
You raise your children
and you teach them to walk straight and sure
(Bruce Springsteen, “Rocky ground”)
No texto da semana passada, eu listei 10 frases que crianças e jovens dizem, que indicam que eles podem estar desenvolvendo maus hábitos financeiros. Nesta semana eu pretendo caminhar mais um pouco nesse assunto.
Com qual idade deve iniciar a educação financeira?
Alguns dias atrás, uma pessoa me perguntou com que idade os pais devem iniciar a educação financeira de seus filhos. De imediato, eu respondi que, antes da educação financeira em si, é importante começar a educação para o consumo desde os primeiros anos de vida.
Mas aí veio a dúvida: “como ensinar isso para uma criança de 1 ano de idade?”. A resposta está nos exemplos. Uma criança educada em um ambiente consumista tem mais chances de se tornar consumista também.
Por isso, trago hoje algumas questões para os pais refletirem e colocarem em prática na educação dos filhos — se e como quiserem.
Como lidar com os filhos
- Consumismo. É preciso, desde cedo, ensinar às crianças que não há problema nenhum em desejar ter alguma coisa e, depois, comprar essa coisa. No entanto, é fundamental deixar claro que não se pode ter tudo — e nem mesmo quase tudo. Afinal, não há dinheiro para tanto. E mesmo que houvesse, não haveria espaço para guardar tudo. Mais importante ainda, mesmo que fosse possível, não seria bom ter tudo. Não é saudável e, arrisco dizer, nem bonito, em um mundo onde tanta gente tem tão pouco. Em outras palavras, a criança que se acostuma a ganhar muitos brinquedos perde o prazer de brincar e passa a sentir prazer apenas em ganhar.
- Necessidade x desejo. Falei sobre esse assunto no meu primeiro texto no blog (**). Muitas vezes é difícil distinguir o desejo e a necessidade. Para crianças e adolescentes, muitas vezes é impossível. A adolescente não deseja aquela maquiagem cara, ela sente que necessita dela, para se sentir bem e para se inserir em um grupo. O mesmo vale para a criança, em relação ao brinquedo da moda. É importante os pais ajudarem os jovens a não sofrerem por bens materiais. Chamá-los à realidade, sem perder o carinho e sem exigir deles uma racionalidade que eles não conseguem ter. Satisfazer a alguns de seus desejos, mas dentro das possibilidades e sem se renderem demais à moda.
Para além do filho x consumo
- Superexposição ao marketing. Todos estamos expostos às ações de marketing. Não apenas às propagandas, mas a códigos de comportamento e valores que, muitas vezes, são frutos de ações muito bem orquestradas pelas indústrias de bens, serviços e entretenimento. Para as crianças isso é especialmente perigoso. Os personagens do filme que está no cinema estarão esperando pelas crianças nas lojas de brinquedos, de roupas, nas papelarias, nas lanchonetes, em todo lugar. O mesmo acontece com astros do esporte e da música. É importante que os pais procurem filtrar um pouco essa exposição.
- “De onde vem o dinheiro?” Crianças pequenas às vezes pensam que os caixas eletrônicos são máquinas mágicas que fornecem dinheiro ilimitadamente, e que o cartão de crédito é uma varinha de condão que permite que se compre tudo o que se quer. É fundamental explicar para elas que, tanto o caixa eletrônico quanto os cartões, são uma extensão do bolso. E que o bolso é uma consequência do trabalho.
- Poupança. Crianças que já recebem mesada, ou semanada, podem e devem ter noções de poupança desde cedo. Não deve ser dada tanta importância aos investimentos e rendimentos, porque os valores são muito pequenos e podem frustrar a criança – “Ah, mas rendeu só isso?”. O importante é ensiná-la a guardar. Mostrar que duas revistas que ela deixa de comprar a cada mês podem se transformar em um belo brinquedo, alguns meses depois.
Estas são apenas algumas das reflexões. Há muitas outras, educar filhos não é simples. E você, tem alguma questão diferente dessas, que considera importante? Conte para nós sua relação filho x consumo.
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