Search
Search

Como não transformar sua viagem internacional em uma dívida internacional

Tudo começou quando uma amiga me ligou empolgada com uma viagem internacional: “Achei uma passagem para Paris por R$2.500, vou comprar agora!”. Só que, enquanto ela comemorava, eu já abria a calculadora mental: “Tá, mas e a hospedagem? Seguro viagem? Transporte? Alimentação? E aquele IOF escondido no cartão de crédito?”.

No fim das contas, a passagem barata virou só a ponta do iceberg. A viagem internacional dela acabou custando quase o triplo do que imaginava, e parte ficou parcelada no cartão, com juros que ninguém lembra de somar na hora da empolgação.

Foi aí que percebi que o problema não é sonhar em conhecer o mundo, mas acreditar que dá para embarcar sem planejamento financeiro.

Planejamento é tudo, a planilha não mente

Antes de sair correndo atrás de promoções, o primeiro passo é botar os custos no papel (ou na planilha). Só assim você enxerga o tamanho real da brincadeira.

  • Passagens: use comparadores, ative alertas e fuja de feriados.
  • Hospedagem: hostel, Airbnb, hotel,… cada escolha pode dobrar ou reduzir seu gasto.
  • Extras: transporte, alimentação e ingressos de atrações precisam entrar no cálculo.

Só em escolhas diferentes, a mesma viagem pode variar até R$10 mil a mais.

O dilema das passagens para viagem internacional

Milhas: funcionam, mas com cautela

As milhas ajudam a reduzir a fatura, mas só fazem sentido se o cartão de crédito for usado de forma responsável. Do contrário, os juros do rotativo engolem qualquer economia. Sem falar que muitos programas impõem restrições chatas, datas limitadas, tarifas infladas e taxas extras.

Promoções que brilham (mas enganam)

As famosas promoções relâmpago podem salvar o bolso. Já viu trecho na Europa por menos de 20 euros? Parece sonho. Mas cuidado: bagagem, marcação de assento, embarque prioritário e até água podem ser cobrados à parte. A tarifa “milagrosa” pode custar mais caro que uma convencional.

Regra de ouro, sempre calcule o preço final da passagem com todos os adicionais.

Dinheiro na mala: papel, cartão ou app?

Aqui não tem consenso, é a pergunta que todo viajante faz. E, sim, a escolha errada pode custar caro.

Dinheiro vivo

Ter um pouco em espécie é essencial (um táxi, um lanche rápido, uma emergência). Mas levar grandes quantias é arriscado. E pior, o câmbio físico no Brasil costuma ser mais caro que nas alternativas digitais.

Trocar aqui ou lá fora?

Se for levar espécie, vale pesquisar promoções em casas de câmbio no Brasil. Mas se optar por conta digital internacional, muitas vezes é melhor converter direto no aplicativo.

Cartão de crédito internacional

Aceito em todo lugar, mas é a opção mais salgada. Cada compra paga IOF de 3,38%, além da cotação imprevisível, só revelada na fatura. Como já disseram: “gera um IOF ferrado”. Verdade.

Contas digitais internacionais

Aqui está a virada de chave. Bancos digitais como Inter, C6 e Nomad oferecem contas globais que permitem converter reais para dólar ou euro direto no app. O cartão de débito dessas contas cobra IOF de apenas 1,1%, contra os 3,38% do crédito. Além de mais barato, dá previsibilidade: você já sai de casa sabendo quanto vai gastar.

Seguro viagem: cortar esse gasto é pedir para se endividar

Muita gente acha que pode economizar cortando o seguro. Grande erro. Se no Brasil já é caro se tratar, fora pode ser impagável.

  • EUA: uma simples consulta pode passar de US$200.
  • Internação hospitalar: mais de US$10 mil.
  • Emergência na Europa: facilmente € 5 mil.

Além disso, países do Tratado de Schengen exigem seguro com cobertura mínima de 30 mil euros para autorizar a entrada. Ou seja: sem seguro, você pode nem sair do aeroporto.

E a melhor parte é que o preço é irrisório perto do risco. Dá para contratar boas coberturas a partir de R$15 por dia.

Quantos euros levar para uma viagem de 20 dias à Europa?

A resposta depende muito mais de quem viaja do que do destino em si. O estilo de vida e o momento financeiro influenciam diretamente no orçamento da sua viagem para o exterior. Vamos a três perfis bem comuns:

Mochilão econômico – o universitário solteiro

O clássico mochileiro é geralmente um estudante, solteiro, com tempo de sobra e bolso apertado. A prioridade não é o conforto, mas sim acumular experiências mesmo com pouco dinheiro.

  •  Hospedagem em hostel ou quarto compartilhado: € 20 a € 30/dia
  • Alimentação simples (mercado, fast food, cozinhar no hostel): € 15 a € 20/dia
  • Transporte público: € 5 a € 10/dia
  • Passeios gratuitos e alguns pagos: € 10/dia

Orçamento total: cerca de € 50 a € 70 por dia, ou € 1.000 a € 1.400 para 20 dias, ou seja, R$6.250,00 a R$8750,00 (euro em 6,25), mas esse valor não considera a passagem.

Viagem confortável – recém-formado no primeiro emprego

Aqui entra o perfil de quem já se formou, conseguiu o primeiro emprego e quer curtir com um pouco mais de tranquilidade uma viagem internacional, sem extravagâncias, mas sem abrir mão de algumas regalias.

  • Hospedagem em hotel 2 ou 3 estrelas ou Airbnb confortável: € 50 a € 80/dia
  • Alimentação variada (restaurantes simples e ocasionais jantares melhores): € 30 a € 40/dia
  • Transporte público + Uber/táxi em alguns trechos: € 15 a € 20/dia
  • Passeios pagos, museus, ingressos: € 20 a € 30/dia

Orçamento total: cerca de € 100 a € 150 por dia, ou € 2.000 a € 3.000 para 20 dias, ou seja, R$12.500 a R$18750,00 (euro em 6,25), mas esse valor não considera a passagem.

Viagem premium – casal já casado (valor por pessoa na viagem internacional)

O terceiro perfil é o do casal que já está casado e prefere uma viagem internacional com total conforto. Aqui, o foco é descansar, comer bem, ficar em bons hotéis e contratar passeios guiados.

  • Hospedagem em hotel 4 estrelas: € 100 a € 150/dia (por pessoa)
  • Alimentação em restaurantes: € 40 a € 60/dia
  • Transporte confortável (Uber/táxi, trens rápidos, locação de carro): € 30 a € 50/dia
  • Passeios completos e experiências premium: € 40 a € 60/dia

Orçamento total: cerca de € 200 a € 300 por pessoa/dia, ou € 4.000 a € 6.000 por pessoa para 20 dias, ou seja, R$25.000 a R$37500,00 (euro em 6,25), mas esse valor não considera a passagem.

Conclusão: o saldo da história da viagem internacional

Economizar numa viagem internacional não é sobre dormir mal, comer mal e contar moedas. É sobre escolher com inteligência.

Saber quando uma promoção é de verdade, fugir do IOF abusivo, misturar formas de pagamento para não ficar refém de uma só e contratar seguro viagem para evitar prejuízos gigantes são coisas simples que podem te salvar um dinheirão.

Além disso, escolher bem o dia de viajar, usar milhas de forma inteligente, aproveitar promoções, e até se aventurar em hospedagens mais arrojadas para acumular experiências novas faz parte do pacote. Afinal, não é pra isso que a gente viaja?

Viajar barato não significa viajar pior. Significa voltar para casa com memórias boas, e não com a fatura do cartão virando pesadelo.

💭 Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima