Ricos do jeito errado
Estamos tentando ficar ricos do jeito errado. Vai ser difícil ficar rico devendo tanto dinheiro e investindo tão pouco. Entenda e mude seu comportamento.
Qual o seu sonho?
Minha impressão é que se o gênio da lâmpada concedesse a realização de um sonho a cada um de nós, a grande maioria escolheria “ficar rico”. Bom, considerando que ficar rico é um desejo tão forte e de tantas pessoas, é de se esperar que no século 21 já tivéssemos aprendido a melhor maneira de atingir este objetivo, não é mesmo? Pois é aí que eu acho que pode estar o problema: estão querendo ficar ricos do jeito errado!
Busquem pela memória a última vez que conversaram ou leram sobre algo parecido com este tema e provavelmente se lembrarão de assuntos relacionados a investimentos. Os exemplos que me vêm à cabeça são:
- Como o fulano ganhou dinheiro na bolsa de valores;
- Aquelas dicas quentíssimas sobre como escolher ações;
- Artigos sobre estratégias no mercado acionário, inclusive usando derivativos;
- A maneira que o “Beltrano” usou para ficar rico investindo em imóveis;
- O quanto alguns ativos financeiros, que a gente mal consegue falar o nome e menos ainda entender como eles funcionam, rendem bem mais do que as tradicionais poupança e/ou CDB.
A esta altura já deve ter algum leitor pensando “Poxa vida, este cara escreve sobre finanças pessoais e está prestes a dizer que entender de investimentos não é importante?”. Não me entendam mal, não é exatamente isso. Mas é por aí…
Tudo a ver
Como assim? Esclareço. A principal mensagem que gostaria de transmitir a vocês é que para o brasileiro médio hoje é mais fácil ficar rico gerenciando bem dívidas e custos financeiros do que rebolando para tentar fazer com que suas aplicações financeiras passem a render 110% do CDI, ao invés de 100%.
Dados do Banco Central apontam aproximadamente 63 milhões de endividados no Brasil. Quase um terço da população total do país. Se considerarmos apenas a população economicamente ativa, então, a coisa piora. Alguns milhões de pessoas devendo o financiamento imobiliário, com um saldo devedor mediano de R$ 250.000,00 (média). Outros tantos milhões financiando veículos, com dívida mediana de aproximadamente R$ 30.000,00.
Quem aplica e tem dívidas ao mesmo tempo?
Pergunto: quantos destas dezenas de milhões de pessoas têm aplicações financeiras em montante superior ou equivalente às suas dívidas? Me arrisco a responder que uma pequeníssima parte. Ou seja, eles têm patrimônio financeiro líquido negativo. Em outras palavras, devem mais do que possuem aplicado.
Daí vem o ponto abordado neste texto de hoje, e que me intriga. Por quê, então, estas pessoas continuam dedicando o pouquíssimo tempo que destinam à gestão de suas finanças para encontrar os “melhores investimentos”?
Financeiramente falando (e pensando em ficar rico), não seria mais vantajoso que eles se dedicassem a tentar reduzir os custos de suas dívidas, passar a dever menos e começar a investir mais? Quem tiver algum palpite e quiser compartilhar com este humilde autor, fique à vontade. Desde já agradeço.
Até a próxima.
(Publicado também, com ajustes, em http://dinheirama.com/blog/2014/01/15/estamos-tendando-ficar-ricos-do-jeito-errado/)