As férias escolares são aquele período em que a casa fica mais barulhenta, a geladeira esvazia mais rápido e o dinheiro parece sumir. Além disso, as crianças estão livres da rotina, cheias de energia e ideias para “programas imperdíveis”. Já os adultos tentam equilibrar diversão, descanso e orçamento, torcendo para que o cartão de crédito sobreviva até janeiro.
Entre a vontade de aproveitar cada momento e a falta de planejamento, a certeza que fica é que as férias vão passar, mas as contas ficam por meses.
Como as férias escolares impactam no orçamento?
As férias escolares têm um talento especial para aumentar os gastos sem avisar. Isso porque, normalmente quando as famílias viajam, vêm as despesas grandes, como transporte e hospedagem. Já para quem fica em casa, surgem custos que não estavam no radar: um passeio, mais refeições fora de casa ou até pagar uma colônia de férias para ocupar o tempo livre das crianças.
Uma pesquisa da Serasa deixou bem claro que quase todo mundo sabe o que deveria fazer, mas nem sempre faz. 9 em cada 10 brasileiros dizem que planejar as férias é super importante, mas ao mesmo tempo, 3 em cada 10 pessoas já se endividaram por causa de uma viagem. Não é falta de noção, é falta de organização mesmo.
E o estrago raramente vem de um gasto gigante. O orçamento costuma morrer picado. É o lanche “só porque o filho pediu muito”, o ingresso que parecia baratinho, o passeio que era “só uma volta” e virou consumo, isso sem falar nos presentes de natal. Por isso, quando esses pequenos gastos se juntam, eles fazem um mutirão silencioso e aparecem todos juntos lá na fatura, pedindo atenção.
Vai viajar? Fale de dinheiro em família
Antes de tudo, vale aquele papo reto em casa, abrir o jogo mesmo. Falar sobre quanto dá para gastar, o que é prioridade e onde dá para economizar evita aquela cena clássica da viagem em que alguém solta um “é só mais um lanchinho”.
Quando todo mundo sabe onde o calo aperta, as escolhas ficam mais leves. A família passa a decidir junto, em vez de discutir depois com a mala aberta e o cartão chorando. E sim, as crianças entram nessa conversa também, porque férias boas são aquelas combinadas antes, não negociadas no meio do passeio.
Como falar de dinheiro com as crianças?
Quem acha que dinheiro é papo só de adulto perde uma grande chance de ensinar algo importante. Quando crianças e adolescentes participam da conversa, mesmo que de forma simples, começam a entender que o dinheiro não é infinito e que toda escolha tem consequência.
Explicar por que não dá para fazer todos os passeios ou comprar tudo o que aparece é uma aula prática de educação financeira. Além disso, ajuda a reduzir pedidos por impulso e mostra que diversão é essencial, mas precisa caber no orçamento da família. Essa habilidade acompanha a criança para a vida inteira, muito além das férias.
Vai ficar em casa? Dicas para economizar
Ficar em casa nas férias pode ajudar a poupar, mas só se tiver um mínimo de organização. Com as crianças o dia todo em casa, alguns gastos sobem quase sem avisar. Para não deixar o orçamento escorrer pelo ralo, vale ficar de olho em alguns pontos:
- Planeje a rotina da semana
Intercale dias de atividades em casa com passeios gratuitos, como parques, praças, museus e eventos culturais. Isso evita gastar por impulso só para “arrumar algo para fazer”. - Cuidado com a conta de luz e água
TV ligada o dia inteiro, videogame sem pausa e banhos mais longos fazem a conta subir rápido. Pequenos combinados já ajudam bastante. - Organize a alimentação
Com mais gente em casa, a geladeira vira atração turística. Planejar refeições, comprar lanches com antecedência e reduzir pedidos por delivery faz diferença no fim do mês. - Defina um orçamento para as férias em casa
Estabelecer um valor máximo para lanches, passeios e atividades ajuda a manter o controle e evita exageros ao longo das semanas.
No fim, ficar em casa pode ser tão divertido quanto viajar e bem mais leve para o bolso, desde que o dinheiro não entre oficialmente em férias junto com a família.
Conheça 3 ferramentas de educação financeira para crianças
Falar de dinheiro com crianças não precisa virar palestra nem clima de sala de aula. Na maioria das vezes, o aprendizado acontece justamente no cotidiano, quase sem perceber. Conversas simples, sem mistério ou tabu, costumam funcionar melhor do que longas explicações.
Mesada ou semanada
Uma estratégia que funciona bem é dar sentido ao dinheiro desde cedo. A mesada ou a semanada ajudam a criança a entender, na prática, como funcionam escolhas e consequências. Gastou tudo de uma vez? Vai precisar esperar. Guardou um pouco? Ela aprende que planejar permite conquistar algo maior depois. É um aprendizado direto, sem bronca e sem trauma.
Jogos e apps
Brincar também ensina. Jogos de tabuleiro, como o clássico Banco Imobiliário, simulações de compras e até aplicativos simples ajudam a mostrar como o dinheiro circula, entra, sai e precisa ser organizado. Quando o assunto vem em formato de jogo, fica mais fácil criar consciência financeira sem pesar o clima.
Curso de férias
Iniciativas como o curso gratuito do Instituto Ânima, desenvolvido pelo projeto Carretel em parceria com a plataforma Vivae, funcionam como um apoio importante para famílias e estudantes. A formação é online, gratuita e usa vídeos, textos e quizzes para falar de dinheiro de um jeito acessível e conectado à vida real. As inscrições ficam abertas até 31 de dezembro, e o curso oferece certificado.
Dica: e sempre dá para ler e aprender também aqui no Educando Seu Bolso!
Conclusão: sua família tem que descansar, e o dinheiro de vocês também
Vamos aos fatos, o problema não está em querer aproveitar as férias, mas em fazer isso sem preparo e informação. Conversar sobre finanças em casa, planejar gastos e buscar conteúdos acessíveis ajudam as famílias a atravessar períodos de maior consumo com mais equilíbrio.
A educação financeira não serve para cortar a diversão, mas para garantir que ela não venha acompanhada de parcelas longas e preocupação no ano seguinte. No fim das contas, férias boas são aquelas que deixam boas histórias para contar, não parcelas para pagar quando o ano começa.