Adquirir um automóvel não é fácil. Perder todo o esforço investido no carro não é algo que você espera. Mas acidentes acontecem, pode ser uma batida no trânsito, um incêndio, uma enchente ou até mesmo um assalto e em algumas dessas situações é possível que o seu carro sofra algum dano. Por isso, fazer um seguro de carro, ou moto é uma ótima opção para se manter protegido. Além do seguro de veículo, uma nova modalidade de proteção tem entrado no mercado, a proteção veicular. Mas existe diferença entre essas modalidades?
Como funcionam as seguradoras?
O seguro de veículo é um contrato firmado entre uma empresa (a seguradora) e o cliente (proprietário do veículo), em que o contratante paga uma taxa que garante que ele será coberto, caso ocorra algum dano (previsto no contrato) ao veículo. As seguradoras funcionam como empresas e são reguladas pela Susep (Superintendência de Seguros Privados). Quem contrata um seguro de veículo passa a ser um cliente da empresa, e a seguradora assume todos os riscos envolvidos nas coberturas contratadas.
Como funcionam as associações de proteção veicular?
Diferente das seguradoras, as associações ou cooperativas oferecem proteção veicular. Mas quais são as diferenças? As cooperativas e associações não possuem fins lucrativos. Nesse tipo de proteção, um grupo de pessoas que têm o mesmo interesse, se junta para promover serviço para si mesmas, sem o objetivo de lucrar. Uma associação veicular, portanto, é um grupo de pessoas que pretendem compartilhar custos e providências da assistência veicular para elas próprias. Com o intuito de arrecadar apenas o suficiente para cobrir os custos operacionais – consertos e indenizações –, fundos de reserva e despesas administrativas.
Nesse caso, quem está se juntando à associação não é cliente, e sim um sócio. Ou seja, caso haja um prejuízo maior que o esperado, o custo será dividido entre todos os associados. Ao contrário do seguro de veículo no qual quem arca com eventuais prejuízos é a própria empresa e seus donos.
Existem muitas entidades que oferecem proteção veicular mas não são associações
Acontece que, na prática, muitas empresas se fantasiam de associações de proteção veicular para não se submeterem às regras da Susep. Assim, vendem a proteção veicular para as pessoas como se fosse um seguro auto. Não passam a informação correta para os futuros associados, que entram nessa achando que são clientes, mas na verdade são sócios.
Atenção
Seguro de veículo x Proteção Veicular
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Análise de perfil do condutor
A forma de seleção para entrar nos dois é bem diferente. Para adquirir um seguro auto, a análise é bem mais detalhada do que para participar de uma associação de proteção veicular.
Quando você vai fazer um seguro de veículo, é necessário responder uma série de perguntas, como: idade, tempo de carteira e sexo de quem irá dirigir o carro; cep de onde o carro circula; se o carro passa a noite em garagem; se a garagem possui ou não portão eletrônico; quantos quilômetros o carro roda por mês e até se você usa o carro para trabalhar como motorista de aplicativo. Ou seja, essas questões podem implicar diretamente no valor do seu seguro de carro ou seguro de moto.
Por outro lado as associações, em geral, não fazem nenhuma pergunta desse gênero.
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Valores
Em geral, o preço da proteção veicular é mais baixo do que o do seguro auto. Com a análise de perfis é possível que a seguradora ajuste os preços do seguro de veículo com o risco que o carro tem de ser roubado, ou de um possível acidente. Por isso, em casos em que o carro fica em locais considerados seguros, ou quando o motorista tem mais tempo de carteira, o seguro de veículo costuma ficar mais barato do que em casos que não são assim.
Na tabela estamos usando o exemplo de um carro avaliado em R$ 55.021,00 na Tabela FIPE. Tanto as seguradoras como as associações ofereciam o mesmo nível de cobertura.
Perfil do condutor | Seguradora | Associação |
Jovem Mulher (18 a 24 anos) | R$530,00 – R$691,00 | R$ 189,00 – R$ 294,00 |
Mulher Adulta (30 a 60 anos) | R$218,00 – R$315,00 | R$ 189,00 – R$ 294,00 |
No próximo caso, levamos em consideração uma mulher adulta. A diferença é onde o veículo costuma ficar.
Perfil do condutor | Onde o veículo fica | Seguradora | Associação |
Adulto (30 a 60 anos) | Sempre em garagem | R$218,00 – R$315,00 | R$ 189,00 – R$ 294,00 |
Adulto (30 a 60 anos) | Não fica em garagem | R$267,00 – R$349,00 | R$ 189,00 – R$ 294,00 |
É possível notar que as associações não fazem distinção de mensalidade. Independente da idade do condutor, do tempo de carteira nem da “segurança” do veículo.
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Cobertura
Nesse ponto, seguro de veículo e proteção veicular se aproximam bastante. As coberturas gerais como roubo, furto, cobertura para incêndio, fenômenos da natureza, assistência 24hrs e reboque são encontradas em ambos os casos.
Algumas coberturas mais especiais como proteção para vidros, lanternas e faróis, que antigamente eram mais comuns nos seguros de carro, agora, estão cada vez mais comum nas proteções veiculares.
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Apólice
As seguradoras entregam para seu cliente a apólice que apresenta todos os direitos e deveres das duas partes. Ou seja, quando a apólice é emitida, os riscos são transferidos diretamente para as seguradoras, que ficam totalmente responsáveis pelos itens cobertos na apólice, devendo seguir rigorosamente o que está afirmado.
Entretanto, nas associações, a proteção é dada a partir de um contrato assinado pelos membros, em que se comprometem a se responsabilizar caso seja necessário. Ou seja, não há uma empresa responsável e sim um grupo de pessoas.
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Adesão
A adesão da proteção veicular costuma ser um pouco menos burocrática e mais rápida. Nesse caso, é preciso, apenas, que seja feita uma inspeção no veículo. Depois, há o pagamento da taxa de adesão, e a proteção já começa a valer.
Já no seguro de veículo, além da inspeção, é preciso aguardar que a seguradora faça a liberação do seguro auto. Só então a primeira parcela será paga.
Prazos de pagamento de indenizações
Como as seguradoras seguem as regras da Susep, existem prazos estabelecidos por lei. Por exemplo, para indenização de sinistro o tempo máximo que a seguradora tem para fazer o pagamento é de 30 dias, contados a partir da data de entrega da documentação.
Por outro lado, as associações não possuem nenhum prazo estabelecido por lei de quando essa indenização será feita. O pagamento será feito de acordo com o fluxo de caixa existente. O que quer dizer que o prazo de espera varia e provavelmente vai ser mais longo.
Riscos da proteção veicular
A ideia das associações é de ajuda mútua, ou seja, em teoria, se os gastos com consertos e indenizações forem maiores do que o arrecadado no mês, o gasto extra seria dividido entre todos os associados. Então você não teria uma mensalidade fixa, essa mensalidade sofreria alterações conforme fosse necessário.
Mas isso não costuma acontecer. Pois o que ocorre na prática é que existem associações que funcionam como empresas. Essas empresas, se passam por associações para não se submeterem à legislação. Quando ocorre um rombo no orçamento, ao invés de dividirem os prejuízos, acabam dando calote nos associados e fechando as portas da associação.
Fraudes e calotes de cooperativas.
Esse foi o caso da Multiplicar, associação que tinha sede em Contagem-MG. Ela fechou as portas em 2015 e deixou muitos associados sem indenizações, sem consertos e até mesmo sem os carros.
Peças de segunda mão, atraso na devolução de veículos que estavam em oficinas também são alguns dos problemas enfrentados pelos associados que adquirem a proteção veicular. Foi o caso de Magno Valadares, auxiliar administrativo de 34 anos, que ficou mais de 7 meses esperando o seu carro sair da oficina.
Como escolher
Já vimos que as vantagens da proteção veicular não são muitas. Se você já tem seu veículo e por conta das mensalidades, a proteção veicular for sua única opção, é bom ficar atento. Busque informações no Reclame Aqui, veja a reputação da associação e também quanto tempo ela está no mercado. Veja se a associação que você quer entrar está filiada à AAAPV (Agência de Autorregulamentação das Entidades de Autogestão de Planos de Proteção Contra Riscos Patrimoniais). Isso não garante que você não terá problemas com a associação, mas já mostra certa confiabilidade na cooperativa.
Mas se você ainda não tem um veículo ou está querendo comprar um novo automóvel, faça uma simulação de financiamento no nosso simulador de financiamento de veículos. Além do valor do seu carro, calcule todos os outros custos envolvidos na aquisição desse bem, como o seguro auto! Coloque sempre sua saúde financeira em primeiro lugar.