Marcia, leitora do Blog, outro dia nos perguntou o que achávamos do MULTIPROTEÇÃO BRADESCO. Eu me lembrei do grande Didi Mocó e perguntei: “Cuma?”
Segundo ela, a gerente do banco lhe vendeu o tal seguro auto-resgatável como: “Um produto diferenciado, desenhado para atender as necessidades dos clientes e desenvolvido em compatibilidade com as características sócio-econômicas brasileiras, principalmente o aumento da longevidade, a redução dos juros e o desenvolvimento econômico e social.” Bonito, não?! Pois é…
Veja abaixo que, em princípio, eles ajuntaram mesmo um bocado de coisa boa. Parecia de fato tentador o material de oferta que ela recebeu e nos reencaminhou, que dizia o seguinte: “O Multiproteção Bradesco oferece Cobertura por Sobrevivência, garantindo ao cliente que ele receba em vida, após o término da vigência do plano, um valor correspondente a 100% do Capital Segurado. Além disso, o cliente também passa a contar com uma cobertura de seguro de vida.”
.
Coberturas:
–Morte
–Sobrevivência: Cobertura que garante o pagamento do Capital segurado pela Sobrevivência do segurado no período de deferimento contratado que pode ser de 5, 10, 15, 20, 25 e 30 anos.
Portabilidade: Após o cumprimento do prazo de carência de 24 meses, o segurado pode permanecer com a proteção oferecida pelo plano ou transferir o valor adquirido de sua reserva para outro plano que seja mais adequado às suas novas necessidades.
Benefícios Adicionais:
–Assistência Funeral Familiar: Compreende o segurado, cônjuge, filhos até 24 anos, filhos portadores de necessidades especiais e filhas solteiras sem limite de idade.
–Assistência a Pessoas em Viagem: tem por objetivo garantir o atendimento à pessoa, em viagem no Brasil ou no exterior, em caso de ocorrência de doenças com manifestação súbita e aguda ou em caso de acidentes, bem como de outros acontecimentos imprevistos.
–Assistência PET: Hoje em dia muitas pessoas consideram o animal de estimação como um membro da família. Sabendo da importância destes, essa assistência oferece um pacote de serviços exclusivos ao animal de estimação (cão e gato) do participante, como Remoção Emergencial, Agendamento de Consultas, Acionamento / Agendamento de “Leva e Traz”, Hospedagem (Acidente / Doença) – 2 diárias de até R$50,00, Indicação de Clínicas Veterinárias, PET Shop, Banho e Tosa, Informações sobre Vacinas e Venda de Filhotes, entre outros.
–Sorteio Mensal: O participante participa de um sorteio mensal relativo a R$ 200.000,00 pela Loteria federal.
–Resgate: O participante terá direito de solicitar o resgate proporcional do saldo da provisão matemática de benefícios a conceder relativa às coberturas de Sobrevivência e Morte, após o cumprimento de prazo de carência de 24 meses da data de contratação.
.
Bom, aqui no Educando Seu Bolso, nós temos preferência por contratar as coisas separadamente, por isto sugerimos à Marcia que solicitasse à sua gerente bancária uma simulação de quanto este “investimento” estaria valendo ao final dos 15 anos em comparação com outra aplicação de renda fixa que ela possui – um VGBL (vamos deixar para entrar no mérito se ela deveria ou não ter este VGBL noutra ocasião, ok?!).
Vejam a resposta da gerente abaixo:
.
CAPITAIS SEGURADOS E PRÊMIOS – TEMPO 15 ANOS
Multiproteção
Valor do prêmio mensal: R$ 488,93
Capital Segurado: R$ 75.000,00
Correção: IPCA
Resgate sobrevivência (15 anos): R$ 180.050,00 (6,0% a.a)*
Resgate sobrevivência (15 anos): R$ 206.927,00 (7,0% a.a)*
Resgate sobrevivência (15 anos): R$ 237.912,00 (8,0% a.a)*
VGBL
Valor do prêmio mensal: R$ 488,93
Correção: CDI
Resgate (15 anos): R$ 199.695,00 (10,0% a.a)*
Resgate (15 anos): R$ 185.013,00 (9,0% a.a)*
Resgate (15 anos): R$ 177.204,89 (8,5% a.a)*
*A hipótese de rentabilidade é apenas simulação não se constituindo em garantia ou promessa de rentabilidade futura.
.
Infelizmente, a simulação que ela fez é tendenciosa. Os cenários de inflação crescem (6, 7, e 8% a.a.), mas as possibilidades de taxas de juros para o seu VGBL são cadentes (10, 9, e 8,5% a.a.). É bem verdade que as taxas nominais devem cair, mas isso se deve à queda também da inflação. Ou seja, se os juros forem para 9% é porque o IPCA estará por volta de 4% a.a. e não os números que ela colocou acima. A taxa de juro real no Brasil é da ordem de 5% ao ano. Em outras palavras: Inflação + Juro real = Juro nominal, ou IPCA + 5% = Selic. Entende?!
Simulei pra ela então usando apenas o juro real. Afinal se a Márcia for receber este seguro daqui a 15 anos, ela vai querer que ele tenha o mesmo poder de compra de R$ 75 mil hoje, não é mesmo?!
Então, temos de um lado R$ 75 mil com valor de compra de hoje (corrigidos pelo IPCA) e de outro, contribuições mensais de R$ 488,93, que renderão juros reais (acima da inflação de 5% a.a.). Ao final de 15 anos, a reserva financeira acumulada será de R$ 130 mil.
Retire desta diferença (R$ 130 mil – R$ 75 mil) o custo de contratação de um seguro vitalício durante estes 15 anos e você terá o lucro em não contratar o tal Multiproteção. Cotamos com a Icatu, que é uma seguradora de renome, e um seguro de vida vitalício com o valor de R$ 100 mil reais (superior aos 75mil do Multiproteção), custaria 80 reais por mês em média durante estes 15 anos. Inicia custando R$ 31 aos 42 anos da Márcia e chegaria aos R$ 131 quando ela atingisse 57 anos. Ainda assim, ela teria R$ 106 mil, ao invés de R$ 75 mil em valores reais de hoje.
Como se vê, é preciso cuidado e critério para se comparar produtos financeiros semelhantes.
Até a próxima!
Boa noite!
Minha mãe infelizmente foi enganada por esse investimento que não é nenhuma forma de investir, nem aqui e nem na China, e acabou investindo um valor alto e sequer foi informada sobre a taxa de carregamento.
Há possibilidade de reverter esse valor e resgatar pelo menos o valor investido?
Já fazem 2 anos, e só perdas, esse valor se quer aparece para consulta no Internet Banking, o que já sucita que o Banco age de má fé.
Bom dia Ana.
Sinto muito pela experiência da sua mãe. Infelizmente, diversos já passaram por algo semelhante. Por isso, inclusive, fizemos esse post/podcast, para tentar evitar que outros passem pelo mesmo desprazer. Mas, como em quase tudo na vida, é só depois da porta arrombada que a gente pensa na tranca. =[
Bom, sobre o que é posível fazer, acho que já comentei por aqui, mas vou repetir. O que já vi acontecer a partir de reclamação junto ao próprio banco é conseguir interromper os pagamentos mensais, mantendo o que já foi contribuído para ser sacado com desconto menor com o passar do tempo. Agora, judicialmente você pode ambicionar bem mais, não tenho dúvida. A questão é que nível de trabalho você quer/pode ter pra resolver o problema. Finalmente, sobre não estar no Internet Banking, aí é outro caso. Um problema de sistemas mais provavelmente. Esse produto é da seguradora e nem sempre há integração completa entre os sistemas informatizados. Outro exemplo é que nem sempre você consegue fazer a mesma coisa no App do banco que você pode fazer no site e por aí vai.
No mais, parabéns por se interessar pelas finanças da sua mãe.
=]
Boa tarde
E no cenário atual de taxas de juros e IPCA, a conclusão continua sendo a mesma sobre este produto?
Quero algo para deixar para minhas filhas para daqui 15 anos, aproximadamente. Uma reserva apenas. Decidi que vou fazer uma poupança para cada uma e pensei em outro produto. Um extra.
Recebi a seguinte proposta desde Multiproteção:
391,16 mensais (15 anos)
R$ 60.0000,00 valor do capital segurado
R$ 135.654,24 valor ESTIMADO para resgate (estão considerando IPCA médio de 4,3%)
Qual sua opinião. Contratar separadamente um VGBL e um seguro continua sendo a melhor alternativa? Ou qual seria a melhor opção EXTRA (além da poupança) para investimentos mensais de aproximadamente R$ 400,00 e que contemple um pequeno, porém muito útil, seguro de vida.
Obrigado desde já!
Bom dia Ricardo e obrigado por sua pergunta.
Veja, de fato o IPCA caiu desde que fizemos esse post, tanto o atual quanto a expectativa de futuro, mas esse fator não influencia a análise porque ele corrige tanto o seguro auto-resgatável (geralmente as principais “marcas” o tem como indexador) quanto uma aplicação financeira concorrente (Tesouro IPCA, por exemplo).
Outro componente é o preço dos seguros que, ao que me consta, não mudaram muito.
Finalmente os juros reais, que incidem sobre a aplicação financeira, mas não sobre o seguro auto-resgatável. Ao contrário da queda da Selic pra 3%a.a., ainda é possível hoje comprar no programa tesouro direto o título tesouro ipca 2035 (prazo semelhante ao do auto-resgatável, com as vantagens que comentei no podcast) que paga IPCA + 4,6%a.a.
Ou seja, pra mim a conclusão do post permanece válida nos dias de hoje.
Grande abraço e parabéns pelo cuidado com suas finanças a pela preocupação com suas filhas.
=]
Oi, Boa tarde Eu fiz o plano VGBL e a seguradora me ofereveu esse muito proteção quero saber se é vantagem e qual plano vc indicaria pra investimentos.
Bom dia Carol.
Primeiramente, me desculpe pela demora em lhe responder, mas lá vai. Espero que ainda em tempo.
Veja, nossa opinião sobre seguro auto-resgatável não é boa, como você deve ter lido nos posts e podcasts que fizemos sobre o assunto, inclusive a partir de alertas de descontentamento dos nossos próprios leitores. Não consideramos o produto financeiramente vantajoso, apesar de admitirmos gatilhos psicológicos e comportamentais que influenciem sua decisão de compra.
Não consigo te fazer uma sugestão para investimentos sem conhecer seu perfil. Um PGBL pode ser melhor do que um VGBL, a tabela de IR (progressiva ou regressiva) precisa se adequar ao seu objetivo de uso do dinheiro e o tipo de plano deve refletir o seu perfil de investidor (conservador, moderado ou arrojado).
O que posso fazer é te recomendar uma corretora da nossa confiança, para que ela, em atendimento personalizado possa lhe ajudar. Segue o email, para o caso de você se interessar: [email protected]
Obrigado pela sua dúvida e me desculpe mais uma vez pela demora.
=/
Olá , sou corretor da maior empresa Brasileira de Seguros de Vida, Independente. Primeiro ponto nesta matéria , o corretor de Seguros vende investimento ou seguro de vida?
Seguro de vida é proteção, não investimento. A longevidade diz que lá na frente as coisas podem dar certo , por isto você resgata parte do valor de CS. Acho que existe um grande equívoco nesta publicação, pois comparar investimentos x seguros não tem o menor sentido! Seguro de vida você sai dos seus 488,83 e vai até 1 KK em X , Y eventos. Liquidez pra família com benefício tributário .
2 ponto : Investimentos entram em partilha de bens (inventário) e custam pra família 10 a 20 % sobre os ativos financeiros. Muita gente leva previdência privada como algo parecido , porém tem casos onde os juízes entenderam que a previdência era um investimento , desta forma pedem a inclusão n partilha.
Boa tarde Guilherme.
Veja, não sei se entendi direito seus pontos, mas deixe-me tentar comentá-los de qualquer maneira.
Sobre sua primeira pergunta, se o corretor de seguros vende investimento ou seguro de vida, pode ser que no seu caso, que é profissional de seguradora independente e que só tem seguro pra vender, realmente as coisas não se misturem. Ocorre que você sabe que a maior parte desse produto é vendida dentro da rede de agências bancárias, onde o gerente/corretor oferecem o seguro ao cliente como uma alternativa de investimento mais atrativa do que a aplicação em fundos ou cdbs por exemplo.
Se você concordar com o fato que acabo de citar no parágrafo anterior, concordará também que apesar de seguro e investimento serem coisas diferentes, como você bem disse, as diferenças que você elenca nos seus dois pontos passam a ter menos importância. Afinal, o cliente não está buscando as vantagens do seguro, ele quer meramente fazer um investimento. Veja, isso não sou eu quem está dizendo, mas sim os leitores do blog e ouvintes do podcast. Eles é que tem relatado isso para nós.
Concordo contigo que podem haver casos em que o seguro auto-resgatável seja a melhor escolha. Mas o ponto não é esse. Nossa crítica foi mais ao processo de venda, onde se empurra um produto para o cliente sem que ele tenha ideia do que está comprando, entende?
No mais, agradeço sua participação. É sempre bom contar com especialistas enriquecendo a qualidade da nossa seção de comentários.
Grande abraço.
Boa Tarde!
Fiquei com uma dúvida quanto à simulação do blog, os R$ 75.000,00 no final dos 15 anos, com correção de IPCA de 3,5% ao ano, não seria de R$ 125.651,16, ou seja, o valor seria esse que teria o mesmo poder de compra dos R$ 75.000,00 de hoje? E no caso do VGBL, 5% de juros reais, considerando um IPCA de 3,5% ao ano, num cenário de Selic de 6,5% ao ano, deveria ser simulado ganho real de 3% ao ano? Obrigado
Olá, Rogério, obrigado pela sua mensagem.
Na simulação, o Fred capitalizou as contribuições mensais de R$ 488,93 levando em conta apenas os juros reais, sem levar em conta a inflação. Por isso ele manteve o valor dos R$ 75 mil, também sem levar em conta a inflação.
Quanto à taxa de juro real que ele utilizou, concordo com você que está mais alta do que a praticada atualmente. Ele usou a taxa de 5%, que era a taxa de juro real que vinha sendo praticada no Brasil durante muitos anos. Era a realidade da época. Mas de uns anos para cá isso mudou e, atualmente, a taxa está mesmo mais próxima da que você falou, cerca de 3%.
Abraço!
Olá, quero contratar um seguro de vida resgatável. No Bradesco me foi apresentado o Multi proteçãp com prêmio mensal e o Multiplano G3 de valor único. O que me deixa insegura é que nesses planos a projeção do valor resgatável é uma simulação fictícia que pode não corresponder à realidade da época. No Itaú me ofereceram o Vida Inteira da Prudential do Brasil com prêmio mensal mas sem “sobrevivência” como há no do Bradesco. Gostaria de saber qual desses produtos é o mais indicado para se ter ao mesmo tempo um seguro de vida e rentabilidade do capital pago se houver intenção de resgate após o período de carência? Muito obrigada. Patricia Senna
Olá, Patrícia, obrigado pela sua mensagem.
É preciso avaliar cada proposta. Comparar aquilo que dá para ser comparado (os custos, os rendimentos, os critérios para devolução do valor investido) e avaliar com muito cuidado aquilo que é incerto (indenizações por morte, invalidez, doença grave etc.) para saber qual risco se está disposto a correr.
De modo geral eu prefiro contratar as coisas separadamente. Por um lado, um bom seguro, com as coberturas que me atendem. Por outro, boas aplicações, com os rendimentos, prazos e riscos que me atendem.
Pode até haver produtos que atendem satisfatoriamente as duas coisas, mas pelo que vejo eles são minoria. Então é preciso avaliar muito bem as ofertas. Botar na ponta do lápis e comparar.