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Despesas fixas e vida real: como dividir o salário quando 50% não dá conta

Sempre achei que tinha minhas finanças sob controle até porque, com a minha mãe por perto, tudo parecia simples. Mas aí a vida adulta bateu na porta e as despesas fixas começaram: formada, morando sozinha, pagando minhas próprias contas e recebendo meu primeiro salário. A dúvida apareceu rápido, como distribuir esse dinheiro entre tudo o que eu quero e tudo o que eu preciso?

Eu quero investir, viajar, comer direito, curtir com meus amigos… mas também tenho aluguel, contas básicas, transporte e supermercado. Será que dá pra equilibrar tudo isso? Quando fui pesquisar métodos de organização financeira, descobri vários. Mas também descobri outra coisa. Ninguém vive a mesma vida, então não existe uma fórmula que funcione igual para todo mundo.

Como dividir o salário na prática?

A primeira coisa que entendi é que antes de decidir “quanto vai pra onde”, eu precisava saber para onde já estava indo. E aí é simples, ou você anota, ou o dinheiro desaparece. Vale planilha, app ou até um caderno rabiscado, o importante é entender quanto custa a sua própria rotina.

E se você (assim como eu) já deu esse primeiro passo, está de parabéns! Se essa busca toda pelo método ideal serviu pra te fazer registrar, classificar,  analisar e ajustar o seu perfil de despesas, já valeu a pena. Então, bora para o próximo passo: planejar. E foi aí que eu encontrei o método mais famoso de todos: a regra 50-30-20.

O que é a regra 50-30-20?

A lógica é simples:

  • 50% para despesas essenciais,
  • 30% para lazer e estilo de vida,
  • 20% para investimentos e metas financeiras.

Nos 50% entram as contas básicas: aluguel, luz, água, transporte, mercado… tudo aquilo que simplesmente não dá pra ignorar. Os 30% ficam reservados para as partes gostosas da vida tipo sair pra comer, ver um filme no cinema, pagar aquele streaming que você ama, renovar o guarda-roupa ou manter a academia. Os 20% finais são a parte da disciplina, investimentos, reserva de emergência e objetivos de longo prazo tipo uma viagem internacional.

Mas o método 50-30-20 funciona pra todo mundo?

Quando tentei aplicar, já levei um choque. Só aluguel, condomínio, internet e energia tomam mais da metade do meu salário. Se eu acrescento mercado e transporte, adeus 30% de lazer e quem dirá os 20% de investimento.

Mas se eu comparar com meus próprios gastos de anos atrás, o cenário seria bem diferente. Morando com a minha mãe, minhas únicas despesas fixas eram a gasolina do carro e o almoço no bandejão da faculdade. Aí sobrava muito pras festas, rolês e eu até tinha uma reserva financeira.

Por que estou falando isso? Porque eu percebi (e você precisa entender) que é impossível um único método abraçar todo mundo o tempo todo. Cada orçamento funciona como um organismo vivo, muda conforme a fase da vida, as prioridades e até imprevistos.

A minha mãe por exemplo, que quer se aposentar logo, tem uma porcentagem enorme para reserva financeira. E as despesas fixas e essenciais dela envolvem muito mais grana que a minha, já que ela também tem gastos com meu irmão. Usar o mesmo método para nós duas é receita para dar errado.

E quando a despesa fixa é uma dívida?

Se você está endividado, a conversa muda. Dividir o salário vira um exercício ainda mais delicado, já que o planejamento já falhou no primeiro instante. A não ser que seja uma dívida planejada e necessária, tipo um financiamento imobiliário. Aí esse compromisso financeiro vira parte das suas despesas essenciais.

Mas se a dívida for no cartão de crédito, ou empréstimo que você nem lembra onde gastou, a pergunta é mais chata: de onde eu vou cortar? Primeiro, é preciso olhar de frente, valor total, juros e impacto no orçamento. Dívidas precisam entrar na lista de despesas fixas, não dá pra fingir que não existem.

Óbvio que não dá para pagar dívida com o dinheiro do aluguel. Mas dá pra ajustar o que não é indispensável: diminuir nos rolês, trocar Uber por um transporte coletivo e até cortar os streamings que você nem assiste e academia que você não vai. É incômodo? Sim. Mas é justamente esse incômodo que te mostra o peso real da dívida.

Existem outros métodos para dividir o salário? 

Claro que sim.  O mundo das finanças pessoais tem várias fórmulas prontas, umas mais simples, outras mais ambiciosas. Mas, assim como roupa em loja, algumas servem perfeitamente, outras ficam apertadas e algumas simplesmente não combinam com você.

  • Método 70-20-10: esse aqui é para quem está numa fase mais “pé no chão”. Ele sugere que 70% da renda vá para despesas do dia a dia (fixas ou variáveis), 20% para investimentos e 10% para metas pessoais. É uma versão menos rígida, que dá mais espaço para quem tem um custo de vida maior ou ainda está ajeitando a própria rotina financeira.
  • Método do envelope: aqui não tem porcentagem fixa. A pessoa separa o salário em “envelopes” (hoje em dia digitais), cada um com um propósito: mercado, transporte, lazer, presentes, metas… Quando o dinheiro daquele envelope acaba, acabou. É ótimo para quem quer aprender na marra a respeitar limites
  • Método regressivo: nesse você vai colocando suas despesas fixas e compromissos (dívidas, parcelamentos, investimentos) e o que sobrou é o que você tem para gastar durante o mês como quiser. Ele é bom pra quem já tem disciplina, porque o valor da sua reserva financeira e dos investimentos é um dos primeiros que saem. O famoso “me pagar primeiro”.

Não adianta escolher o método “do momento” se ele não cabe no seu estilo de vida. Tem gente que se dá bem com porcentagens, tem gente que odeia porcentagens. Nenhum método é infalível.

Conclusão: o orçamento que funciona fora da teoria

No fim, para o meu alívio, dividir o salário não é só matemática pura, é autoconhecimento. A vida adulta traz boletos, mas também traz liberdade para montar um orçamento que faça sentido para sua rotina, não para um manual.

Não existe modelo perfeito, existe o modelo que funciona com você hoje, e que pode mudar amanhã. O essencial é clareza, saber o que é despesa fixa, o que é variável, o que dá pra cortar e o que é indispensável, coisa que muita gente ainda não sabe como fazer.

E, claro, tentar sempre reservar algo para o futuro, mesmo que seja pouco. Se as dívidas estão no caminho, os ajustes precisam ser mais firmes. Organização financeira não é para deixar a vida chata, e sim para abrir espaço para você fazer dela o que quiser.

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