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Parcelamento no cartão de crédito: como se afundar em 5 meses

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A história é real: “Outro dia, ao tentar pagar uma compra com cartão de crédito, não consegui. Então, abri o app do banco e vi que meu limite de crédito já tinha sido todo utilizado. Porém, ainda era início do mês e eu mal tinha utilizado o cartão… Como pode?!”

Pelo relato, tudo indica que ele já começou o mês com o limite quase todo comprometido, provavelmente por causa de compras parceladas feitas lá atrás. Sabe aquela hora em que você está no caixa, pagando, e vem a pergunta automática: “quer dividir?”. Então, é aí que a armadilha começa.

Como funciona o parcelamento em cartão de crédito? Vamos enfrentar os fatos

O que vamos mostrar aqui agora é um caso real de uma fatura de cartão de crédito de uma pessoa que vamos chamar de Júnia. Ela vai ajudar a gente a entender como o parcelamento funciona. Veja mês a mês as compras da Júnia:

Dezembro

Barra azul escura: fatura atual | Barra azul clara: limite utilizado | Barra cinza: limite disponível

Primeiramente, começamos a análise na fatura de dezembro, onde os gastos dela se concentram nas celebrações de natal. A roupa nova foi parcelada em 3 vezes, os presentes de natal da família também foram divididos e o almoço de natal no crédito à vista.

Note que Júnia tem contas a pagar até fevereiro do ano seguinte. Apesar disso, a fatura ser é R$480, mas o limite utilizado é de R$740 reais.

E então veio o ano novo. Júnia resolveu passar a virada na casa de uns amigos e contribuiu nas contas das bebidas e da comida. Sendo assim, ela parcelou em 4x de R$85. O Uber até a festa também entrou na conta.

Resultado final? Fatura de R$715 e limite utilizado de R$1130,00. A situação financeira da Júnia em dezembro pode ser considerada confortável, já que a fatura dentro do que ela pode pagar e um valor considerável ainda disponível do limite.

Janeiro 

No começo do ano, a fatura da Júnia teve um aumento significativo nos gastos, refletindo bem os gastos típicos de virada de ano. Além de ainda estar pagando as roupas e presentes do Natal e as parcelas do Ano Novo, agora entram na conta a compra do mês e um gasto mais salgado na farmácia, que vão acompanhá-la até março.

Ela também teve que renovar a proteção veicular, que vai pagar em parcelas até outubro, e resolveu esvaziar o carrinho da Shopee, parcelando com o famoso 10x sem juros”. 

Com a quantidade de parcelamentos, o limite utilizado saltou para R$3156,00, apesar da fatura atual ainda estar dentro do orçamento dela.

Fevereiro  

Em fevereiro a fatura aumentou. Além das parcelas que já vinham de janeiro, entraram gastos pesados de início de ano, como o material escolar e o uniforme do filho. E com a promessa de começar uma vida fitness, Júnia assinou o plano anual da academia. E, como a fatura pesou no orçamento, ela precisou fazer um Pix parcelado de R$1.000, mas que com os juros teve custo total de R$1.192.

Em fevereiro, Júnia já tinha comprometido mais da metade do limite total (cerca de 64%). Isso aconteceu por causa do acúmulo de compras parceladas. Embora ainda restem R$2.845 livres, o uso do limite subiu rapidamente de R$3.156 em janeiro para R$5.155 em fevereiro.

Março 

Março chegou junto com os imprevistos da vida. O celular da Júnia estragou e ela precisou comprar outro. E adivinha… parcelado de 9x. Ela também assinou a Netflix que seu filho tanto pedia e comprou uma blusa de time como presente para o aniversário do marido. A fatura que já estava pesada, piorou e ela precisou fazer outro pix parcelado para pagar. 

Resultado? Apesar da fatura ser relativamente baixa em relação ao limite total (R$1.628 de 8 mil), a situação financeira dela atingiu um nível crítico de alerta. Júnia comprometeu 96,5% do seu limite total, deixando menos de R$300 livres para qualquer emergência.

Abril

O problema é que a vida não espera. E em abril, Júnia teve que lidar com o conserto da moto e da máquina de lavar, que resolveram dar problema ao mesmo tempo. A fatura que já estava pesada, agora ficou impossível de ser paga, sem limite até para o Pix Parcelado. 

Então, o bicho pegou quando ela precisou parcelar a fatura. Isso mostra que os gastos mensais dela passaram do ponto e acabaram com o fôlego financeiro. 

E no fim trágico dessa história, Júnia “caiu no rotativo” de cartão de crédito, o grande vilão do mundo financeiro, com taxas que superam os 400% de juros.

Conclusão: a história trágica é mais comum do que parece

A história da Júnia ajuda a escancarar um ponto que muita gente só percebe quando já é tarde demais: o problema não começa no mês em que o cartão é negado, começa bem antes, nas parcelas que vão se acumulando quase sem fazer barulho. Em nenhum momento ela fez uma compra absurda ou fora da realidade. Foram decisões comuns, parcelamentos “sem juros”, gastos típicos de início de ano e alguns imprevistos pelo caminho.

Esse é o risco do parcelamento mal planejado. Ele dá a sensação de controle, mantém a fatura aparentemente pagável, mas compromete o futuro. Quando os imprevistos aparecem, o cartão já está no limite, o Pix parcelado vira saída e o rotativo surge como última porta, quase sempre a pior delas.

A boa notícia é que a história da Júnia não precisa ser um ponto final. Ela é, na verdade, um alerta e, ao mesmo tempo, um mapa de saída. O primeiro passo é enxergar o cartão como ele realmente é: uma ferramenta de pagamento, não um complemento de renda. Mesmo ajustes simples, como trocar o “quer dividir?” por uma pausa consciente antes de comprar, ajudam a interromper o ciclo.

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