De vez em quando, paro pra pensar sobre esses 20 e poucos anos de experiência com o mercado financeiro e refletir sobre o que aprendi durante este tempo. Desta vez, resolvi compartilhar o resultado aqui no blog. Vamos lá…
Aprendi que:
1) Mudar sua maneira de pensar é uma das coisas mais difíceis de se fazer. É muito mais simples se enganar e passar a acreditar em uma falsidade do que admitir um erro. Pense aí: quando foi a última vez que você admitiu um erro? Mais, quando foi que mudou a maneira de pensar e agir em função disto?
2) As pessoas geralmente não preveem bem suas próprias emoções. Elas geralmente têm mais medo do que antecipavam quando o mercado está desabando e mais euforia e ganância quando o mesmo está decolando. Pense aí na Petrobras no pré-sal, nas empresas X do Eike Batista, nos investimentos em imóveis na planta… E pense também no pessimismo atual, no pós-crise de 2008…
3) Crenças políticas demasiadamente fortes em qualquer direção não são boas pra você. Elas limitarão a sua capacidade de tomar decisões racionais mais do que qualquer outra coisa.
4) “Curto-prazismo” é a causa de muitos dos nossos problemas. Seja nos negócios, em investimentos, política, ou no emprego. Tente lembrar, quantas vezes, se você tivesse estendido um pouquinho o prazo e olhado mais adiante, seu problema não teria perdido a importância, ou mesmo sumido.
5) Dívidas podem causar mais problemas sociais do que algumas das drogas. Entretanto, as drogas são ilegais, já o endividamento é incentivado e pode ser inclusive dedutível para fins de imposto de renda, no caso das empresas.
6) O tema finanças, na verdade, é muito simples, mas é transformado em algo complicado para justificar as taxas e tarifas cobradas. Pode confiar. Se você acreditar que finanças são simples, isso vai fazer uma grande diferença na sua vida pra melhor.
7) As pessoas são muito mais viesadas do que elas pensam ou admitem, o que faz com que os vieses sejam tão perigosos. Por exemplo, é quase impossível demonstrar para alguém que desde pequeno escutou que “morar de aluguel é coisa de pobre”, que hoje no Brasil alugar é financeiramente melhor do que financiar.
8) O “insustentável” pode durar anos, talvez décadas, bem mais tempo do que a maioria das pessoas pensa. Pense em quantos absurdos perduram há muito tempo e que lá atrás você já ouvia ou dizia: “Não é possível! Isso tem que acabar! Assim não dá pra continuar!” Incorporar isto a sua vida financeira também pode lhe ajudar muito.
9) A necessidade de produzir notícias por parte dos jornalistas excede em muito a necessidade dos fatos se transformarem em notícia. Imagine, nenhum jornalista pode dizer para seu editor-chefe: “Não há nada de importante para se escrever hoje”, apesar deste ser o caso em muitos dias. Ou seja, cuidado para não se perder no emaranhado de “falsas notícias” – lembre-se do item 4.
10) A precisão das previsões não interessa tanto, pois aqueles que as escutam, o fazem com o intuito de confirmar suas próprias ideias/visões (vide item 7).
11) Há uma grande correlação entre humildade e conhecimento. Pense naqueles que após 10 minutos de pesquisa no Google já “se acham” e compare com os pós-doutores que após décadas de estudo sobre um assunto ainda duvidam do seu conhecimento… Tentemos todos praticar a humildade!
12) O uso de dados pode ser prejudicial. Hoje em dia, há tanto dado disponível, que, se você escolher bem e torturá-los direitinho, consegue provar qualquer coisa. Outro dia li artigo de renomado pesquisador que provava que no mercado bancário brasileiro há grande concorrência, imagine?! Isso fermenta o viés da confirmação, onde a pessoa começa com a crença e busca dados e análises apenas para confirmá-la. Resumindo: cuidado com os interesses dos autores das análises que você anda consumindo.
13) A disposição de aguardar mais do que a média é uma grande aliada. Imagine o diferencial que é conseguir pensar nos próximos 5 anos, enquanto todos os outros estão focados nos próximos 5 meses.
14) As expectativas das pessoas crescem mais rápido do que sua riqueza. Falei sobre isto em meu post “Você corre na esteira da felicidade?!”. Colocando de outra forma, pense: o Brasil está hoje em seu mais alto patamar de riqueza, mas eu duvido que esteja em seu maior patamar de felicidade…
E você? O que aprendeu? Compartilhe com a gente!