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No Dia da Mulher, saiba como proteger seu dinheiro da violência patrimonial 

A nossa homenagem ao Dia Internacional da Mulher é trazer informações sobre um problema muito comum, porém pouco conhecido da maioria das pessoas: a violência patrimonial. Embora menos discutida, a violência patrimonial afeta milhares de mulheres em todo o mundo e impacta diretamente na sua independência financeira. Mas o que exatamente é violência patrimonial e como ela acontece no dia a dia das mulheres?

A violência patrimonial ocorre quando uma pessoa, intencionalmente, retém, subtrai, destrói ou exerce controle sobre os bens, recursos financeiros ou documentos pessoais de outra pessoa, limitando sua capacidade de tomar decisões e agir livremente. No contexto das relações, isso frequentemente se traduz em um parceiro controlando o acesso ao dinheiro, propriedades ou outros ativos valiosos, mantendo a outra parte em uma posição de dependência e submissão.

Então, para saber o que é essa violência, como identificá-la e o que fazer para preveni-la, continue a leitura. 

O que é violência patrimonial? 

Imagine não poder usar seu próprio cartão de banco sem pedir permissão. Ou ter seu nome retirado dos documentos da casa que você ajudou a pagar. Pense em estar em um relacionamento no qual você não tem voz sobre suas próprias finanças ou, pior, ter seus bens danificados ou vendidos sem o seu consentimento. Essas são apenas algumas das formas que a violência patrimonial pode acontecer.

Para muitas mulheres, essa realidade é cotidiana. Ela começa sutilmente e, muitas vezes, é justificada sob o pretexto de ser somente uma “gestão financeira do lar” ou de serem apenas “decisões para o bem da família”.

Mas, como traçar essa linha entre cooperação e controle? Quando a preocupação se transforma em coerção?

A seguir, vamos explorar as consequências da violência patrimonial, identificar sinais de alerta e discutir como buscar ajuda e recursos para combater essa forma de abuso. 

Como identificar a violência patrimonial? 

Identificar a violência patrimonial pode ser difícil, especialmente porque ela muitas vezes se mascara sob a aparência de cuidado ou preocupação financeira. No entanto, reconhecer alguns sinais pode ser o primeiro passo para buscar ajuda e recuperar o controle sobre sua vida financeira. Vamos explorar alguns exemplos práticos que podem ajudar a identificar essa forma de violência.

Controle excessivo sobre o dinheiro

Você se sente constantemente monitorada em relação a como gasta seu dinheiro? Um parceiro que exige justificativas detalhadas para pequenas despesas ou que limita seu acesso a contas bancárias compartilhadas está exibindo sinais de controle financeiro. Esse comportamento não é apenas invasivo; é uma forma de violência patrimonial.

Retenção de documentos importantes

Seu parceiro insiste em manter seus documentos pessoais, como passaporte, carteira de identidade ou certidões, sob controle dele(a)? A retenção de documentos essenciais é uma tática para limitar sua liberdade de movimento e independência, mantendo você em uma posição de vulnerabilidade.

Sabotagem de recursos e oportunidades de trabalho

Um sinal alarmante de violência patrimonial é quando seu parceiro tenta sabotar suas oportunidades de trabalho ou educação. Isso pode variar desde fazer comentários depreciativos sobre sua carreira até impedir ativamente que você aceite ofertas de emprego ou participe de cursos que poderiam melhorar sua situação financeira.

Destruição ou apropriação de bens pessoais

Você já teve bens pessoais danificados, vendidos ou apropriados pelo seu parceiro sem o seu consentimento? Esse tipo de comportamento visa não apenas prejudicar você emocionalmente, mas também enfraquecer sua capacidade de ser financeiramente independente.

Manipulação financeira

A manipulação financeira pode assumir muitas formas, incluindo ameaças de cortar o acesso a recursos financeiros se você não cumprir certas demandas ou a imposição de uma “mesada” que te mantém em uma posição de dependência. Esse tipo de controle é um claro indicativo de violência patrimonial.

Perguntas para reflexão

  • Você se sente livre para tomar decisões financeiras sem medo de represálias?
  • Seu parceiro é transparente em relação a todas as informações financeiras, incluindo rendimentos, dívidas e investimentos?
  • Você tem acesso irrestrito aos seus bens e recursos financeiros?
  • Você mesma guarda seus documentos?

Se você respondeu negativamente a alguma dessas perguntas, pode ser um sinal de alerta. Nesse caso, é importante parar e pensar se você pode estar sendo vítima de violência patrimonial. Lembrar-se de que você não está sozinho(a) e que existem recursos e apoio disponíveis.

No próximo segmento, discutiremos como buscar ajuda e quais medidas podem ser tomadas para que você possa se proteger e recuperar sua independência financeira.

O que fazer em casos de violência patrimonial?

Sabemos que casos de violência são temas sensíveis. Seja porque envolvem alguma pessoa próxima ou pela vergonha em se admitir essa situação. Por isso, muitas vezes, situações como essas, passam despercebidas.

Mas, mesmo que a situação ainda não tenha chegado ao extremo, se você identificar qualquer sinal de que pode estar sofrendo esse tipo de violência, recomendamos algumas ações: 

1. Reconheça a situação

O primeiro passo é reconhecer que o que você está vivenciando é uma forma de violência. Isso não é fácil, mas é essencial para começar o processo de libertação e recuperação. Lembre-se: a violência patrimonial é um ato de controle, não de amor ou cuidado.

2. Busque apoio

Não enfrente isso sozinha. Busque o apoio de amigos, familiares ou profissionais que possam oferecer apoio emocional bem como ajuda de forma prática e assertiva. Existem organizações dedicadas às vítimas de violência doméstica que podem oferecer orientação, abrigo e orientações jurídicas.

3. Documente tudo

Comece a documentar todas as situações de violência patrimonial vividas por você, incluindo mensagens, e-mails, registros de transações financeiras e imobiliárias e qualquer outra prova que possa ser relevante. Isso será crucial se você decidir buscar ação legal.

4. Acesse recursos financeiros

Se possível, tente ter acesso a recursos financeiros próprios. Isso pode incluir abrir uma conta bancária em seu nome, se você ainda não tiver uma, e começar a poupar dinheiro discretamente para emergências.

5. Procure assessoria jurídica

Consulte um advogado especializado em direito de família ou violência doméstica para obter orientações valiosas sobre seus direitos e as medidas legais que você pode tomar para se proteger, incluindo ordens de restrição ou ações judiciais para recuperar bens ou recursos financeiros.

6. Plano de segurança

Desenvolva um plano de segurança para situações de emergência. Isso pode incluir ter um lugar seguro para ir em caso de uma crise, uma lista de contatos de emergência e uma bolsa com documentos importantes, dinheiro e itens essenciais caso precise sair de casa às pressas.

7. Educação financeira

Informe-se sobre finanças pessoais, direitos de propriedade e gestão de recursos financeiros para fortalecer sua independência e capacidade de tomar decisões sobre seu futuro financeiro.

Lembre-se: tomar a decisão de sair de uma situação de violência patrimonial é extremamente pessoal e pode ser complexo. Priorize sua segurança e bem-estar acima de tudo. Há ajuda disponível e você tem o direito de viver uma vida livre de violência e controle.

A importância da independência financeira

A prevenção da violência patrimonial começa com a construção de uma base sólida de independência financeira. Para muitas mulheres, alcançar essa independência não é apenas um passo em direção à liberdade pessoal, mas é também uma salvaguarda essencial contra a possibilidade de se tornarem reféns em relações abusivas.

Ter controle sobre sua própria vida financeira significa mais do que ter apenas a capacidade de pagar por suas necessidades; significa ter a liberdade de fazer escolhas, a força para dizer não a situações abusivas e a opção de sair de um relacionamento se necessário. A independência financeira é a chave para uma vida de autonomia e segurança.

Assim, investir seu tempo para saber como gerenciar seu dinheiro, economizar, investir e planejar seu futuro é crucial. Quanto mais você souber sobre finanças, mais capacitada estará para tomar decisões informadas e proteger seus interesses.

Como cultivar a independência financeira? 

Existem algumas estratégias que você pode adotar para cultivar, aos poucos, sua independência financeira. Veja: 

  • Crie e mantenha seu próprio banco e contas de investimento: saber como investir e ter contas bancárias em seu nome é fundamental. Isso não apenas assegura que você tenha controle sobre seus próprios recursos, mas também ajuda a construir seu histórico financeiro e crédito.
  • Estabeleça uma reserva de emergência: uma reserva financeira é essencial para lidar com imprevistos sem depender financeiramente de outra pessoa. O ideal é ter uma poupança que cubra de três a seis meses de despesas.
  • Eduque-se sobre direitos e leis: conhecer seus direitos legais, especialmente em relação a finanças e propriedades dentro de um casamento ou união estável, pode protegê-la de ser injustamente privada de seus bens.
  • Participe das decisões financeiras: em um relacionamento, é importante que ambas as partes estejam envolvidas nas decisões financeiras. isso inclui discussões sobre compras significativas, investimentos, empréstimos e planejamento para o futuro.
  • Desenvolva suas habilidades e carreira: investir em sua educação e carreira não apenas aumenta sua capacidade de ganhar, mas também fortalece sua posição de independência. Busque oportunidades de crescimento profissional e não se limite a um único fluxo de renda, se possível.

Como fazer a denúncia?

Fazer uma denúncia de violência patrimonial é um passo crucial para buscar justiça e proteção. No entanto, o processo pode parecer intimidador, especialmente em um momento de vulnerabilidade. 

Para isso, é importante que você: 

  1. Informe-se sobre seus direitos
  2. Colete evidências
  3. Busque apoio profissional
  4. Saiba onde denunciar
  5. Prepare-se emocionalmente
  6. Conheça os próximos passos
  7. Mantenha registros 

Assim, antes de fazer uma denúncia, é importante entender seus direitos e as leis que protegem as vítimas contra a violência patrimonial em seu país ou região. Isso pode incluir leis específicas sobre violência doméstica, abuso financeiro e direitos de propriedade.

Documente todas as formas de violência patrimonial que você sofreu. Isso pode incluir extratos bancários, mensagens de texto, e-mails, vídeos, fotos de itens danificados e testemunhos de amigos ou familiares. Quanto mais evidências você puder reunir, mais forte será sua versão na ação judicial.

Considerar a ajuda de um advogado especializado em violência doméstica pode ser extremamente benéfico. Ele pode oferecer orientação legal específica, ajudar na preparação da denúncia e representá-la durante o processo legal.

Onde denunciar? 

A denúncia pode ser feita em várias instâncias, dependendo do país ou região. Isso pode incluir:

  • Delegacias especializadas em atendimento à mulher: pesquise no site oficial da Polícia Civil do seu estado por “Delegacia da Mulher” ou “Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher” seguido do nome da sua cidade ou região.
  • Defensoria Pública: pesquise no site oficial da Defensoria Pública do seu estado por “mulheres em situação de violência doméstica e/ou familiar”.
  • Ministério Público: acesse o site oficial do Ministério Público do seu estado e procure por seções dedicadas ao atendimento de vítimas de violência doméstica ou patrimonial.
  • Organizações Não Governamentais (ONGs): sites de ONGs nacionais e internacionais como a ONU Mulheres dedicadas ao combate à violência contra a mulher frequentemente têm seções sobre como e onde denunciar.
  • Conselhos Tutelares.
  • Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
  • Site da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos

Além disso, a denúncia também pode ser feita via telefone. Basta discar 180 ligar para a Central de Atendimento à Mulher ou 190 para ligar para a Polícia Militar.

Conclusão: dicas para se prevenir da violência patrimonial

Para se prevenir da violência patrimonial é importante adotar alguns hábitos. Alguns deles são: 

  1. Conheça o histórico financeiro do seu parceiro
  2. Converse sempre sobre dinheiro com o seu parceiro e se certifique que os  interesses estão alinhados
  3. Tente manter sua independência financeira, evitando ter somente contas conjuntas, por exemplo
  4. Tenha um dinheiro guardado para emergências. Para isso, veja nosso conteúdo sobre o que é reserva de emergência e como construir a sua
  5. Guarde sempre seus documentos em locais seguros
  6. Procure manter cartões de crédito e contas bancárias no seu nome 
  7. Crie senhas fortes e mude-as regularmente. Proteja suas informações online.

Apesar disso, é importante lembrar que, em nenhuma situação, a culpa da violência será da vítima. A violência patrimonial é inaceitável, e buscar ajuda é fundamental. 

Enfim, se você está enfrentando uma situação de violência, não hesite em denunciar. Sua segurança é prioridade. Procure apoio em serviços especializados, amigos e parentes, ligue para a polícia ou entre em contato com organizações que podem oferecer assistência.

Lembre-se, você não está sozinha nessa jornada. Busque ajuda, cuide de si mesmo e construa um futuro livre de violência e cheio de oportunidades.

Para construir uma vida mais independente e financeiramente estável  é essencial educar-se e tomar medidas práticas. Então, confira nossos conteúdos que oferecem orientações sobre gestão financeira, empoderamento econômico e estratégias para fortalecer sua autonomia: 

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