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Novos hábitos

Eu invento coisas e não paro de sonhar
Sonhar já é alguma coisa mais que não sonhar
(Fernando Brant, “Vevecos, panelas e canelas”)

Você precisa gastar menos neste fim de ano.

Não, eu não errei a pontuação da frase. Isso não foi uma pergunta, foi uma afirmação. No mínimo, numa suposição, eu poderia dizer: “Você provavelmente precisa gastar menos neste fim de ano”.

Não falo simplesmente de recessão, desemprego, nada disso. Falo de consumismo. Assim, mesmo que a crise econômica não esteja te afetando, é possível que você também precise gastar menos.

O ano está acabando, faltam 10 semanas para o natal, já percebeu? Daqui a pouco começam as campanhas publicitárias, tentando te convencer a demonstrar seu valor e seu amor por meio de presentes para as pessoas queridas. E lá vai você, fazer sua listinha de compras, suas incursões aos shopping centers.

Quando entro nesse assunto, eu não ignoro o dilema no que estou dizendo. Eu adoro ganhar presentes e presentear. Eu sei que muita gente trabalha com comércio e depende das vendas para ter sua renda, que isso faz a economia girar. Sei disso tudo.

Mas sei também que nós erramos a mão no consumo, produzimos muito lixo, descartamos aparelhos seminovos, construímos prédios que destroem mananciais de água.

Consumir menos faz bem para o bolso. Mas mesmo que não tem problemas com o bolso pode refletir sobre seus hábitos, os exemplos que vem dando, as consequências do seu estilo de vida.

Trago aqui três casos, sem conexão entre si, apenas para ajudar na reflexão:

  • Recentemente, houve aqui em Belo Horizonte uma feira de trocas de brinquedos. Essas feiras são muito interessantes. Dá para ensinar várias coisas à criança: reconhecer que tem brinquedos que um dia foram seu objeto de desejo e que, pouco tempo depois, já não lhe interessam; desapegar-se desses brinquedos; interagir com outras crianças; negociar as trocas pelo valor de uso dos brinquedos, e não pelo valor financeiro – nesse ponto os pais precisam se conter e permitir que a filha troque o Furby Boom que custou R$ 400, e que hoje está juntando ácaros, por um brinquedo mais barato, que lhe interessa.

Já pensou em promover uma feira de trocas – não só de brinquedos, de objetos em geral, inclusive para adultos – no seu condomínio, no seu trabalho, na escola do seu filho, no seu clube?

 

  • Um presente bem bacana que certa vez ganhei de aniversário foi um CD usado. Meu primo me deu um belo “Emerson, Lake & Palmer”. O CD parecia novo, ele não ouvia mais, imaginou que eu iria gostar – acertou –, embrulhou o presente e me deu, com um belo cartão.

Já pensou em procurar objetos que você tem, que usa pouco, estão em bom estado – CDs, livros, enfeites – e presentear alguém com quem eles combinem?

  • Um amigo meu descobriu recentemente que tem talento para fazer pães e bolos. O que começou como uma terapia virou uma forma de presentear a família e os amigos.

Já pensou em fabricar presentes? Exclusivos sachês, caixas decoradas, porta-retratos, doces, brownies.

Não estou sugerindo que o leitor faça tudo isso. Eu mesmo não sei se vou fazer. Estou apenas sugerindo a reflexão.

Sei que muitas pessoas – crianças, especialmente – esperam pelo natal para ganhar aquele presente. Não é fácil mudar, de uma hora para outra, um hábito que existe desde que nascemos, e que todo mundo pratica, já é cultural. Sei também que muita gente depende do comércio para sobreviver e aguarda ansiosamente pelas vendas de natal, ainda mais num ano de crise. Esse é um dilema: a economia precisa girar. Mas a esse custo social e ambiental?

Não é meu objetivo desanimar ninguém. Aqui gostamos de propor reflexões e soluções. Curta seu final de ano, esteja perto de pessoas queridas, permita a elas e a si mesmo alguns prazeres que o dinheiro pode comprar. Mas, principalmente, cultive sua paz de espírito, valorize aquilo que realmente importa.

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