O fenômeno da globalização vem provocando transformações radicais na economia, na sociedade e, consequentemente, no comportamento das crianças e jovens da nossa sociedade. Desde a Segunda Guerra Mundial, o núcleo familiar tem se alterado muito culturalmente, assim como o conceito e compreensão sobre o que é a infância. Antigamente, entendia-se que as crianças tinham que simplesmente obedecer. Hoje em dia, observa-se que, dentro de casa, os filhos são questionados, são convidados a participar e a dar sugestões sobre vários aspectos da vida cotidiana. Pode ser desde as compras de um simples alimento, um móvel ou um equipamento eletrônico. As crianças e jovens participam de tudo, possuem muitas informações cada vez mais cedo e observa-se claramente que um dos fatores estimuladores nesse cenário é a influência da mídia.
O mundo globalizado
O mundo globalizado vem interferindo diretamente na forma de viver das crianças e adolescentes e isso ocorre independentemente do nível socioeconômico deles. Como todos têm, de alguma forma, acesso à mídia, o modo como a informação chega a eles provoca sérias mudanças em seu comportamento. Um aspecto muito negativo identificado é o fato de a própria criança ou jovem se sentir à margem porque não tem produto X ou Y que chega ao seu conhecimento por meio dos veículos de comunicação.
Um grande desafio encontrado na atualidade é como lidar com esta questão nos ambientes escolares, tendo em vista que, em geral, as próprias instituições não estão alfabetizadas economicamente para orientar as crianças e jovens. Educar economicamente não era tema curricular, já que o contexto em que se vivia não solicitava constantes tomadas de decisões econômicas tão cedo. Hoje, ao contrário, o contexto de globalização solicita novas alfabetizações: a digital, a política e a econômica. Esta necessidade apoiada na atualidade precisa envolver a família, já que ela é a responsável por dar dinheiro para a criança, e precisa envolver também outros agentes de socialização.
Estudos da Educação Econômica
Os estudos do grupo de pesquisa Educação Econômica, do Laboratório de Psicologia Genética (LPG) da FE, demonstram que uma família financeiramente desorganizada é a que não consegue se controlar e gasta mais do que pode. Num contexto assim, surge a questão: como educar financeiramente a criança e o jovem se os próprios pais não receberam esse tipo de educação? Essas crianças vivenciam um ambiente em que as novas alfabetizações digitais, econômicas e midiáticas não fazem parte do contexto familiar. De uma forma ou de outra, a responsabilidade pode acabar recaindo sobre a escola.
Em minhas pesquisas, venho constatando que a Educação Financeira deve ocorrer também para o educador (pais, professores, familiares e amigos que estejam em contato com a criança). Estando bem informado e atualizado, este educador pode conhecer melhor a faixa etária com a qual lida, as suas características e quais são os conceitos e conteúdos da economia e análise da mídia que pode trabalhar com a criança para que ela mesma possa construir seus conceitos e valores sobre o consumo e bom uso do dinheiro.
Em resumo: para que as novas gerações estejam preparadas para lidar bem com os desafios financeiros quando chegarem à vida adulta, é preciso que quem conduz hoje a educação delas busque se formar e se informar mais a respeito, se adaptando à realidade do nosso tempo.
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BIBLIOGRAFIA: 
Fermiano, M. A. B. (2000). Nível cognitivo de alunos do curso de magistério. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas – São Paulo. 146p.
Fermiano, M. A. B. (2010). Pré-adolescentes (“tweens”) – desde a perspectiva da teoria piagetiana à da psicologia econômica. (Tese de doutorado). Campinas – São Paulo: [s.n.]. 386 p.
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