Outro dia desses, jogando uma conversa fora com um casal de amigos preocupados com os quilinhos a mais que ganharam ao longo dos últimos anos e, claro, com a saúde, eles me disseram que se matricularam numa academia e começaram a frequentar o Vigilantes do Peso. Em dois posts anteriores, fiz uma comparação entre meu hobby atual, a corrida, e a educação financeira. Paralelo semelhante vale pra relação que você estabelece com dois dos seus órgãos mais sensíveis: seu estômago e seu bolso.
Em primeiro lugar, se, por um lado, prudência e canja de galinha não fazem mal a ninguém – como diz o ditado –, por outro, comilança e gastança fazem mal a qualquer mortal. Impossível negar que comer e gastar são grandes fontes de prazer, pra muitos de nós! Mas a semelhança acaba aí: a regra geral pra uma dieta saudável é não ingerir mais calorias do que seu corpo consome, senão lá vêm aqueles quilinhos a mais pra te perturbar. No caso do seu bolso, vale o contrário: os inputs devem ser maiores que os outputs, sempre!
Além da quantidade, a qualidade do que se consome também deve ser levada em conta. Há tempos, aboli definitivamente alguns itens do meu cardápio e reduzi bastante a presença de outros, mas sem eliminar por completo. Igualmente, defenestre da sua vida os desperdícios, e também gastos tóxicos tais como os juros do cheque especial e do cartão de crédito rotativo. Tente diminuir os supérfluos. De vez em quando, dá pra comer aquele torresmão ou aquele espaguete à carbonara lotado de bacon? Até dá, mas só se for de vez em quando. Com parcimônia, com moderação.
Voltando à questão do superávit, o foco principal deve ser fechar o mês no azul, entretanto, olhando pra um horizonte um pouco mais longo de planejamento, pode ser que alguns meses tenham que terminar bem mais azuis pra que em outros se consiga evitar o fechamento no vermelho. Há vários gastos e receitas que são sazonais, mas os dois nem sempre ocorrem no mesmo mês, por isso um pouco de planejamento pode te ajudar a ficar sempre no azul. Na natureza, vários animais ou partem pra comilança ou descansam bastante pra acumular energia em determinados meses do ano que lhes permita sobreviver a temporadas mais difíceis. Lidar com a sazonalidade de inputs e ou outputs está no DNA deles, e isso é um grande aprendizado de planejamento.
Por fim, voltando aos meus amigos, a santíssima trindade está valendo pra eles também: eles consultaram o médico, fizeram exames, viram o tamanho do problema (autoconhecimento); definiram o quanto queriam melhorar a saúde e traçaram planos pra isso (planejamento); e, por fim, vêm implementando diligentemente esse plano, tanto nos exercícios quanto na dieta (disciplina). A rotina deles mudou significativamente de uns tempos pra cá: anotam diariamente tudo o que comem, têm metas de consumo diárias e semanais a ser cumpridas, se policiam um ao outro nessas metas, comemoram cada um dos quilinhos que vão deixando pra trás e, sobretudo, não perdem o foco. Isso tudo, claro, já está rendendo a eles bons e saudáveis resultados! Do mesmo modo, controlar o consumo pra que ele seja condizente com as receitas, anotar tudo o que se gasta, planejar, estabelecer metas de curto prazo, mecanismos de controle e premiação do cumprimento dessas metas, tudo isso pode contribuir para que você melhore sua saúde financeira, para que você tenha um orçamento mais equilibrado, para que fique dentro do seu peso. Sugerir que você mude sua dieta hoje ou amanhã, véspera de final de semana, pode ser pedir demais, mas a segunda-feira está logo ali!
Aproveite para ouvir nosso podcast sobre gastar mais do que ganhar: