discutir o tema. Instituído pela ONU, 19 de novembro é o dia do empreendedorismo feminino.
Pois, um momento para enaltecer conquistas femininas na trajetória profissional.
Afinal, as últimas décadas integraram, crescentemente, a mulher ao mercado de trabalho. Também, aumentou a independência financeira dessas mulheres. E mais delas assumiram o posto de donas do negócio.
“A importância do empreendedorismo feminino na sociedade brasileira” é até mesmo tema de redação.
Desafios do empreendedorismo feminino no Brasil
Segundo o Sebrae, “Empreendedorismo é a capacidade que uma pessoa tem de identificar problemas e oportunidades, desenvolver soluções e investir recursos na criação de algo positivo para a sociedade”.
Ou seja, é um termo abrangente. Via de regra, chamamos de empreendedores aqueles que desenvolvem e criam negócios.
E isso inclui uma série de categorias profissionais: comércios varejistas, cabeleireiros, marmiteiros, fotógrafos, reparadores de automóveis e centenas de outras.
Empreender é tomar frente desses negócios, mobilizando capital, produzindo bens e serviços e gerando emprego e renda. Assim, impulsionar a economia por meio de serviços e produtos para atender necessidades do mercado.
“Empreender, por si só, é desafiador” afirma Daniela. Porém, para a mulher ainda existem dificuldades adicionais. Conheça cinco delas abaixo.
1. Barreira cultural e preconceito
Um relatório feito pela consultoria Kantar mostrou que 59% dos brasileiros não se sentem muito confortáveis com uma mulher CEO, o cargo mais alto de liderança em uma empresa.
Enquanto a desconfiança da população é grande, uma pesquisa da consultoria McKinsey, realizada com mais de mil empresas em 12 países, revelou que haver mulheres em cargos de liderança aumenta em 21% as chances de uma empresa ter desempenho financeiro acima da média.
Outro ponto relevante é a remuneração. O estudo do Sebrae apresentou que, embora empreendedoras brasileiras tenham um nível de escolaridade 16% superior, elas ganham 22% menos que os homens.
Remuneração média:
- Homens: R$2344.
- Mulheres: R$1831.
Parte disso está relacionada ao tempo menor que elas têm para se dedicar ao negócio, como será apresentado no próximo tópico.
Mas, também, há preconceito: “até mesmo alugar um ponto de loja não é visto da mesma maneira para mulheres e homens”, afirma a gestora.
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2. Equilíbrio entre vida doméstica e vida profissional
Em muitos lares não há equilíbrio na divisão de tarefas domésticas, como limpeza, preparo de alimentos e cuidado de crianças e idosos.
Pois, as mulheres dedicam um tempo maior a essas atividades, como pode ser verificado no infográfico abaixo.
Assim, a mulher tem tempo disponível mais limitado, o que se mostra um desafio para o negócio prosperar.
É comum haver mulheres com até quatro jornadas. Isto é: (1) trabalhar em uma empresa, (2) cuidar da casa, (3) cuidar dos filhos e, ainda, (4) dedicar tempo ao empreendimento próprio. Tudo ao mesmo tempo.
Por esse motivo, a mesma pesquisa do Sebrae nos mostrou que elas dedicam até 18% horas a menos ao empreendimento. Além disso, é 40% menor a taxa de mulheres que iniciam como empreendedoras e efetivamente tornam-se donas de negócio, em relação aos homens.
3. Acesso ao crédito no Brasil
Sem dúvidas, a dificuldade em acessar crédito é um dos principais gargalos para o crescimento das empresas no Brasil.
Segundo o Sebrae, as empreendedoras têm taxas de inadimplência menor (3,7% das mulheres contra 4,2% dos homens) e, mesmo assim, pagam mais nos juros de crédito.
Ou seja, o mercado de crédito é ainda mais árido para as donas de negócio, porque apresenta a elas ofertas piores.
No seu trabalho no Banestes, Daniela tem relação próxima com mulheres empreendedoras. Para ela, a principal justificativa para esse número é a falta de orientação e educação financeira adequada entre o público feminino.
“O mundo do dinheiro ainda é muito masculino, e isso precisa mudar”, completa.
4. Dependência financeira da mulher
Entre as mulheres, é maior a porcentagem de pessoas que empreendem por necessidade, aponta o estudo do Sebrae. Isto é, para garantir o sustento da família.
Não somente, ainda há muita dependência financeira das esposas em relação aos maridos. E isso pode gerar quadros de vulnerabilidade social dentro de casa.
Mesmo que a mulher empreenda, muitas seguem vinculadas ao dinheiro dos esposos. Para a entrevistada, é importante que elas busquem independência econômica.
Isso permite a elas maior autonomia nas tomadas de decisão do negócio.
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5. Faltam lideranças femininas
Segundo números do Bid e do Instituto Ethos, apenas 13,6% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres nas 500 maiores empresas brasileiras. E, dentre elas, apenas 1,6% são mulheres negras.
Esses dados nos mostram a enorme desigualdade que existe no mercado de trabalho.
Ainda, estamos falando de falta de representatividade. Isto é, empreendedoras de sucesso em que as mulheres possam se inspirar e se identificar nas histórias de vida.
Características próprias do empreendedorismo feminino
Pois é, o número de desafios é grande.
E o que explica a boa performance de empresas lideradas por mulheres? A entrevistada listou algumas características comportamentais típicas de empreendedoras que as beneficiam, como:
- Tendência maior de reaplicar o capital na família e no negócio: investindo na educação dos filhos e na prosperidade do empreendimento com geração de empregos.
- Mulheres empregam mais mulheres: o que alimenta o ciclo de renda fluindo entre elas.
- São mais cautelosas e organizadas.
- Elas têm inteligência emocional mais desenvolvida. Isso envolve características como: empatia, gestão de conflitos e trabalho em equipe. (Segundo estudo global realizado pelo Hay Group).
“Elas acreditam muito no negócio delas, (…) têm um propósito”, afirma.
Como superar os desafios impostos ao empreendedorismo feminino?
Com certeza, o ponto mais importante é a educação financeira. Nisso concordamos, tanto a Daniela quanto o Educando Seu Bolso.
Orientação financeira de qualidade permite que as mulheres se apoderem de suas decisões com o dinheiro. Assim, escolhendo o melhor para suas vidas e para o crescimento do negócio.
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Esferas da educação financeira para buscar
Veja alguns fatores que auxiliam na melhor gestão do empreendimento.
- Gestão do negócio: orçamento, fluxo de caixa, descobrir onde é possível cortar custos ou ampliar. É necessário ter um planejamento definido e entender que não se abre um negócio da noite para o dia.
- Propósito e estratégia: a mulher deve buscar responder a algumas perguntas:
– O que é o meu negócio?
– Para quem ele é?
– Qual é o propósito?
Assim, é possível fazer esforços mais direcionados ao objetivo que se busca alcançar. - Marketing no empreendedorismo feminino: como vender? Como fazer o produto chegar até o cliente da melhor forma? Como apresentá-lo no meio digital? Existem milhares de dicas gratuitas na internet sobre o tema.
- Conhecimento de mercado: é preciso estar antenada às inovações do mercado. Também, isso permite que você compare empresas, podendo negociar condições comerciais com o fornecedor, escolher a melhor máquina de cartão, melhor conta digital entre outros.
- Fortalecer o comportamental: como apresentamos, as mulheres têm algumas características de comportamento que as ajudam a fazer os negócios prosperarem. Portanto, é importante fortalecê-los. Na internet é possível encontrar cursos de inteligência emocional gratuitos, por exemplo.
Daniela cita duas iniciativas do seu estado, Espírito Santo:
- Agenda Mulher: é um programa gerido pela Vice-Governadoria do ES (temos uma vice-governadora mulher!) para empoderar e dar visibilidade às mulheres através do empreendedorismo, oferecendo e cursos,ormações e qualificações diversificadas sobre o tema.
- Crescemos Juntas: por meio do microcrédito orientado. Há mentoria com parceiros locais, institutos e ONGs. Com o aprendizado, são abertas às empreendedoras linhas de crédito especiais, com condições facilitadas de pagamento de taxa de juros.
Veja canais para acessar educação financeira de qualidade
Os conhecimentos podem ser acessados por diversos meios: virtuais ou presenciais, gratuitos ou pagos.
- Blogs: como o Educando Seu Bolso!
- Políticas públicas: apoio ao empreendedorismo feminino por meio de entidades governamentais.
- Redes sociais: Instagram, LinkedIn de mulheres de sucesso para se inspirar.
- Cursos: para ter trilhas de aprendizado completas.
- Ferramentas: de planejamento e gestão.
- Mentorias: redes de consultorias e mentorias gratuitas, com vinculação prática ao cotidiano.
- YouTube e podcasts: canais sérios que passam informações de qualidade.
Entre diversos outros: livros, filmes, palestras e mais!
Confira perfis no Instagram sobre empreendedorismo feminino
Mulheres empresárias compartilham suas rotinas e dicas gratuitamente nas redes sociais. Muitas começaram pequenas, cresceram e contam experiências pessoais.
Outras criaram iniciativas para fornecer educação financeira e mentorias a mulheres. Conheça algumas sugestões:
- @empreedework: maneiras de destacar o negócio no meio virtual.
- @_manapreta: dicas de marketing digital para afroempreendedoras.
- @guriasdomarketing: trata de gerenciamento de redes sociais.
- @movinggirls: dicas, e-books, cursos e mentorias.
- @mulheresceo: conteúdos para mulheres alcançarem seus sonhos.
Conclusão: por que é fundamental estimular o empreendedorismo feminino?
52% da população brasileira é composta por mulheres. Dessa forma, dar apoio ao empreendedorismo feminino é, também, estimular a economia e qualidade de vida nacionais.
Para mais, a educação financeira do país é deficiente. Logo, iniciativas que fomentam uma boa orientação financeira têm impactos positivos em todos os aspectos: crescimento do negócio, prosperidade, longevidade, independência do bolso.
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Finalmente, sabemos que o acesso a boas informações financeiras não está disponível a todas as pessoas. No Brasil, muitas famílias carecem de acesso à internet.
Mulheres periféricas, muitas vezes, não têm acesso às informações com a mesma facilidade. A entrevistada sugere institutos e ONGs que apoiam essas empreendedoras, que estão espalhadas por todo o país.
“Você, mulher empreendedora, é uma potência”, finaliza Daniela.
Sobre o Banestes: Com uma base de mais de 1 milhão de clientes, o Banestes (B3: BEES3, BEES4), sociedade anônima de capital aberto e de economia mista, criada em 1937, é um banco múltiplo controlado pelo Estado do Espírito Santo e um dos mais importantes agentes de crédito do Estado. Em seus 83 anos de história, contribui decisivamente para o desenvolvimento socioeconômico local e compõe, com mais três empresas (Banestes Seguros S.A., Banestes Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. e Banestes Administradora, Corretora de Seguros, Previdência e Capitalização Ltda.), o Sistema Financeiro Banestes (SFB). Oferece um portfólio completo de soluções, produtos e serviços financeiros aos seus clientes e detém a maior rede bancária do Estado do Espírito Santo, sendo o único banco com agências em todos os 78 municípios capixabas.
Ficou com alguma dúvida? Então, comenta aí embaixo!