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Ao investir, você copia e segue o comportamento de amigos e familiares?

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Sim. Uma pesquisa realizada com clientes de uma corretora brasileira mostra como funcionam os mecanismos que orientam as decisões de investimento. Você pode ver a pesquisa aqui. A Econometrica, um dos periódicos mais prestigiados do mundo na área de economia, publicou a pesquisa recentemente. Além disso, pode acompanhar a discussão sobre ela em um importante site de economia comportamental.

Se a cópia ou a “emulação” de padrões de conduta aparece na vida social — motivada pelo desejo de estar “na moda” ou de fazer parte “do grupo” —, também vemos esse comportamento nas escolhas de investimento. Por exemplo, quando um amigo compra determinado bem, você se sente atraído a fazer o mesmo. Isso acontece porque o ato de compra transmite uma avaliação positiva do objeto. Da mesma forma, o mesmo processo pode ocorrer com os investimentos. Nesse caso, a dificuldade aumenta, já que é ainda mais complexo obter informações e processá-las de maneira adequada.

Como os clientes foram separados

Na pesquisa, os organizadores agruparam os clientes em pares, ligados por amizade ou parentesco, e depois os distribuíram em dois grupos: investidores 1 e investidores 2.

No grupo de investidores 1, do montante que mostrou disposição para adquirir o ativo apresentado pelo corretor (revelando a preferência de compra), apenas 50% conseguiram efetivamente comprá-lo, definidos por sorteio.

No grupo de investidores 2, os organizadores dividiram os participantes em três subgrupos:
(a) grupo de controle – os investidores não recebiam nenhuma informação sobre as escolhas dos amigos e familiares;
(b) grupo com informação parcial – os investidores recebiam informações sobre a escolha do amigo ou familiar, mas não sabiam se ele tinha sido sorteado para efetivar a compra;
(c) grupo com informação completa – os investidores recebiam tanto a informação sobre a preferência do amigo ou familiar quanto sobre o resultado do sorteio, que permitia a compra do ativo.

Os resultados mostraram que 42% dos investidores 2 do grupo de controle investiram no ativo escolhido pelo amigo ou familiar, mesmo sem saber da escolha dele. O percentual subiu para 71% quando os investidores souberam apenas da preferência do amigo ou familiar, sem informação sobre o sorteio. Ele chegou a 93% quando os investidores souberam tanto da preferência quanto da confirmação de que o amigo ou familiar foi sorteado para adquirir o ativo.

O que foi evidenciado?

Os pesquisadores identificaram dois efeitos principais. O primeiro foi o aprendizado social: a escolha do amigo transmite uma avaliação positiva do ativo. O segundo foi a utilidade social: se o amigo extrai utilidade daquela compra, você tende a imitá-lo.

Como os percentuais de influência aumentaram nos grupos (b) e (c), os pesquisadores concluíram que existe um efeito de aprendizado social, revelado pela preferência do amigo ou familiar. Esse efeito se intensifica quando você descobre que o amigo realmente adquiriu o ativo. Nesse caso, aparece também a utilidade social.

Os pesquisadores analisaram ainda o grau de sofisticação do investidor. O aprendizado social cresceu quando o investidor 1 se mostrou sofisticado (professor de finanças ou economista de prestígio). Já diminuiu quando o investidor se mostrou pouco sofisticado (meu irmão ou meu parceiro de tênis). Entre os investidores 2, o aprendizado social foi maior quando eles souberam que o amigo não tinha experiência na área (novato em investimentos ou sem vivência de mercado). Mesmo assim, até os sofisticados extraíram utilidade social ao copiar as escolhas do amigo.

Conclusão: qual é o resumo da ópera?

Procurar informações sobre os melhores investimentos sempre representa uma decisão sábia. Para quem está começando, esse é um caminho natural, muitas vezes influenciado pelo traquejo social. No entanto, embora as informações dos amigos e familiares sejam rápidas e fáceis, pesquisar mais e estudar melhor seus investimentos aumenta muito a chance de fazer boas escolhas.

Todos nós buscamos um porto seguro: o conforto mental de acreditar que estamos tomando a melhor decisão. O amigo ou familiar pode oferecer esse porto seguro. Mas ele também pode induzir um comportamento de manada ou até uma “bolha” no mercado. Então, por que não gastar um pouco mais de tempo buscando informações por conta própria? Isso pode ajudar bastante, como mostramos no caso da semana passada (veja aqui). Pense nisso!

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