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Mulheres empreendedoras e desenvolvimento

Educando Seu Bolso
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Mulheres empreendedoras e desenvolvimento
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Países que têm leis que protegem as mulheres contra o assédio são também aqueles em que elas são mais ativas economicamente. Este foi o tema da nossa conversa com Pedro Vieira, da Rádio Inconfidência, no programa Em Boa Companhia desta semana.

Lugares em que as mulheres têm segurança para exercer sua cidadania são mais propícios para o surgimento de mulheres empreendedoras, mulheres bem colocadas profissionalmente e com maior participação na economia.

Este assunto foi o foco de um artigo escrito por três economistas – mulheres – do FMI. Ou melhor, duas economistas, Corinne Deléchat e Monique Newiak, e Christine Lagarde, advogada, cientista política e, principalmente, diretora geral do FMI.

 

Proteção social e inclusão financeira

O estudo mostra que, de modo geral, as mulheres têm menos acesso a produtos e serviços financeiros do que homens. E essa diferença é ainda maior em países emergentes ou em desenvolvimento.

Nesses locais, as mulheres chegam a ter 14% menos acesso a serviços financeiros! O gráfico mostra a situação, comparando a região mais pobre da África, os países em desenvolvimento e o mundo como um todo.

mulheres empreendedoras

As pesquisadoras foram mais fundo para buscar explicações para isso, ou, pelo menos, para buscar outros fatos que andam lado a lado com este.

E concluíram que, mesmo em países e regiões em desenvolvimento ou emergentes, o acesso a produtos e serviços financeiros é maior quando há proteção jurídica. Na África Subsaariana esta diferença chega a 25%!

Dita assim, essa conclusão pode parecer óbvia. Alguém poderá dizer que o maior número de mulheres empreendedoras nesses países não é PORQUE existem leis contra o assédio.

E sim porque são países mais ricos. E, por isso, são econômica e socialmente mais avançados. E, POR ISSO, lá existem tanto leis mais avançadas conta o assédio, quanto um maior número de mulheres empreendedoras.

Pode ser. Parece até o desafio da propaganda daquela antiga marca de biscoitos. É mais fresquinho por que vende mais, ou vende mais porque é mais fresquinho?

Neste momento, isto é de menor importância. Porque os objetivos do artigo são outros, muito além de explicar causa e efeito do fenômeno.

>> Leia também nosso artigo sobre empreendedorismo feminino!

 

Toda a economia ganha com a igualdade

Um dos objetivos, por exemplo, é mostrar como o país pode ganhar economicamente quando combate a desigualdade entre gêneros e protege as mulheres contra a violência e o assédio.

Na mesma semana em que foi publicado o artigo, o FMI divulgou também um estudo sobre a Nigéria. Nele, fica claro que a redução da desigualdade de gênero pode aumentar o crescimento do PIB em mais de 1 ponto percentual por ano.

A partir daí, a entidade recomendou medidas como o fortalecimento das leis, especialmente em proteção às mulheres, e o investimento em infraestrutura, saúde e educação. Junto disso, o FMI recomenda também – não apenas para a Nigéria – políticas para incentivar a participação das mulheres na economia, como assistência às crianças, inclusive com investimentos em transporte público e creches.

“Ora”, dirão alguns, “mas o respeito às mulheres deve ser um objetivo de toda a sociedade por razões humanas, não econômicas”. Está certo, claro.

Mas repare bem nas mensagens que você ouviu nesta semana, em razão do dia internacional da mulher. De modo geral, elas falam em proteção, em combate à violência, ao desrespeito, ao assédio sexual e moral, à igualdade.

Tudo isso também não parece óbvio? Quem vai, em sã consciência, dizer que isso não é importante, e que não são problemas reais?

Acontece, amigo, que nesse mundo maluco, o óbvio precisa ser dito. E repetido, mais e mais vezes, porque o problema é realmente grave, e ainda tem muito para avançar.

 

O jeito FMI

E este é o “jeito FMI” de abordar as questões. Pela via da economia. Outras instituições vão abordar o problema de outras formas. Então, até você, que torce o nariz para o FMI – e razões não faltam para isso – há de convir que todo argumento a favor é bem vindo neste momento.

Então o FMI mostra, com números e pesquisas sérias, com pesquisadoras do mais alto gabarito, que proteger as mulheres é bom para a economia.

Quem sabe assim, os governantes de países que se preocupam mais com a economia do que com questões humanas, não se veem motivados a agir? O importante, neste momento, é agir.

Repare bem nas recomendações do FMI. Incentivar a participação das mulheres na economia e o surgimento de mulheres empreendedoras por meio do combate ao assédio e à violência, e do estímulo ao investimento em transporte e bem estar das crianças.

As coisas estão todas ligadas. Economia e bem estar.

“Mas por que o cuidado com as crianças é considerado uma política de apoio às mulheres? Isto não é interesse também dos homens, isto é, dos pais dessas crianças?”

É, sim, claro. No mundo ideal. No mundo real, infelizmente, o cuidado com os filhos ainda é considerado algo mais das mães do que dos pais.

 

O papel da mulher

Isto me faz lembrar do nosso presidente Michel Temer. No ano passado, no dia internacional das mulheres, o presidente fez um discurso que ficou famoso.

Temer ressaltou o papel da mulher no lar, nos afazeres domésticos e na educação dos filhos. Quando trouxe a economia para o discurso, o presidente ressaltou que o papel da mulher na economia é perceber o aumento dos preços na hora de fazer compras.

Evidentemente, o mundo veio abaixo. Foi acusado de reforçar um discurso retrógrado que limita o papel da mulher na sociedade ao lar. As críticas fazem sentido.

No mundo todo – e no Brasil, particularmente – segmentos importantes da sociedade têm lutado para reforçar a importância de legitimar o papel da mulher em todos os lugares da sociedade, especialmente naqueles em que a participação dos homens é historicamente maior.

Exemplos não faltam. Na política, nas empresas, na imprensa, nos esportes.

Dados não faltavam ao presidente. O IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – havia divulgado dias antes estudo que mostrava que as mulheres seguiam ganhando menos que os homens, mesmo quando ocupam os mesmos cargos.

Mesmo que tenham mais escolaridade. Em um discurso de poucos minutos, o presidente poderia ter preferido mostrar esse lado da questão.

 

Nossa experiência

Bem, vou tentar defender o lado positivo do discurso do presidente… O que ele falou pode até não contribuir para diminuir o problema, mas não está totalmente descolado da realidade atual.

Nesses mais de quatro anos de Educando Seu Bolso, tivemos oportunidade de conhecer de perto e ajudar muitas famílias. Em muitos casos percebemos que a mulher era a responsável pelo equilíbrio financeiro da família.

Enquanto o homem às vezes adotava uma postura mais ousada, quase irresponsável, a mulher enxergava coisas que ele não enxergava sobre a realidade das coisas, do dia a dia.

Bem, a natureza não dá saltos. As sociedades também não costumam dar. Por isso, um caminho para tornar nossa sociedade mais igualitária entre os gêneros pode ser, justamente, aproveitar traço da herança machista como elemento de transformação.

Vou explicar melhor. Um dos caminhos da transformação da nossa sociedade pode ser estimular as mulheres empreendedoras.

 

Mulheres empreendedoras

Pequenos negócios são mais fáceis de serem criados.

Para pessoas com poucos recursos – tempo, dinheiro, espaço – pode ser uma forma de conquistar profissão, renda, dignidade, independência. Já falamos tanto sobre empreendedorismo aqui no blog, hoje propomos lançar este novo olhar sobre o assunto.

Às vésperas do dia internacional da mulher em 2017 foram divulgados números sobre mulheres empreendedoras. Segundo a Global Entrepreneurship Monitor (GEM), entidade que pesquisa o empreendedorismo no mundo, mais da metade dos empreendedores que iniciaram negócios em 2014 são mulheres.

Enquanto isso, aqui no Brasil, o Sebrae divulgava que o número de mulheres empreendedoras havia aumentado 34% nos últimos anos.

Segundo o estudo, 40% dessas mulheres empreendedoras têm menos de 34 anos. A maior parte desses negócios são de setores simples, como restaurantes, cabeleireiros e cosméticos, e 35% dos negócios funcionam dentro da própria casa das empreendedoras.

Pode parecer pouco, mas é um começo. E, na mesma época, o CNPq divulgou que o número de bolsas de estudo – entre iniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doutorado e estímulo à inovação – concedidas a mulheres mais que dobrou em 15 anos. Dá para perceber que, aos poucos, as coisas vão caminhando em diferentes frentes?

 

Várias frentes

Pois é. Acho que este é o moral da história. A conquista da igualdade entre os gêneros é uma luta em várias frentes. Por um lado, há que se mudar as políticas, como destaca o artigo do FMI.

Criação e aplicação de leis firmes que garantam os direitos e a proteção das mulheres. Por outro lado, há as campanhas de vários segmentos da sociedade, denunciando e recriminando o desrespeito.

E, pelo lado de dentro, iniciativas eficazes e eficientes, como o estímulo às mulheres empreendedoras, à reconquista da dignidade e da independência pelo trabalho.

Nós, do Educando Seu Bolso, acreditamos muito no empreendedorismo e no acesso aos produtos e serviços financeiros. Para isso oferecemos nosso Comparador de Contas Digitais e o Simulador de Investimentos em Renda Fixa.

E, sobretudo, trabalhamos muito pela igualdade e pela inclusão. Parabéns às mulheres empreendedoras, às trabalhadoras, às batalhadoras, às mães, às filhas, a todas. Feliz dia da mulher, todos os dias!

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