Na nossa participação no programa Em Boa Companhia desta semana, falamos com o Pedro Vieira sobre como ficar rico. Pois é, acabou 2017, passou a Mega da Virada, nenhum de nós ganhou o prêmio. E agora? No Brasil de hoje é possível ficar rico somente com o fruto do trabalho?
Nossas conversas com o Pedro costumam ser bastante práticas, concretas, abordando os temas da economia de forma bastante objetiva. Desta vez foi um pouco diferente. A conversa teve um lado um tanto filosófico, reflexivo.
Pequena fábula
Começamos lendo um texto de Alberto Ajzental. O autor é graduado em Engenharia Civil, mestre e doutor em Administração de Empresas. Ele milita na área de negócios, estratégia, marketing e economia. Enfim, em tudo aquilo de que o Educando Seu Bolso trata.
O texto começa com uma pergunta que é uma provocação. “Seu lucro é real no final do mês, ou mal dá para pagar o seu trabalho?”
A história é sobre a personagem fictícia Lúcia. Ela saiu do seu emprego e passou a fazer marmitas em sua comunidade. Cada quentinha, saborosa e honesta, sai por R$ 7,50. Ela costuma vender 50 marmitas por dia, faturando, assim, R$ 375,00. O custo dos ingredientes, do gás e da diária de sua ajudante ficam em torno de R$ 266,00. Sobram para ela, portanto, R$ 109,00 todos os dias. Não é muita coisa: é apenas a remuneração do seu trabalho. Não dá para investir na ampliação do negócio, nem para melhorar sua qualidade de vida.
Reinventar-se
Lúcia não é a única a fornecer o serviço, outros vizinhos também vendem o produto, pelo mesmo preço. Por isso, ela se vê diante de uma decisão. Ou vende o mesmo produto que outras pessoas vendem, e se contenta com o lucro que remunera apenas seu trabalho, ou precisa se reinventar. Isto é, diferenciar seu produto.
Começou então a oferecer, junto da marmita, salada, molhos e frutas. Aumentou o preço, manteve as vendas, e passaram a sobrar para ela, por dia, R$ 275,00. Sua expectativa é ampliar o negócio, mas ela sabe que não pode se acomodar. Seus concorrentes, assim que perceberem que ela se diferenciou, vão querer imitar. E aí a diferença acaba, e todos voltam a ter a mesma retirada modesta de antes.
A grande pergunta: como ficar rico?
Neste ponto, vem a pergunta: é possível ficar rico trabalhando em seu próprio negócio? Ou, por outro lado: é possível ficar rico SEM ser por meio do seu próprio negócio? Isto é, apenas ganhando salário, mesmo que seja um bom salário? Como ficar rico em uma economia tão complexa como a atual?
Será que é preciso fazer a opção – salário ou negócio próprio? Ou será que é possível fazer as duas coisas ao mesmo tempo?
Quando se é assalariado, parte do lucro que a pessoa gera fica para a empresa. Sendo assim, parece mais vantajoso ser empreendedor, certo? Por outro lado, a maioria das pessoas não conseguiria gerar lucro sem a ajuda da estrutura da empresa. Além disso, o salário certinho no final do mês dá mais segurança, certo? Pensando assim, parece melhor ser assalariado. Mas, espere aí: “salário certinho”? E o desemprego? Quem é dono do próprio negócio nunca é demitido. Mas e a concorrência, os impostos, as falências?
Difícil decidir, né? Sim! Nosso objetivo hoje não é dar respostas, mas sim fazer boas perguntas. Convidar o leitor a pensar na própria vida. Você está satisfeito com seus níveis atuais de rendimentos e de riscos? Quer ganhar muito mais do que ganha? Como ficar rico? Ou será que lhe basta ter mais segurança e tranquilidade? Será que estudar para buscar a aprovação em um Concurso Público, e, ser Servidor Público ou Funcionário Público poderia ser, também, uma boa ideia?
Empreender
Para quem quer se aventurar a ser empreendedor, que tal pensar em ser MEI – Microempreendedor Individual? Este programa é muito interessante, bastante simples de ser colocado em prática. Mas, claro, ele é apenas a ferramenta. Não responde as perguntas principais: O QUE e COMO fazer?
Não há como ficar rico sendo MEI, se a pessoa continua pensando como assalariado. Nos primeiros tempos o MEI geralmente não tira férias, não tem remuneração garantida. É preciso, primeiro, pensar na empresa, depois em si próprio.
Conheço caso de microempreendimento que foi à falência porque o dono pensou como assalariado. Após um mês de boas vendas, limpou o caixa da empresa e foi tirar férias com a família. Ok, merecidas férias, ele e a família mereciam. Acontece que, para fazer isso, era preciso planejar. Entender que a vida do MEI não é feita apenas por meses de boas vendas. Na volta, a empresa estava fraquinha e não suportou alguns meses seguidos de vendas apenas medianas. Uma pena.
Perfil
Ser dono do próprio negócio significa lidar com clientes, fornecedores, concorrentes, funcionários, governo, leis. Significa, às vezes, fazer papel de motorista, vendedor, comprador, faxineiro, segurança. E é preciso fazer isso tudo com dedicação, amor à camisa, alegria e a convicção de que tudo aquilo é para o próprio bem.
Nem todo mundo gosta disso. E tem gente que até gosta, mas não tem perfil para isso. Então não adianta olhar para seu vizinho, que está se dando muito bem sendo MEI, e achar que basta você imitá-lo para também se dar bem. Nem sempre isso acontece.
Quem acompanha o Educando Seu Bolso já ouviu falar na Santíssima Trindade da Educação Financeira. Ela vale também para os empreendedores. Autoconhecimento, planejamento e disciplina. Primeiro, conheça a si mesmo, entenda o que é importante para você e quais são suas aptidões. Depois, tenha um bom plano, conheça o mercado em que quer atuar, saiba o que deu certo e o que deu errado para quem já se aventurou nele. Finalmente, tenha disciplina para executar seu plano e para repensá-lo, se for necessário.
Cuidado com as modinhas
Falei há pouco sobre essa história de imitar seu vizinho que está se dando bem em um empreendimento. Muito cuidado com isso. Você já deve ter visto, perto da sua casa, algum negócio que é uma verdadeira novidade. Depois, percebeu que perto do seu trabalho há mais duas pequenas empresas daquele mesmo segmento. À noite, assistindo à novela, vê um personagem que também tem uma lojinha daquela. Aí você tem a ideia genial: “Já sei como ficar rico. Vou abrir uma empresa dessa para mim”. Cuidado! Pode ser tarde demais para entrar.
Quando muita gente percebe que determinado segmento pode ser um bom negócio, talvez o momento para entrar naquele setor já tenha passado. Se parar para pensar, você vai se lembrar de várias modas que surgiram, bombaram e agora já não são mais o que já foram. Paletas mexicanas, açaí, lan houses, lojas de R$ 1,99, espetinhos, food truck… Mais algum? Pois é, houve gente que ganhou dinheiro com isso tudo, mas aí o mercado se saturou, passou o momento. É importante, então, enxergar boas oportunidades antes dos outros. Não existe segredo, é preciso ter percepção, informação e, claro, um pouco de sorte. Sem isso, não tem como ficar rico sendo empreendedor.
Como obter informação sobre o segmento em que você quer empreender? Há várias formas, recomendo praticar todas. Uma delas é estudar por conta própria, pesquisar, visitar sites. Outra é visitar as empresas que já existem, observar como a coisa funciona, conversar com funcionários, ou com o próprio dono. E outra é contar com entidades como o Sebrae e agências de desenvolvimento regionais, que podem ser grandes parceiros neste momento.
Boa sorte!
É isso. Como foi dito lá no início, a conversa hoje foi um tanto reflexiva. Não era o objetivo trazer respostas definitivas, e sim as perguntas certas. Conheça a si mesmo, faça planos para sua vida. Se decidir empreender, pense no que gosta de fazer, estude, desenvolva a curiosidade e a percepção, atualize-se e prepare para colocar mãos à obra!
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Bom dia, Riquelme.
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Abc
Parabéns,
Muito interessante e esclarecedor. Não me vejo sendo um empreendedor mas tenho muitos conhecidos que se aventuram nas modinhas e acabam quebrando a cara pois não estudaram o mercado.