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Será que a Economia Comportamental explica as finanças pessoais?

O que é Economia Comportamental?

Economia Comportamental (ou Behavioral Economics, em inglês) é um campo de estudo que mescla conhecimentos teóricos e empíricos de economia, psicologia e neurociência, principalmente. É uma crítica aos métodos econômicos tradicionais que partem do pressuposto que todas as decisões dos seres humanos são racionais, ou, a concepção do Homo Economicus. Essa visão descreve que a racionalidade das decisões baseiam-se na ponderação, no interesse pessoal e com capacidade irrestrita e ilimitada de aferir e organizar informações.

Diametralmente oposta à visão anterior, a Economia Comportamental tem como princípios que as decisões dos agentes econômicos não são tão racionais. As decisões são tomadas, também, com base no histórico ligado aos hábitos, experiências pessoais, ensinamentos familiares, influências emocionais e comportamento dos demais. É o pensamento que há interferências psicológicas e emocionais e que elas afetam as decisões. A Economia Comportamental usa essas premissas, criando modelos em que as decisões dos seres humanos tem um aspecto mais realista e com o intuito de averiguar os desvios do Homo Economicus.

O Prêmio de Economia em Memória de Alfred Nobel

Com o recebimento do Prêmio de Economia em Memória de Alfred Nobel concedido pelo Banco Central da Suécia pelo estadunidense Richard Thaler, em 2017, as discussões e o interesse sobre a Economia Comportamental só cresceram! Mas, não é a primeira vez que um economista comportamental é laureado. Em 2002, o psicólogo israelense Daniel Kahneman (isso mesmo, psicólogo!) foi o vencedor! Como dito, a Economia Comportamental é um misto de economia e psicologia, nada há de errado na premiação.

Como nos ajuda nas Finanças Pessoais?

Primeiramente, é fundamental trazer algo que Thaler disse após ser comunicado do Prêmio em Memória de Alfred Nobel: “Para fazer uma boa economia, você deve ter em mente que as pessoas são humanas.”

Efeito da Posse

Richard Thaler dividiu voluntários em 3 grupos.

  • O primeiro grupo recebeu um barra de chocolate ou uma xícara de chocolate quente; cada um poderia escolher o que preferisse. Nesse grupo houve um divisão quase igualitária entre as possibilidades dadas.
  • O segundo grupo recebeu uma xícara de chocolate quente. Foi dada a opção para que as pessoas trocassem por uma barra de chocolate. Quase ninguém quis trocar.
  • O terceiro grupo recebeu uma barra de chocolate. Foi dada a opção para que as pessoas trocassem por uma xícara de chocolate quente. Quase ninguém quis trocar.

A conclusão foi óbvia! As pessoas de posse de um determinado produto resistem a trocá-lo por outro. Isso parece irracional… Afinal, o resultado natural devia ser o resultado do primeiro grupo, certo? Ou seja, metade das pessoas estaria disposta a trocar e metade não estaria.

A Racionalidade Limitada

As pessoas por não serem totalmente racionais nas suas decisões, criam contas de gastos separadas em suas mentes, focando na repercussão individual de cada uma delas e não no compto geral. Veja, caro (a) leitor (a) como é interessante a irracionalidade de algumas decisões com base nas seguintes exemplos:

  • Quem nunca pensou se a parcela ia caber no orçamento e não nos juros embutidos naquelas mesmas parcelas?
  • Quem nunca comprou algo que não queria ou precisava apenas porque viu um promoção na Internet ou um cupom de desconto?
  • Quem nunca comprou algo que não queria ou precisava apenas porque todas as pessoas estavam comprando? É o famoso efeito manada!

A Pior Escolha

Quando se tem duas opções na mesa, a tendência do ser humano é optar pela pior alternativa devido à falta de hábito e tempo para reflexão. Os restaurantes fast-food baseiam-se nessa teoria! Um exemplo importante é que mesmo que todos saibamos que é melhor comer alimentos mais saudáveis, normalmente escolhemos opções mais prejudiciais à saúde.

Já reparou que tendemos a comprar o que está na linha dos nossos olhos nos supermercados? É a tendência ao menor esforço. Richard Thaler colaborou na alimentação de escolas quando propôs que fossem colocados mais próximo da entrada do refeitório as frutas e os vegetais frescos. Imagine o resultado! O consumo desses alimentos mais saudáveis aumentou e muito! Ou seja, a escolha independe de qualquer discussão sobre obesidade ou saúde para a compra de alimentos mais nutritivos ou não.

Irracionalidade para produzir decisões racionais

No Best-Seller Nudge: o Empurrão para a Escolha Certa, Richard Thaler mostrou que é possível precisar uma “arquitetura da escolha”, para que as melhores opções sejam escolhidas.

As pessoas tendem a gastar de forma atabalhoada e impulsiva os recursos financeiros oriundos de fontes imprevistas como Participações nos Lucros, prêmios de Loteria ou Restituição de Imposto de Renda. Veja se você já viu a seguinte situação: Uma pessoa não precisava trocar de carro. Ela recebe algum valor inesperado. Esse valor foi direcionado para a entrada de um novo carro. A pessoa ficou com uma dívida para os próximos 36 meses? Então… essa atitude lhe parece racional?

Outro ótimo exemplo é a influência que há das formas de pagamento nas compras. As pessoas tendem a gastar muito mais quando usam cartões do que quando usam dinheiro em espécie. A fonte desse dinheiro é a mesma, certo? Porém, quando se gasta por meio de cartões há a falsa impressão que não há gasto. Afinal, o que havia na carteira continua intacto. Ou seja, de racional nisso, não há nada! Gastou-se mais que se devia!

As Lições da Economia Comportamental

Vários exemplos foram dados, certo? Agora é sempre acompanhar o Educando seu Bolso para fazer da racionalidade a melhor amiga para o seu bolso! É não deixar que o comportamento de manada nos faça comprar o que não precisamos.  É não pensar na parcela e sim, nos juros embutidos nelas. É comprar o que, de fato, é necessário e fugir do marketing de consumo compulsivo.  É gastar melhor o que se ganha, focando na qualidade de vida e não no padrão de vida. E… lembrar que gastar com dinheiro vivo e por meio de cartões é a mesma coisa! A fatura virá em alguns dias!

Livro Educando Seu Bolso

Autor

Quintiliano Campomori é pós-graduado em Negócios, Finanças e Projetos. Atua na área econômico-financeira e é professor universitário desde 2005. Já atuou em bancos, empresas privadas e, atualmente, atua no setor público. Pretende trazer esclarecimentos sobre finanças pessoais, fazer da economia um assunto descomplicado e em pensar o dinheiro como um meio e não um fim. Escreve periodicamente no Educando seu Bolso e participa mensalmente do Geekonomics Podcast.

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