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Mudanças no FIES e novas alternativas de financiamento estudantil privado

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O Ministério da Educação e Cultura (MEC), em conjunto com o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) divulgaram nota conjunta nesta semana sobre mudanças no Fundo de Financiamento Estudantil (FIES).

Mudanças no FIES

Além das já anunciadas alterações nas regras de entrada* do programa e na quantidade de vagas, o governo pretende agora alterar as regras do financiamento. Seguem as principais mudanças:

Novas regras FIES

Mudanças no pagamento da mensalidade

Outra mudança importante: o pagamento da mensalidade, que antes poderia ser 100% financiado. Agora deverá ser coparticipativo e dependerá da renda per capita familiar, ou seja, quanto maior a renda, maior a capacidade de pagamento. Portanto, maior a coparticipação da família (e menor a do governo). A tabela abaixo exemplifica essa ideia tomando como base um curso com mensalidade de R$1.000**. Assumindo que a renda esteja no limite superior do intervalo da primeira coluna:

Novas regras FIES

Redução nas vagas do FIES

Com essas mudanças, mas principalmente em razão da redução das vagas do FIES, novas alternativas de financiamento privado surgiram nos últimos tempos. Uma delas foi o programa Pravaler***, que fornece financiamento universitário privado para alunos de várias instituições de ensino privado do país.

A regra geral do Pravaler é simples: o prazo de pagamento é o dobro do prazo de realização do curso. Ou seja, mesmo que se demore 6 anos para terminar um curso cuja duração “curricular” normal seja de 5, o prazo de pagamento será de 12 anos (e não 10). A taxa de juros cobrada pela Ideal Invest é de 2,19% ao mês (o que corresponde a 29,7% ao ano). Bem mais salgada que os 6,5% ao ano do FIES.

Esse custo financeiro pode, entretanto, ser dividido entre o aluno e a instituição de ensino. Fiz uma rápida pesquisa; conversei com um amigo, Érico Ribeiro, Diretor Regional da Estácio. Que me disse que as instituições maiores têm assumido integralmente esse custo financeiro, sem repassá-lo ao aluno. Que paga sem juros o curso no dobro do prazo de realização. Mas o Érico me disse também que o contrário pode acontecer: a instituição de ensino não pagar nada dos 2,19% mensais de juros para a instituição financeira e esse encargo ser integralmente pago pelo aluno. Ou ainda algum arranjo intermediário, acordado entre a instituição de ensino e a instituição financeira.

Como ficam, então, essas alternativas? Segue aí um quadro resumo, que considerou um curso de graduação de 5 anos e mensalidade constante de R$1.000 ao longo de todo esse período. Sabemos que isso é bem pouco provável, pois haverá reajustes ao longo desse período, mas como o objetivo é comparar as opções de financiamento, optei por manter a mensalidade constate para facilitar a análise.

tabela3-fies-novas-regras-financiamento-estudantil

Análise das condições de pagamento

Em uma primeira análise, as condições de pagamento do FIES, mesmo com a redução dos benefícios. São realmente de “pai pra filho”: início do pagamento do principal em 6,5 anos, com mais 15 anos para pagar, e juros de 6,5% ao ano.

No caso do financiamento para um aluno de renda per capita familiar de 0,5 salário mínimo, é “de pai pra filho”, só que não. O longo prazo e a baixa coparticipação fazem o saldo devedor aumentar bastante e o desembolso total ao final dos 21,5 anos, de R$111,5 mil, fica quase o dobro do valor do curso. No caso do aluno com renda per capita familiar de 2 salários mínimos (e, portanto, com maior coparticipação no pagamento ao longo do curso). Ou seja o valor total pago é de R$86,2 mil (R$25 mil a menos que a primeira alternativa!).

O melhor dos mundos seria conseguir estudar em uma faculdade que assume integralmente os juros do financiamento. Pois nesse caso, o aluno não pagará um centavo de juros, como visto na alternativa 3. Além disso, fica menos tempo endividado, apenas 10 anos em comparação com os 15 das duas alternativas anteriores. É claro que, de certa forma, esse benefício deve estar embutido no preço da mensalidade cobrada de todos. Pois a instituição privada de ensino visa o lucro como qualquer empresa de outro setor e, portanto, não imagino que queira assumir esse custo de graça.

Conclusão: qual a melhor opção

Agora, se o aluno não tiver acesso ao FIES e optar pelo Pravaler em uma faculdade que transfere integralmente o custo do financiamento para o aluno, aí a coisa fica feia: prestação de R$1.419 ao longo dos 10 anos, e um desembolso total de quase 3 vezes o valor do curso: R$ 170 mil! Assim, não recomendamos essa alternativa 4, a não ser que o curso seja algo muitíssimo qualificado e que os formandos saiam com seu canudo pro mercado com alto nível de empregabilidade.

Como disse, esse é um exercício que tentou de forma simplificada mostrar as alternativas de financiamento disponíveis para quem quer cursar uma faculdade. As condições do Pravaler dependem de convênios que cada faculdade estabelece com a instituição financeira e podem estar em algum lugar entre os dois extremos que apresentamos aqui (pagamento integral dos juros pela faculdade x pagamento integral dos juros pelo aluno).

Resumindo: analise com cuidado as alternativas de financiamento estudantil que você tem em mãos, e escolha aquela em que você pagará menos juros. Seu bolso agradecerá.

NOTAS:

* (450 pontos de nota mínima do Enem, nota da redação diferente de zero e prioridade para instituições de ensino com melhores conceitos de qualidade)
** Tomei como exemplo o curso de Administração de Empresas da Fumec-BH, cuja mensalidade é bem próxima de R$1.000.
*** O Pravaler é um programa da Ideal Invest S.A., correspondente bancário do banco Andbank Brasil S.A.

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