
Realizei um financiamento habitacional de aproximadamente R$ 77.500,00 há dois anos, com taxa anual de 4.59% em 300 meses. A parcela atualmente está em R$ 540,00, sendo R$ 279,00 de amortização e R$ 261,00 de juros. O saldo devedor está aproximadamente em R$ 69.000,00. Tenho em FGTS aproximadamente R$ 11.000,00 (meu e da minha cônjuge), pretendo diminuir o valor da parcela ou antecipar. Em relação as nossas finanças está “estável” (Não sobra muito).
Qual a melhor opção?
Gabriel Oliveira
Tenho uma casa financiada pelo Minha Casa Minha Vida em 300 meses. Estou na prestação 57, no valor de 449,10, taxa de juros de 4,50%; saldo devedor de 55.849,76; juros do mês: 210,30; amortização: 229,40.
Sou funcionária pública, estável, tenho 14.000 no FGTS. Pensei em quitar as últimas e permanecer com a prestação no valor que está.
Pretendo aplicar em um CDB um dinheiro que meu marido vai receber. A cada dois anos usaria o meu FGTS quitando o nosso imóvel.
O que você acha, estou fazendo uma boa opção? O banco dá algum tipo de desconto por essa antecipação?
Taís Cristina
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Prezada Taís, prezado Gabriel, obrigado pelas mensagens! Vou analisar cada caso separadamente e, ao final, fazer uma conclusão válida para os dois.
Vamos à resposta ao Gabriel.
Você pretende usar R$ 11 mil de FGTS seu e da sua esposa para amortizar a dívida. É importante salientar que só é possível usar o FGTS do cônjuge caso ele esteja citado no contrato de financiamento como co-adquirente.
Seu financiamento tem prazo de 300 meses e foi feito há dois anos. Considerei, portanto, que faltam 276 parcelas.
Caso você amortize diminuindo o prazo, mantendo o valor da parcela, vai conseguir reduzir o tempo de financiamento para 198 meses, isto é, 16 anos e meio.
Caso amortize diminuindo o valor da parcela, esta cairia para cerca de R$ 450, uma economia de R$ 90 mensais.
Suponhamos que você invista todo mês esses R$ 90 em uma aplicação que renda 0,75% mensais (9,4% anuais), já descontando o Imposto de Renda. Nesse caso, você conseguirá acumular, na aplicação, dinheiro suficiente para quitar seu financiamento em pouco menos de 15 anos.
Vou, agora, responder à Taís.
Você está na prestação 57 de um total de 300. Portanto, faltam 243 prestações. Caso você utilize os R$ 14 mil do FGTS para amortizar diminuindo o prazo, vai conseguir reduzi-lo para 142 prestações, pouco menos de 12 anos.
Caso opte por reduzir o valor da parcela, esta cairia para cerca de R$ 330, uma redução de quase R$120 mensais.
Partindo do mesmo raciocínio que usei na resposta ao Gabriel, suponhamos que você invista todo mês esses R$ 120 numa aplicação com rendimento de 0,75% mensais, já descontando o Imposto de Renda. Nesse caso, você conseguirá acumular, na aplicação, dinheiro suficiente para quitar seu financiamento em cerca de 8 anos.
Como você ainda tem outro montante a ser aplicado, melhor ainda. O CDB pode ser uma boa aplicação, mas eu sugiro que vocês pesquisem outras –Tesouro Direto, LCI, LCA.
O banco não dá descontos, mas refaz o financiamento nas novas condições, o que, normalmente, traz vantagens.
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Agora a conclusão, válida para os dois.
Nós vimos que, financeiramente, compensa vocês amortizarem diminuindo o valor da parcela. Isto acontece porque os juros do financiamento são menores que o rendimento que vocês conseguem em aplicações financeiras.
Mas, atenção! Isto vale apenas se vocês tiverem a disciplina de poupar mensalmente o valor que economizam na parcela, e se a TR não disparar, já que é ela que corrige o saldo devedor do financiamento. Na minha simulação estimei TR de 1,4% ao ano.
Um plano que considero bom é o seguinte:
- Comecem fazendo a amortização diminuindo o valor da parcela, escolham uma aplicação líquida e segura, e invistam mensalmente, no mínimo, o valor que conseguirem economizar na parcela. Se conseguirem investir mais, melhor ainda.
- Fiquem de olho no valor da TR e no rendimento da aplicação.
- Se a TR começar a aumentar demais, ou se o rendimento da aplicação cair, reavaliem o plano. Se for o caso, saquem o dinheiro da aplicação e amortizem o saldo devedor, desta vez diminuindo o prazo.
- Não deixem de usar seu FGTS a cada 2 anos para fazer amortizações.
Esse plano segue um raciocínio essencialmente financeiro. É importante saber que ele é um pouco trabalhoso – é de longo prazo, exige disciplina para aplicar um dinheirinho todo mês e requer que você acompanhe os rendimentos e a TR.
O ganho da Taís é mais expressivo que o do Gabriel, porque o saldo devedor e o prazo restante do financiamento dela são menores, e porque ela tem um valor maior (R$ 14 mil) para amortizar. Para ela, então, esse plano é mais recomendável. Para o Gabriel, a vantagem em diminuir o valor das parcelas, em vez de diminuir o prazo, não é tão expressiva assim.
É isso. Meus parabéns aos dois, pelas conquistas e pelo zelo com que cuidam delas!
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