Contextualização
Recentemente foram autorizadas, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), abertura de contas pela Internet. Pairou a dúvida na minha cabeça: quem está ganhando e quem está perdendo com isso? Registro aqui as conclusões a que consegui chegar, destacando que posso estar diametralmente enganado em alguns aspectos. Vamos lá…
Quem ganha e quem perde por poder fazer a abertura de contas pela Internet?
Sempre há quem ganhe e quem perca em toda mudança. Com a abertura de contas pela Internet não é diferente. Então, vejamos quem são os beneficiados e os prejudicados…
Primeiro player beneficiado
Instituições financeiras menores, com poucas agências e correspondentes (consequentemente, pouca penetração no mercado) que passam a contar com a capilaridade da Internet para atingir um público muito mais amplo. Assim, passam a ter mais condições de competir com grandes bancos. 1 x 0.
Segundo player beneficiado
Grandes bancos, que podem reduzir seus custos fechando agências, pois poderão ajustar o modelo de negócios à nova realidade. 2 x 0.
Primeiro player prejudicado
Categoria bancária, que se acomodou e não percebeu a mudança de cenário (e não se adaptou). Vai vir desemprego aí. 2 x 1.
Terceiro player beneficiado
População em geral, que passa a contar com leque maior de opções de instituições nas quais poderá operar, seja buscando financiamentos, seja buscando investimentos, ou até mesmo procurando instituições para suas transações corriqueiras. 3 x 1.
Quarto player beneficiado
A segurança dos processos bancários. Ao contrário do que o senso comum pode imaginar, a abertura presencial não assegura maior grau de autenticidade ou credibilidade para o processo. Afinal, documentos podem ser falsificados, fotos trocadas, etc. Quem é do “lado negro da força” deve conhecer melhor essas artimanhas para burlar os processos do que nós, pobres mortais. A checagem de dados via Internet pode ser até mesmo mais eficaz, pois a automatização dos processos, além de ampliar significativamente o leque de opções de pesquisa, permite que sejam eliminadas as falhas humanas. Pelo menos por enquanto a maior parte dos fraudadores não está capacitada para as novas rotinas (mas isto também é questão de tempo). 4 x 1.
Quinto player beneficiado
As fintech (fintech são as empresas de base tecnológica que atuam no mercado financeiro) talvez sejam as maiores beneficiadas desta decisão, pois viabilizará muita coisa dentro de sua proposta de negócios, talvez até mesmo alguns negócios. Como exemplo, o cartão de crédito Nubank. É feito o convite, elaborada a proposta, instalação do app de controle e aprovada a emissão – enfim, quase todo o processo – pela internet. Apenas a entrega do cartão propriamente dito é feita presencialmente (pelos correios). Tenho este cartão há quase um ano e até hoje não sei onde fica a empresa (mentira: eu sei, mas o cliente “normal” do Nubank não precisa se preocupar com isto). 5 x 1.
Sexto player beneficiado
Corretoras de valores, que a cada dia mais se parecem com bancos. Além de viabilizar plataformas de investimentos em ações, já operam com derivativos, câmbio, produtos de renda fixa, distribuem seguros, etc. Até onde tenho conhecimento, atualmente só não possuem conta corrente. 6 x 1
Sétimo player beneficiado
Você, que passa a poder fazer a abertura de contas pela Internet. Você agora tem mais uma opção. 7 x 1.
Saldo
Alguns tem trauma deste placar, 7 x 1, mas desta vez é 7 x 1 pra nós, pois temos mais benefícios do que malefícios neste processo. E, vamos combinar: em tempos de Uber e companhia, tentar lutar contra a tecnologia é perda de tempo, é buscar o retrocesso. A abertura de contas via Internet veio para ficar. Temos que nos adequar a isto, ajudar a ajustar os processos.
Até a próxima.