De alguns anos para cá nós temos falado bastante sobre financiamento estudantil, como você pode conferir aqui. Basicamente falamos sobre as mudanças nos programas de financiamento do governo e das opções de financiamento privado. Mas você já ouviu falar em financiamento estudantil coletivo?
Essa nova forma de financiamento estudantil ainda está começando a surgir. Ela é baseada no peer-to-peer lending, uma modalidade de empréstimo e financiamento que também é relativamente nova, tem ganhado espaço no mundo e vem se estabelecendo no Brasil. Tem sido traduzido como “empréstimo coletivo”, “empréstimo ponto a ponto”, entre outros nomes.
O que é financiamento estudantil coletivo?
Consiste, basicamente, em aproximar as pessoas que têm dinheiro para investir – emprestar – e as que precisam de dinheiro emprestado. É parecido com o que fazem os bancos; a diferença está justamente na palavra aproximar. No sistema financeiro tradicional, o banco também acolhe investidores e tomadores, mas separadamente. Quando você investe, está emprestando dinheiro para o banco; e quando toma crédito, quem empresta é o banco. São operações independentes, com o risco por conta do banco, que, claro, cobra caro por isso – o famoso spread bancário.
Na modalidade peer-to-peer lending, os investidores emprestam dinheiro diretamente aos tomadores. Isso, claro, muda tudo. O risco dos investidores aumenta muito. Por outro lado, as taxas – o custo do crédito e a remuneração do investimento – podem ficar melhores, já que o banco e seus altos custos saem da jogada.
Falaremos mais sobre este assunto na próxima semana, inclusive testando o serviço. Fique de olho.
Hoje o assunto é uma modalidade bem específica: o empréstimo estudantil coletivo.
Como funciona na prática?
Uma empresa que largou na frente nesta modalidade é a Biva, uma fintech dedicada ao peer-to-peer lending, que decidiu desenhar um produto voltado para o crédito estudantil.
O modelo é semelhante ao dos empréstimos. Um grupo de investidores fornece os recursos para um grupo de tomadores – quanto mais tomadores, mais diluído é o risco para os investidores. A Biva cuida de todas as transações: capta o recurso dos investidores, repassa para as faculdades, cobra dos tomadores e repassa o pagamento para os investidores – ficando, evidentemente, com uma comissão pelo serviço.
O produto ainda está em fase de viabilização. A empresa disponibiliza em seu site um formulário para os estudantes manifestarem seu interesse, informando inclusive o nome da faculdade. O objetivo é construir convênios com as instituições de ensino, ao demonstrar a elas que o modelo é viável e que há demanda por parte dos estudantes.
Para quem o financiamento estudantil coletivo é uma boa opção?
Para os estudantes é uma boa notícia o surgimento de novas formas de financiamento. Requer, claro, que analisem muito bem as condições do contrato, como taxas de juros, prazos, carências, penalidades etc.
Para as faculdades também é uma boa notícia, desde que o modelo se sustente ao longo do tempo. Caso contrário, gera o abandono de alunos durante o curso, o que certamente é um fator de risco.
Para os investidores pode ser uma boa opção, desde que eles também analisem muito bem as condições do contrato, e tenham em mente que é um negócio de alto risco. Por isso, se o modelo for bem feito, com boa análise de crédito e diversificação de tomadores, o risco diminui.
Afinal de contas: vale ou não vale a pena?
Um fator que limita o crescimento das fintechs de empréstimo coletivo no Brasil é a própria legislação do país, que exige a participação de bancos ou instituições autorizadas pelo Banco Central nas operações de intermediação financeira. Ainda assim, se o modelo for bem desenvolvido, pode ser uma ótima opção de serviço financeiro, contribuindo inclusive para melhorar as taxas de juros e de remuneração praticadas no mercado.
Então, se você é estudante, trabalha em faculdade, ou é um investidor que lida bem com o risco, fique atento ao financiamento estudantil coletivo. Pode ser uma boa oportunidade para você. É claro que, antes de tomar qualquer empréstimo, é muito importante que você tenha certeza que ele cabe no seu bolso. Por isso, consulte nosso simulador de empréstimo. E, se você é investidor, tenha certeza que o investimento que escolheu de fato condiz com suas expectativas. Nosso simulador de investimentos também pode ser de grande ajuda. E, se mesmo assim você ainda tiver dúvidas, não se preocupe. Deixe aqui embaixo nos comentários e nós vamos tentar esclarecer da melhor forma possível. Afinal de contas, escolher um empréstimo (ou um investimento) não precisa ser uma tarefa tão difícil assim, não é verdade?