Vocês se lembram que falamos algumas vezes aqui no blog sobre as vantagens do bom uso da portabilidade de crédito? Pois é, recebemos o relato do caso da cliente abaixo, que infelizmente não foi bem como deveria ser – desta vez me reservo ao direito de não revelar nem o nome dela, nem o das instituições envolvidas.
A promessa: Ela recebeu proposta por telefone de um banco para fazer portabilidade de um crédito consignado que ela possuía com outra instituição. Na conversa, prometeram vantagens como redução da taxa de juros de 26,5% para 23,9% ao ano e um “troco” de R$ 3 mil.
Após concordar ao telefone, recebeu o novo contrato por e-mail no mesmo dia, imprimiu, assinou, juntou documentos, escaneou e devolveu conforme combinado, também por e-mail. Dias depois, verificou em sua conta corrente crédito no valor de R$ 460, bem abaixo, portanto, dos R$ 3 mil prometidos. Reclamou junto ao banco e não obteve resposta. A única coisa que estava funcionando conforme combinado era o desconto das parcelas mensalmente do salário dela.
O ocorrido: Foi tanta coisa que fica até difícil saber por onde começar. No fim das contas, descobriu-se que além de não ter recebido o valor em dinheiro que lhe foi prometido, o negócio (sim, porque me recuso a chamar isto de portabilidade) que esta senhora fez tinha uma série de outros inconvenientes, como por exemplo:
- Em vez de 53 parcelas a vencer, ela passou a ter 60;
- Além do aumento no número de parcelas, aumentou também levemente o valor de cada uma delas;
- Em vez de redução da taxa, houve aumento da taxa de juros para 27,2% ao ano, inclusive superior aos juros cobrados na operação original (antes deste “negócio da china”);
- Ela ainda teve que pagar IOF,
Isto tudo resultará em um prejuízo final para a cliente de mais de R$ 3 mil.
Mas, você deve estar se perguntando: “o que houve então?” Bom, o principal é que além do contrato da portabilidade, ela também assinou junto um contrato de renegociação, no qual a cliente recontratava a nova operação em condições desfavoráveis.
Pense em um movimento em dois passos: 1º) portabilidade com condições um pouquinho melhores; 2º ) logo em seguida, renegociação com o novo banco a um preço beeeeem mais salgado (já ouviu falar de “50 litros de leite e um coice no balde”?, pois é…)
Ou seja, todo um trabalho de mudar de banco para economizar nos juros, infelizmente foi jogado fora quando ela assinou o segundo contrato. Para ficar livre desta dívida agora, se somarmos todas as parcelas que ela terá que pagar no futuro, em vez de pagar R$ 19 mil, ela terá que pagar R$ 22 mil.
Disto tudo o que fica pra você? Como sempre: 1) Desconfie de propostas muuuito boas; 2) Leia o contrato antes de assinar; 3) Confirme se as promessas feitas ao telefone são as mesmas que estão formalizadas no contrato; e 4) Compare Custo Efetivo Total (CET) da dívida que você possui, com a que terá ao final da portabilidade. Ambas têm que estar no contrato e o novo tem que ser menor do que o antigo.