Os empréstimos estão tão populares no Brasil que nem os nomes estão escapando hoje em dia. Sim, já faz um tempo que as pessoas emprestam seus próprios nomes para outras, que geralmente têm restrição cadastral e que não podem tomar seus próprios empréstimos ou fazer compras a prazo. Geralmente, é um familiar ou um amigo que chega pra você com aquela conversinha mansa, de que precisa de ajuda. Antigamente, eles pediam o dinheiro emprestado, agora, além da grana, eles às vezes pedem pra usar o seu cartão de crédito, pois os deles já não tem mais limite.
Outra prática comum é pedirem que você tome um empréstimo no seu nome para eles, também porque os nomes deles já estão sujos na praça, não permitindo a retirada de empréstimo próprio. Cuidado, pois nem sempre os “pidões” admitem que estão na lama. Os argumentos que eles usam podem ser sedutores, como as taxas de juros oferecidas pra você serem mais baixas do que as que eles conseguiriam.
Os aposentados do INSS, coitados, mais velhos, costumam ser presas fáceis de seus familiares, especialmente os mais novinhos, que já têm todo tipo de dívida, estão enroscados, com nomes sujos e limites de crédito estourados, mas precisam porque precisam de mais um dinheirinho pra comprar aquele novo modelo de celular.
Ser avalista e/ou fiador é também outra forma de emprestar o nome, imagino que já conhecida de muitos. É uma roubada tão grande que as seguradoras até criaram um produto chamado seguro-fiança para substituir o fiador nos contratos de aluguel. Acho que estava cada vez mais difícil encontrá-los por aí…
Finalmente, outra tradicional fonte de dor de cabeça são as sociedades em que você é convencido a entrar para auxiliar terceiros. É comum ficar enrascado em função das trapalhadas feitas pelos outros sócios. Num minuto é: “Quebre este galho pra mim, por favor” ou “É só até esse probleminha passar” e, no outro, suas contas correntes e aplicações financeiras estão congeladas, por força de uma decisão judicial. Infelizmente, também conheço vários casos assim.
Bom, por estas e por outras, recomendo que você faça como eu: não empreste seu nome a sociedades, não deixe que outros usem seus cartões de crédito, não dê aval, não seja fiador e não tome empréstimo para terceiros, mesmo que eles sejam parentes ou amigos.
Se quiser mesmo ajudar, você pode até emprestar dinheiro seu, mas nunca o que tomou emprestado, pois as chances de eles não pagarem são grandes. Imagine como foi que os “pidões” chegaram nesta situação, pra começo de conversa. Sendo assim, se não devolverem um dinheiro seu já é ruim, mas se não pagarem um empréstimo que você retirou pra eles em seu nome, você pode acabar entrando numa enrascada financeira sem culpa nenhuma. Ou melhor, com culpa, sim: a culpa de não ter tido coragem de falar: “Comigo não, violão!”.