Alguns consumidores buscam se manter atualizados quanto aos padrões tecnológicos e chegam a trocar eletrônicos e automóveis anualmente. Será que a frequente atualização de modelos deriva de revoluções reais de paradigma ou são melhorias incrementais que atendem à necessidade da indústria de lucrar mais?
Vivemos em uma sociedade caracterizada por um forte apelo consumista em que ferramentas de marketing e a capacidade de se prever e criar desejos nos consumidores influenciam a definição das empresas que se manterão no mercado. Em virtude disso, os produtos tendem a ser “renovados” com maior frequência para que se mantenha a percepção de modernidade, fronteira tecnológica e o status. Como você, consumidor, se comporta diante dessa dinâmica? É realmente necessário deter sempre os itens da fronteira? (Aqui, já provocamos um pouco sobre a questão necessidade x desejo.)
Vocês já devem ter percebido que, atualmente, o conserto de nossos eletrodomésticos fica tão caro quanto a compra de um novo produto. Quando solicitamos a assistência técnica para efetuar reparos em máquinas de lavar, microondas, televisões de LED, entre outros, não raramente somos surpreendidos com um orçamento que se equipara ao valor de um produto novo.
Anualmente novas versões de smartphones, notebooks e tablets são lançadas periodicamente, com incrementos tecnológicos que não necessariamente revolucionam os padrões. O ciclo de vida útil dos produtos parece ter sido, propositalmente, reduzido pela indústria com o intuito de acelerar a troca dos produtos e com isso lucrar mais. Cria-se uma obsolescência tecnológica para que o consumidor seja estimulado a comprar produtos, até mesmo com a opção de entrega da versão anterior ao lojista. Aliado a isso, a constatação de que seu produto está desatualizado ou fora de linha cria um sentimento de obsolescência psicológica nos consumidores que pode afetar a autoestima, a vaidade e a satisfação das pessoas.
Observamos a evolução das televisões e constatamos que o padrão com tubos de imagem perdurou por décadas e recentemente, como uma avalanche, vieram as TVs de LCD, plasma, LED, OLED e variantes, com itens como smartv, 3D, wi-fi, câmera embutida, controle por voz, por movimento, kits de atualização, full HD, 4K entre outros itens.
No caso dos smartphones e tablets, isso é mais nítido com a Apple (tida como líder em tecnologia) lançando anualmente uma nova versão de seus iPhones e ipads com itens que não necessariamente revolucionam o funcionamento. O Iphone 6, último lançamento de smarphone da Apple, custa em torno de R$ 3.600,00 no Brasil. Pesquisas revelam que consumidores trocam de celular em cerca de 12 a 18 meses. Se o consumidor, em vez de trocar anualmente seu telefone, o fizer a cada três anos, poupar R$ 300,00 mensalmente e aplicar a 0,8% ao mês, ao final de nove anos terá o modelo mais moderno e mais de R$ 36.000,00 poupados.
Com esse dinheiro, vários outros sonhos podem virar materialidade, sem prejuízo tecnológico sensível para o consumidor. Isso permitirá a ele investir em outros ativos como imóveis, conhecimento, pessoas, relacionamento, calor humano e solidariedade, entre outros, o que pode gerar tanta ou mais satisfação que um smartphone sempre atualizadíssimo!