Imagina que sua tia vê um anúncio de jogos que ensina finanças e pensa: “lá vem mais enrolação”. Mas aí o jovem entra, vê avatar de dragão economista e… espera, pode ser legal.
As fintechs estão usando o Banco Imobiliário, aquele clássico da infância, com cartão de débito, máquinas de pagamento e não mais notas de papel, para avançar na educação financeira dos jovens. Tem também o Crushing Cripto, estilo game de ilha que explica criptomoedas e tem Roblox com “CAIXA Coins” para ensinar a poupar e investir na Caixa Econômica.
A ideia é clara: se o celular já tem a atenção dos adolescentes, por que não transformar tempo de tela em algo com pouco sentido, mas útil?
Gamificação sem chateação, é possível?
Quando a mecânica do jogo apresenta os juros compostos como “se você guarda, ele rende mais”, faz mais sentido do que ouvir “juros compostos é importante” da boca de um tio chato. Esses games mexem com nossa vontade de crescer, subir de nível e ganhar recompensas.
Mas será que a galera curte nos jogos? Ou finge curtir?
Alguns professores relatam que a turma diz: “quero ver mais”. Mas se assustam quando entram no jogo e encontram tabelas de classificação por pontuação. No fim vira uma competição vazia e o jovem faz de tudo pra trapacear e subir no ranking. Isso só tira o foco do que realmente interessa.
Quais os jogos que ensinam educação financeira?
GBR – Goumi, o MMO da horta que ensina investimento
No Brasil, temos o Goumi, jogo tipo MMO onde você cuida de hortinha, equilibra energia, fome, higiene, compra sementes, planta e ganha grana. Depois disso, dá pra investir em indústrias, bolsa e trocar com outros jogadores.
Finexit – escape room financeiro
Uma experiência tipo escape room que exige colaboração, criatividade, engajamento e, claro, aprendizado sobre mercado financeiro. Ideal para quem acha sala de aula um saco, mas adora fugir de sala escura cheia de enigmas com planilha
Money Wise Challenge (gringo, mas serve de inspiração)
Um game da gringa que virou fenômeno: já teve meio milhão de downloads. A turma entra numa jornada onde toma decisões financeiras e vê consequências em tempo real. Dizem que é de longe a forma mais memorável de aprender finanças, até quem odeia falar sobre dinheiro curte no Instagram.
O que os adolescentes têm achado da gamificação dos bancos?
Quando o jogo dá uma analogia bacana, tipo “guardar dinheiro é como plantar hoje e colher frutos depois”, até quem nunca quis saber de finanças acaba piscando os olhos. Faz sentido mesmo pra quem só vive de memes e desafio do TikTok.
Mas, se o game vira uma parada só de troféu digital e ranking, aí o barulho vira ruído. Quem joga quer diversão, não fila de espera por medalha inútil. Parece óbvio, mas virar competição vazia distrai e desmotiva. Elementos como badges, pontuação ou líderes podem até sabotar o aprendizado, atrapalhando o rendimento e até encorajando “jeitinho” para trapacear o sistema.
A verdadeira virada acontece quando o jovem sai do jogo com vontade de aplicar a ideia na vida real: “E se eu realmente guardasse esse dinheiro em vez de gastar com besteira?”
Conclusão: essa ideia de jogos vai pra frente?
Jogos tem potencial enorme para aproximar os jovens da educação financeira. Pode transformar o tédio das planilhas em algo interativo, que desperta curiosidade e até dá vontade de aplicar fora da tela. Mas só funciona se tiver propósito de verdade e não se for um truque de marketing mal disfarçado.
Quando é mal feito, o jogo acaba como mais uma promessa vazia: um amontoado de pontos, medalhas e notificações que ninguém leva a sério. É o típico “game over” que faz o jovem fechar o app mais rápido do que pular o anúncio do youtube.
Agora, quando acerta a mão, o efeito é outro. A gamificação vira um convite para pensar diferente sobre o dinheiro. Pode ser o “start” que muita gente precisava para sair do modo sobrevivência e entrar no modo estratégia. Não significa que todo adolescente vai virar investidor mirim, mas que pelo menos vai ter um olhar mais crítico antes de cair em dívidas ou gastar com qualquer besteira.