O que é inflação?
Segundo o dicionário Dicio (Dicionário Online de Português), inflação é um substantivo feminino, tem como separação silábica in-fla-ção, tem como plural inflações, tem como sinônimos presunção, pretensão, inchação e intumescimento e tem como antônimo deflação, origina-se do latim inflatĭo.onis e tem os seguintes significados:
- Aumento geral, sistemático e contínuo dos preços que, juntamente com a diminuição do poder aquisitivo da população, provoca uma enorme desvalorização do dinheiro.
- Inchação; aumento do ou acréscimo no volume de; ação ou efeito de inflar.
- [Figurado] Presunção; ausência de simplicidade, de modéstia; excesso de vaidade: inflação de qualidades.
- [Por Extensão] Exagero que causa desvalorização; excesso sem justificativa: inflação de médicos.
Muito vago, não é mesmo? De uma forma mais simplificada, inflação refere-se a um aumento duradouro e de todos os preços na média. Isto é, quando os preços das coisas aumentam de modo generalizado. Existem alguns tipos de inflação, ou seja, como o aumento de preços se origina. Os principais tipos são:
- Inflação de demanda: Quando há um aumento na procura dos bens sem que tenha uma contrapartida de oferta.
- Inflação de oferta: Quando o aumento de preços se dá devido a reduções da oferta de produtos e/ou serviços.
- Inflação de custos: Quando o aumento dos preços se origina devido ao aumento de fatores ligados ao produto. Pode se dar pelo aumento das matérias-primas, taxas de juros, salários, energia e tarifas públicas.
- Inflação estrutural: Quando o aumento de preços se dá pela ineficiência da infraestrutura da economia como um todo. Exemplo: estradas em péssima conservação gerando aumento de preços dos alimentos.
- Inflação inercial: Quando o aumento de preços é autoalimentado pelo histórico de períodos anteriores com objetivo de proteção de uma inflação crônica.
A inflação em 2017
A inflação oficial do Brasil em 2017, segundo o IBGE, fechou em 2,95%, valor este, abaixo do piso da meta, de 3%. Em 2018, até março, o índice acumulado nos últimos 12 meses, está em 2,68%. E, a meta é 4,5%. Desde que o regime de metas foi criado, em 1999, esta é a primeira vez que acontece. Mas, apesar desta notícia ter sido amplamente comemorada pelo Governo Federal e pelos meios econômicos, muitas pessoas não sentem no bolso na mesma proporção. E, essa sensação das pessoas gera até uma suspeita de que os cálculos feitos pelo IBGE estariam incorretos ou até mesmo tendenciosos.
Mas, o que houve, de fato, foi uma redução da inflação! E, reduzir a inflação não é sinônimo de deflação! Assim, não estamos falando de uma queda de preços e sim, de um aumento de preços mais moderado. Importante ter isso em mente!
O IPCA
Como dissemos neste outro post, o índice de inflação oficial do Brasil é o IPCA. Significa Índice de Preços ao Consumidor Amplo. O objetivo deste índice é medir a inflação das famílias com renda entre 1 e 40 salários mínimos das seguintes regiões metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, Brasília e Goiânia. O IPCA é composto por uma cesta muito ampla de produtos e serviços com os seguintes pesos:
Item |
Peso |
Alimentação e Bebidas |
23,12% |
Transportes |
20,54% |
Habitação |
14,62% |
Saúde e Cuidados Pessoais |
11,09% |
Vestuário |
6,67% |
Comunicação |
4,96% |
Artigos de Residência |
4,69% |
Educação |
4,37% |
Fonte: Portal Brasil
E, de onde vem esses percentuais? Eles são gerados com base nos valores de despesa obtidos na Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF. Os pesos dos percentuais são atualizados de forma a refletir a participação relativa do valor da despesa de um item consumido em relação à despesa total dos produtos e serviços no orçamento das famílias.
Assim, o IPCA é uma média dos preços nestas regiões metropolitanas e que tem percentuais obtidos com base numa pesquisa que trás os resultados de como as pessoas gastam.
Os motivos de não vermos o índice no nosso bolso
Por refletir um perfil de consumo médio, o IPCA pode não refletir a inflação do seu bolso. Se a sua cesta de consumo estiver pendendo, por exemplo, para a educação, sua inflação individual será alta e o IPCA, pela educação ser apenas 4,37% do índice, não terá tanto impacto.
Cada família sente de forma diferente, dependendo do grupo social e da renda, o aumento de preços. Voltando à educação: em todos os anos no mês de janeiro, famílias que têm filhos na escola sentem o impacto inflacionário de forma mais forte devido ao aumento das mensalidades, dos materiais escolares, da van que faz o transporte, por exemplo.
Na economia, é normal que os preços subam e caiam. Isso faz parte da sua própria dinâmica. Uma das formas mais fáceis de percebê-la é observar os produtos agrários. Sempre que vamos aos mercados e sacolões, percebemos as frutas, legumes e verduras “dá época”. Isso significa que é a safra daqueles produtos, ou seja, há mais produtos daquela espécie disponível no mercado. Essa abundância faz com que os preços caíam. Isso nada mais é que a “mão invisível”, termo introduzido economista escocês e pai da economia moderna Adam Smith (05/06/1723 – 17/07/1790) no livro “A Riqueza das Nações” (1776). A “mão-invisível” nada mais é do que conhecemos como a “lei da oferta e da procura”.
Assim, o IPCA (ou qualquer outro índice de preços como o IGP-M) é uma composição de preços. Quando o Governo Federal e os meios econômicos comemoram um percentual de 2,95% em um ano, o que de fato está ocorrendo é que estamos tendo preços mais estáveis no tempo. Um percentual como este nos trás a situação de que os 373 produtos, na média não subiram tanto como em anos anteriores.
Os problemas percebidos no IPCA
Na composição de cada índice de inflação, e tratando o IPCA como nosso exemplo, existem produtos que têm livre concorrência. Repare que os preços dos produtos não controlados, principalmente os que vemos nos supermercados e nos hortifrútis, variam no tempo, porém, tendem a ter uma inflação mais controlada (exceto em períodos de escassez muito grande ou quando ocorrem problemas ambientais – muita chuva, seca, granizo, pragas). O maior problema está nos preços administrados, aqueles que o governo tem grande impacto sobre eles. Exemplos são os combustíveis (através da Petrobrás), tarifas públicas como os serviços de água e esgoto, energia elétrica e gás.
Em alguns momentos tentando “fazer política”, os preços são “segurados” fazendo com que problemas apareçam no futuro. Vimos essa situação, há alguns anos, com os preços dos combustíveis e com as tarifas de energia elétrica. Natural, assim, que haja uma recomposição dos preços de forma mais agressiva.
Sempre que se controla um preço artificialmente, há um comprometimento de toda a economia, afinal, perde-se a capacidade de saber qual o valor real dos produtos e dos serviços. Para saber, por exemplo, qual é o preço de uma maçã no supermercado, é necessário analisar a composição do trabalho de milhares de pessoas, tais como, o produtor de agrotóxicos, o fazendeiro ou agricultor familiar, o transporte, as caixas de madeira ou papelão e a armazenagem nos CEASAs de todo país. Isso tudo para saber o preço de apenas um produto. Quando o governo, através de uma única estatal, altera a dinâmica natural da economia, ele altera e desequilibra a de modo completo a cadeia econômica. Essa administração de preços é muito criticada por vários economistas pois é impossível administrar milhares de variáveis que compõem os preços.
Calcule o seu “próprio IPCA”
Quer calcular seu próprio índice de inflação? Dá um pouco de trabalho, mas, vale a pena tentar. Siga os passos:
- Para facilitar, use os grupos da composição do IPCA (tabela acima);
- Em cada grupo, veja seus gastos feitos um ano antes e compare com os gastos atuais;
- Anote as variações de preços e faça a proporção com base na composição do IPCA;
- A média total é o seu índice de inflação!
Para facilitar esta árdua tarefa, uma sugestão é utilizar aplicativos que dividam as despesas por categorias. Pode ser o do seu próprio banco (se tiver esta funcionalidade) ou o Guia Bolso ou o Organizze, por exemplo.
Inflação pode ser uma aliada?
É quase um consenso que a inflação é ruim, não é mesmo? Mas, será que ela pode ser uma aliada? E, a resposta é SIM! Quando buscamos um investimento para a aposentadoria (não estamos falando da previdência oficial), um dos aspectos mais importantes é ganhar mais que inflação, pois, de forma alguma podemos perder o poder de compra.
Esta situação é tão verdadeira que no Simulador de Aposentadoria do Educando seu Bolso, o cálculo é feito descontando o ganho gerado pela inflação. Afinal, R$ 1.000.000,00 não irá comprar as mesmas coisas daqui a 20 anos. O importante, assim, é proteger-se da inflação (manter o poder de compra) e ganhar um cupom de juros (juros acima da inflação). E, há outros índices de inflação. Além do IPCA, o mais comum é o IGP-M. Leia este post e entenda melhor a comparação do IPCA com o IGP-M.
Os títulos do Tesouro Direto da categoria IPCA+ têm, exatamente, esta característica. Eles pagam o índice de inflação + um cupom de juros pré-fixado. Parece um pouco complicado, mas, se você ler este post, entenderá todos os detalhes.
Para finalizar!
Analisando os seus gastos, você encontrará os vilões do seu índice de inflação. Você já conhece o Métodos dos Envelopes? Ele pode ser a forma que você procurava! Controlando suas finanças pessoais, você saberá quais são as suas despesas e assim, o monstro da inflação não irá consumir tanto o seu poder de compra. Uma das dicas é verificar os itens em que os preços estão subindo mais e economizar neles; um ótimo exemplo é reduzir os custos com energia elétrica sabendo quanto você gasta em cada aparelho.
Cada família tem a sua própria cesta de consumo. É quase impossível que um índice oficial coincida com a inflação de cada núcleo familiar. O IPCA é aceito de modo generalizado pelos meios econômicos, partidos políticos, pela sociedade e inclusive para a correção monetária em processos judiciais. O IBGE faz um trabalho muito sério para medi-lo. Mas, nunca se esqueça: é um índice de inflação que reflete um perfil de consumo médio. E, consumo médio não é o seu consumo!