

Seguro… palavrinha improvável quando vivemos em um mundo cheio de riscos. Não conseguimos prever com precisão sequer o que vai acontecer no próximo segundo. É provável que nada de relevante aconteça, mas não podemos garantir com 100% de certeza nem mesmo que estaremos vivos no instante seguinte.
Probabilidade: a base do seguro
Quando falamos em seguros, o ponto central é a probabilidade de ocorrência de um evento. Por exemplo: a chance de alguém sentado em frente à TV sofrer um acidente em 10 minutos é muito menor do que a chance de um motorista bêbado, dirigindo um Fiat 147 com pneus carecas a 120 km/h em dia de chuva, se envolver em um acidente.
O risco, nesse segundo caso, é muito maior. Mas não estamos aqui para multar ou julgar ninguém. Nosso objetivo é mostrar o motivo principal pelo qual as pessoas contratam seguros: reduzir riscos. O seguro não elimina o risco de morte em um acidente, mas pode atenuar as consequências financeiras.
Quando o risco não tem cobertura
No exemplo acima, o motorista que assume riscos extremos dificilmente terá o sinistro coberto. Os contratos costumam excluir situações em que o segurado age de forma imprudente. Por isso, seguros de veículos não cobrem acidentes com motoristas embriagados. Seguros de vida, por sua vez, geralmente não cobrem suicídios.
O que o seguro faz, afinal?
O seguro existe para compensar perdas financeiras ou imateriais causadas por riscos. Esses riscos podem gerar perdas de propriedades, da capacidade de trabalho ou, em casos extremos, até de vidas.
Calcular um risco significa estimar a probabilidade de ocorrência de um evento em determinado período e sob certas condições. Esses eventos podem nunca acontecer (como assaltos ou raios) ou podem acontecer em data incerta (como a morte).
O que é sinistro?
Chamamos de sinistro a ocorrência de um evento previsto e coberto pelo contrato de seguro. Esse evento pode causar danos pequenos ou enormes, a ponto de arruinar a vida de empresas ou pessoas.
Como gerenciar riscos
Gerenciar riscos significa decidir como lidar com eles. Existem algumas formas:
- Não correr o risco: o motorista que resolve ficar em casa em vez de dirigir embriagado elimina o risco de acidente.
- Reduzir o risco: quem troca pneus, dirige devagar ou evita beber antes de dirigir toma medidas para diminuir a chance de sinistro.
- Assumir o risco: há quem decida correr o risco mesmo conhecendo as consequências.
Quando alguém escolhe correr riscos, pode fazer isso de três formas: autosseguro, mutualismo ou seguro.
Autosseguro
No autosseguro, a pessoa reserva um valor para cobrir possíveis perdas futuras. Essa modalidade funciona mal para a maioria, porque o valor acumulado dificilmente cobre prejuízos grandes. Na prática, autosseguro é o mesmo que não ter seguro.
Mesmo assim, é comum entre motociclistas, frotistas e taxistas que enfrentam prêmios muito altos em relação ao valor do bem. O mercado vem se adaptando: por exemplo, muitos instalam rastreadores para reduzir o prêmio do seguro de moto.
Mutualismo
O mutualismo divide o prejuízo entre as partes. Era mais comum séculos atrás, mas ainda existe hoje. Seguradoras praticam mutualismo quando repartem riscos e prêmios entre si — o chamado resseguro.
O seguro propriamente dito
O seguro transfere, de forma parcial ou integral, o risco do segurado para a seguradora. O cliente paga o prêmio e, em troca, a seguradora assume o compromisso de arcar com as indenizações em caso de sinistro.
Como funciona a apólice de seguro?
A apólice é o contrato entre o segurado e a seguradora. Ela prevê prazo, condições e valores. Em troca do prêmio pago, a seguradora assume o compromisso de cobrir as perdas financeiras previstas no contrato.
Assim como em qualquer contrato, a boa-fé é fundamental. O segurado deve informar corretamente as condições e não pode esconder doenças ou riscos. Já a seguradora não pode usar cláusulas abusivas ou “letrinhas miúdas” para enganar o client
O princípio da boa-fé
Um caso curioso ilustra a importância da boa-fé. Um cliente contratou seguro contra incêndio para charutos caros. Depois, fumou os charutos e acionou a seguradora alegando que houve 24 pequenos incêndios. A seguradora foi obrigada a pagar, mas entrou com ação contra o cliente e venceu, acusando-o de provocar os incêndios.
O resultado? O cliente pagou mais do que havia recebido e ainda foi preso. Esse episódio mostra que contratos só funcionam quando ambas as partes agem corretamente.
Detalhes da apólice
A apólice deve explicitar:
- as coberturas e exclusões,
- os bens ou pessoas segurados,
- os beneficiários,
- os valores de prêmio, franquia e indenização,
- o prazo de vigência.
Mesmo que o segurado receba a apólice depois do início da vigência, o contrato já está válido. Até lá, ele tem um certificado provisório de cobertura. O importante é conferir se todas as condições acordadas estão descritas na apólice.
Conclusão
Seguros têm muito mais detalhes do que coube neste texto. Mas uma coisa é certa: eles existem para ajudar a gerenciar riscos inevitáveis e garantir que perdas financeiras não destruam a vida de pessoas e empresas.
Quer se aprofundar? Escute nosso podcast abaixo e descubra ainda mais sobre seguros.