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Educação financeira de empreendedores

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Os estudos sobre educação financeira têm mostrado que o mundo conhece pouco de finanças. Os níveis de conhecimento financeiro são baixos ao redor de todo o globo. Usando dados das duas últimas edições (2009 e 2012) do Estudo Nacional sobre Capacidade Finaceira (National Financial Capability Study) – feito com o objetivo de avaliar o nível de educação financeira da população – alguns pesquisadores empreenderam um estudo* tentando relacionar a educação financeira com o empreendedorismo.

Antes de ir pro resultado da pesquisa, dois pontos sobre empreendedorismo: o que é que faz de um sujeito um empreendedor? Os estudos acadêmicos mostram que o empreendedorismo pode ser determinado por vários fatores, tais como:

  • Postura em relação ao risco e otimismo
  • Acesso a recursos financeiros
  • Histórico familiar
  • Efeito de grupo (de empreendedores)
  • Habilidade cognitiva…
  • … e muitos mais.

A esses fatores, adiciono um muito comum aqui no Brasil: a ocasião. Muitos indivíduos se tornam empreendedores não por desejo de empreender ou por espírito empreendedor, mas por falta de opção; muitos porque foram mandados embora do emprego, daí juntaram a graninha do FGTS mais uma poupança e montaram seu negocinho.

Segundo ponto: por que nos EUA existe a preocupação como grau de educação financeira desses empreendedores? Simples: porque os pequenos empreendimentos são a espinha dorsal da economia americana:

  • 99,7% das empresas são pequenos negócios;
  • quase 50% da força de trabalho está empregada nesses pequenos negócios;
  • 2/3 da geração de empregos nos EUA desde 1995 ocorreu nos pequenos negócios;
  • muitas das grandes firmas já foi uma empresa de garagem algum dia (Apple, Microsoft, pra ficar em duas gigantes, apenas).

No Brasil, segundo o Sebrae, são 14,3 milhões de micro e pequenas empresas ativas (93% do total de empresas ativas) e mais 5,1 milhões de microempreendedores individuais, responsáveis, conjuntamente por boa parte da força de trabalho do país, assim como nos EUA. Não é preciso gastar mais muita saliva pra mostrar porque os acadêmicos têm tanto interesse nos empreendedores, não é?

Voltando ao estudo, os pesquisadores tentaram investigar a relação entre educação financeira e empreendedorismo, na busca de resposta às seguintes perguntas:

  1. o nível de educação financeira interfere no empreendedorismo do indivíduo?
  2. Em que medida o grau de conhecimento financeiro interfere no sucesso do empreendedor?

Especificamente, o estudo tenta também responder se o conhecimento de finanças influencia os resultados financeiros dos empreendedores, tais como a) ser muito endividado; b) capacidade de suportar contratempos inesperados; e c) entrar em falência.

Sobre esses pontos específicos, os resultados apontaram que empreendedores altamente conhecedores de finanças têm:

  • 24% menos chances de se superendividarem;
  • 20% menos chances de serem vulneráveis a contratempos inesperados; e
  • 60% menos de chances de irem à falência.

Em linhas gerais, o estudo conclui que o nível de conhecimento de finanças exercem uma forte influência sobre a chance de um indivíduo se tornar um empreendedor. O grau de educação financeira também tem relação positiva com o sucesso do empreendimento.

Os resultados também sugerem que o nível de educação financeira exerce um grande e positivo impacto sobre o desempenho dos empreendedores, em termos de renda, de poupança e de disponibilidade de fundos planejados, seja para emergência ou para aposentadoria.

Outro achado interessante, embora não tão inusitado assim, é que o bom conhecimento sobre finanças está relacionado com menores níveis de endividamento.

Você, microempreendedor: não conhece lá muito bem sobre o mundo das finanças? O que está esperando pra correr atrás desse prejuízo e melhorar o desempenho do seu negócio?

____________________

* Financial Literacy and Entrepreneurship, WP 2015-3, April 2015, é um estudo ainda em estágio preliminar escrito por  Leora Klapper, do Banco Mundial, AnnaMaria Lusardi, pesquisadora da George Washington University School of Business, referência no tema de educação financeira, e Georgios A. Panos, pesquisador da Adam Smith Business School e da University of Glasgow.

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