Com a última elevação da taxa básica de juros da economia, a Selic, para 12,75%, em março de 2015, os investimentos tendem a crescer mais e por isso a meta de recursos poupados para a aposentadoria no futuro tende a ser alcançada mais cedo. Será que alcançá-la mais cedo significa que devemos parar de poupar antes?
É importante analisar não somente o valor absoluto poupado, mas o poder aquisitivo que esse recurso poupado terá no futuro. O valor absoluto sofre influência da inflação enquanto o poder aquisitivo (valor real não distorcido pela inflação) mostra quantos bens e serviços poderão ser adquiridos no futuro.
Além disso, a expectativa de vida do poupador pode aumentar, o que levará ao uso da aposentadoria por um maior intervalo de tempo. O orçamento e o tipo de tributação que incidirá sobre a poupança para a aposentadoria também devem ser observados para que se escolha o investimento mais sólido e rentável.
Em fevereiro de 2013, a taxa Selic era de 7,25% ao ano (a.a.) e a inflação acumulada em 12 meses foi de 6,31%, o que levava a uma taxa real de juros de 0,88%. Em fevereiro de 2015, a meta para a taxa de referência da economia foi de 12,25% a.a. e a inflação medida pelo índice de preços ao consumidor amplo (IPCA) foi de 7,7% a.a., conduzindo a uma taxa real de juros de 4,22%.
Em 2015, a taxa de juros nominal e a taxa real eram menores que em 2015. Logo, quem poupava para a aposentadoria com taxas de 2013, para alcançar o mesmo valor, teria que poupar mais ou por maior intervalo de tempo que quem começou em 2013. Vamos aos números! Suponha um indivíduo com 40 anos de idade e uma poupança de R$ 200.000, aportando mensalmente R$ 500 durante 20 anos para a aposentadoria complementar à do INSS. Ele planeja desfrutar da aposentadoria por 25 anos.
Desconsiderando custo com tributação, taxa de carregamento e de resgate para facilitar o cálculo, caso ele aplique a 7,25% ao ano, poderá usufruir de uma aposentadoria de aproximadamente R$ 7.600 ao mês. Caso o recurso seja aplicado a 12,25% ao ano, o valor mensal a ser recebido será de R$ 25.480.
Os R$ 7.600 a serem recebidos mensalmente daqui a 20 anos equivalem a R$ 2.231,19 em valores de hoje. Na segunda simulação, os R$ 25.480 são iguais a R$ 5.777,60 atuais. O segundo caso, embora tenha maior valor absoluto, mostrou maior perda de poder aquisitivo porque a inflação é maior (7,7% x 6,3%).
O exemplo ilustra a importância de acompanhar as taxas em que os recursos estão aplicados e a inflação para eventual migração diante de boas oportunidades e para definir as contribuições mensais de acordo com o rendimento real esperado para o futuro.
Lembre-se sempre que o olho do dono é que engorda o gado – e o bolso!
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