
A inflação do IGPM em outubro de 2024 subiu 1,52% – metade da meta de inflação anual. O acumulado em 12 meses somou 5,59%, enquanto em outubro de 2023 o índice acumulou queda de 4,57%.
Continue a leitura e entenda porquê isso aconteceu, quais são as diferenças entre o IGPM e o IPCA e veja como escolher o melhor para o seu bolso e saiba o que esperar da inflação para os próximos meses.
O que é IPCA?
O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) é um dos indicadores utilizados para medir a inflação no Brasil. Ele mostra como os preços dos produtos que as famílias brasileiras costumam comprar estão mudando, sendo divulgado todo mês pelo IBGE.
Já o IPCA, reflete, na prática, o aumento ou a diminuição no custo de vida. Ele é utilizado pelo Banco Central como referência das metas de inflação, e também para avaliar o nível de preços do país e decidir o que fazer com a Selic, a nossa taxa básica de juros.
Onde o IPCA é usado?
O IPCA poderá ser usado nas seguintes situações:
- Reajustar contratos e salários
- Corrigir benefícios e impostos: aposentadorias, pensões e até a faixa de isenção do Imposto de Renda são atualizados com base no IPCA.
- Ajustar a taxa de juros (Selic), responsável por influenciar o custo de empréstimos e financiamentos.
- Calcular rendimentos de investimentos, como o Tesouro IPCA+
- Reajustar preços de tarifas públicas, como serviços de energia, água e transporte podem ter preços reajustados com base na inflação medida pelo IPCA.
Como o IPCA é calculado?
O IPCA é calculado pelo IBGE por meio da coleta dos preços de produtos e serviços usados no dia a dia, como alimentos, transporte, moradia, saúde e educação. Essa coleta é realizada todo mês e tem como intuito medir a inflação no Brasil.
Na hora de calcular o IPCA, cada item tem um peso diferente, dependendo do quanto ele impacta o orçamento das famílias. Por exemplo, se a gasolina representa uma parte maior dos gastos de uma família, ela terá um impacto maior no índice do que produtos com menor participação no orçamento.
Mas lembre-se, a inflação medida pelo IPCA é uma média dos gastos de várias famílias no Brasil, então pode não refletir exatamente a sua realidade. Portanto, se o preço do peixe, por exemplo, subiu, mas sua família não comprou peixe, esse aumento não vai pesar no seu orçamento, embora apareça no índice.
Para você entender melhor o cálculo do IPCA, montamos uma tabela como os principais pesos dos itens usados nesse índice. Veja:
Pesos dos itens no IPCA
Grupo | Peso (%) |
---|---|
Alimentação e bebidas | 21,18 |
Habitação | 15,18 |
Artigos de residência | 3,71 |
Vestuário | 4,68 |
Transportes | 20,74 |
Saúde e cuidados pessoais | 13,55 |
Despesas pessoais | 10,11 |
Educação | 6,04 |
Comunicação | 4,76 |
Com esses pesos, o IBGE compara os preços atuais com os do mês anterior e calcula a variação percentual. Esse resultado é o IPCA do mês.
O que é IGP-M?
O IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) é um indicador de inflação calculado pela FGV (Fundação Getulio Vargas). Ele mede a variação de preços em diversos setores da economia, refletindo principalmente os custos de produção e de mercadorias no atacado.
Diferente do IPCA, que foca no consumidor final, o IGP-M mede os preços desde a produção, abrangendo não só os produtos que compramos, mas também os insumos utilizados pelas empresas.
Esse índice ficou popularmente conhecido como o “índice da inflação do aluguel”, mas sua aplicação vai muito além disso, impactando contratos de longo prazo e investimentos. Vamos entender como ele é calculado e o que faz o IGP-M ser tão importante.
Onde o IGP-M é usado?
O IGP-M é um índice de inflação muito usado no Brasil para:
- Reajustar alugueis
- Reajustar contas e contratos
- Ajustar tarifas públicas
- Ajustar financiamentos de longo prazo
- Ajustar valores no mercado imobiliário
- Ajustar rentabilidade de planos de previdência mais antigos
Como o IGP-M é calculado?
O cálculo do IGP-M é composto por três outros índices, o IPA (Índice de Preços no Atacado), o IPC (Índice de Preços Consumidor) e o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção) com os seguintes pesos:
Item | Peso |
---|---|
IPA | 60% |
IPC | 30% |
INCC | 10% |
Esses três índices são monitorados mensalmente pela FGV, e cada um é calculado com base nas mudanças de preço de seus produtos e serviços. Depois, são somados para formar o IGP-M, levando em conta o peso de cada um no cálculo total.
Outro ponto importante, é que o IGP-M sofre um impacto maior da variação cambial (mudança do valor do real em comparação ao dólar) devido ao peso do IPA. Ou seja, o IGP-M tende a acompanhar o dólar.
Comparativo: IPCA ou IGP-M?
Você tem um título atrelado ao IPCA e está considerando mudar para o IGP-M? Ou então tem um plano de previdência privada vinculado ao IGP-M e recebeu uma ligação do seu gerente falando para você trocar pelo IPCA?
Essas são algumas situações que podem gerar dúvidas sobre quando escolher entre o IPCA ou o IGP M. Pensando nisso, nada melhor do que analisarmos o como cada índice se comporta.
Para isso, vamos colocar a rentabilidade acumulada do IPCA e do IGP-M lado a lado. Veja:
Fonte: elaboração própria a partir dos dados acumulados do IPCA e IGPM
O gráfico acima compara a variação mensal do IGP-M e do IPCA ao longo dos anos, mostrando diferenças importantes entre eles. A partir do gráfico podemos ver que:
IGP-M
- Tem uma variação mais agressiva, porque reage às mudanças do câmbio e preços de commodities. Por isso apresenta picos altos em períodos de crise econômica ou aumento nos custos de produção.
- Exemplo disso é o período de 2020-2021, onde o IGP-M subiu muito mais que o IPCA devido ao impacto da pandemia e à alta do dólar.
IPCA
- O IPCA é mais estável porque reflete nos preços de bens de consumo e serviços para o consumidor final.
- Mesmo em momentos de alta, como 2020-2021, o IPCA não apresenta picos tão acentuados, pois o Banco Central atua para controlá-lo, mantendo-o em níveis mais previsíveis.
Diferenças Importantes:
- Em épocas de crise, o IGP-M geralmente sobe mais que o IPCA, o que explica por que ele é usado em contratos de aluguel, já que as moradias sofrem mais impacto com os custos de produção e insumos.
- Já o IPCA, por ser mais estável, é preferido em investimentos e previdência, onde a ideia é proteger o poder de compra do consumidor.
Em resumo, o IGP-M tem variações mais agressivas e reflete custos de produção, enquanto o IPCA é mais estável e mostra a inflação no consumo.
Testamos o impacto do IGP-M e IPCA na correção de valores
Para analisar o impacto do IGP-M e do IPCA e comparar as duas taxas simulamos uma correção de R$1.000 reais na Calculadora do Cidadão do Banco Central. Na simulação, utilizamos um período de curto prazo (8 meses) e de longo prazo (24 anos) para analisar a diferença de variação dos dois índices.
Como podemos ver, no longo prazo o IGP-M traz um retorno financeiro maior, enquanto o IPCA devido a sua menor variação tem uma perda menor no curto prazo. O que reforça que para longo prazo a melhor opção é o IGP-M, já para curto prazo o IPCA evita perda obtendo um retorno melhor.
Dúvidas comuns: IPCA x IGPM
Devo trocar o IPCA pelo IGP-M em contrato de aluguel?
“Vou renovar meu aluguel, e solicitaram a atualização anual pelo IPCA e não mais pelo IGP-M. Aluguel de 5 anos. Há desvantagem na proposta?
O IGP-M é o índice mais tradicional para correção dos alugueis. Historicamente o IGP-M, para prazos mais longos, tende a rentabilizar mais que o IPCA como você pode ver no gráfico que está no post. Assim, com base no histórico, o IPCA tende a ser mais vantajoso para você que está contratando o aluguel (locatária).
Será que vale a pena trocar o plano de previdência privada IGP-M pelo IPCA?
“Tenho uma previdência privada (IGP-M + 6%). Acredito que é um investimento muito bom, que normalmente bate os outros. Devo manter esse investimento se só quero usar na minha aposentadoria?”
Um investimento com uma rentabilidade garantida de IGP-M + 6% é ótima. Como a aposentadoria é um investimento de longo prazo, é recomendado manter o investimento. Como podemos ver no gráfico anterior, o IGP-M tem uma maior variação, mas, no longo prazo essas mudanças são compensadas, sem dúvida. Você tem um ótimo investimento nas mãos!
Se o IGP-M está negativo, vale a pena trocar pelo IPCA?
“Tenho 02 planos no Bradesco desde 2010 ( 14 anos ) 01 De Pai para filho geração 2 e 01 Multiplano geração 2 ambos calculados pelo IGPM porém minha gerente me ligou dizendo que era interessante eu mudar para os índices do IPCA pq ” diz ela ” que o IGP-M está negativo. Estou achando isso meio estranho, poderia me dar uma luz sobre essa portabilidade sugerida pela gerente?”
Orientações como essa de mudar o índice não são raras por parte dos gerentes, seja por falta de conhecimento ou por outros interesses.
De fato, o IGP-M acumulado em 12 meses está negativo, mas, para investimentos de longo prazo como previdência, isso tende a se ajustar. Há boas chances de que, ao longo dos anos, o IGP-M ofereça ganhos maiores que o IPCA, o que pode ser vantajoso para o futuro do seu filho.
Veja abaixo o quanto o IGP-M rendeu a mais desde 2010, mostrando que sua escolha foi acertada. Assim, recomendamos que você mantenha o índice:
Conclusão: o que vale mais a pena IPCA ou IGP-M?
Depende. Em contratos de aluguel, o IPCA é mais vantajoso para o inquilino, pois apresenta reajustes mais estáveis e alinhados à inflação do consumidor. Com isso, é possível evitar os picos de aumento que o IGP-M pode trazer em momentos de crise econômica.
Mas se você tem um plano de previdência privada, indexado ao IGP-M nem pense em trocar. Pois esse índice acompanha de forma mais agressiva o aumento dos custos da economia, principalmente em momentos de crise, por isso é mais vantajoso que o IPCA.
Já nos seus investimentos de curto prazo, o IPCA é o seu aliado, protegendo o seu poder de compra de forma previsível. Então, tudo vai depender da finalidade que o índice está sendo usado.
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