Dando sequência ao artigo anterior, de mesmo nome, em que discutimos vantagens e desvantagens de cada modalidade, apresentamos agora outros fatores que também entendemos que podem ser considerados.
Quando você aluga um imóvel, o custo de manutenção é inferior, pois todas as obras, reformas, ajustes, etc., correm por conta do proprietário. Se o imóvel é mais antigo, estes custos podem ser significativos. Por outro lado, caso opte por adquirir o imóvel, você pode personalizá-lo como entende que deve fazer. Afinal, não existirá (outro) proprietário para vetar os ajustes..
Deve ser considerado também que aluguel sofre reajustes anuais, sendo os contratos geralmente indexados ao IGP-M (um índice de inflação), enquanto as parcelas do financiamento são decrescentes. Ao fim de cada contrato, o valor das prestações pode ser diretamente negociado, para o bem do inquilino (redução) ou para o mal (aumento).
O aluguel embute um risco muitas vezes despercebido, que é o de ter que se mudar, com relativa agilidade, contra a vontade do inquilino, seja porque o proprietário pediu o imóvel, seja porque não conseguiram chegar a bom termo na renegociação do contrato. E a mudança – principalmente indesejada e às pressas – não representa apenas custo. Tem o aborrecimento também…
Suponhamos agora um cenário hipotético, de recessão, com juros líquidos da ordem de 1% ao mês e aluguéis da ordem de 0,4% do valor do imóvel ao mês. É importante frisar que o cenário é recessivo pois nele podemos antever retração nos valores dos imóveis (não necessariamente retração no valor nominal, mas uma “valorização” menor do que a inflação na verdade é uma desvalorização. Se a desvalorização é nominal, pior ainda). Neste caso, a compra do imóvel torna-se menos favorável, pois além de perder dinheiro com a desvalorização, deixa-se de ganhar 0,6% (1,0% – 0,4% = 0,6%) ao mês do valor do imóvel. E note: 0,6% ao mês se a pessoa já tiver o dinheiro, pois se tiver que tomar empréstimo para financiar, a disparidade entre os juros e o valor do aluguel pode ser ainda maior. Não se esqueça que, neste cenário, as prestações também podem ser negociadas favoravelmente ao inquilino ao fim de cada contrato (geralmente a cada 3 anos).
Por outro lado, se a tendência dos valores dos imóveis é de alta, talvez este raciocínio já não valha: a valorização do imóvel pode vir a compensar estes juros citados. Mas é um risco. E, em se falando de aquisição de imóvel (pelo menos para mim) o montante é considerável.
Para encerrar, se você acha que é um bom momento para comprar imóveis mas não possui o capital para comprar um e não quer financiar, que tal dar uma estudada nos fundos imobiliários, em que você adquire cotas de imóveis? Mas isto é outra história e futuramente poderemos abordar este assunto.
Até a próxima.