Fim de ano e previdência privada
Com a chegada do fim de ano, ao fazer meu aporte anual ao PGBL, fiquei na dúvida se este investimento estaria valendo a pena. Previdência privada não é investimento tão óbvio. Tive que parar pra pensar e fazer as contas eu mesmo. Afinal, onde e como comparar? Em quem confiar? E, se vale a pena, o que é melhor pra mim? PGBL ou VGBL? Como isto me tomou tempo, decidi compartilhar minhas conclusões. Adianto que a leitura da tabela (clique na imagem da tabela para visualizar melhor), que não ficou lá muito simples, não é indispensável à compreensão das principais mensagens.
Em R$ mil | ||||||||
Ano | 2006 | 2007 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | |
Total de Rendimentos Brutos Tributáveis no ano | (a) | 58,00 | 67,50 | 92,50 | 112,00 | 126,00 | 129,50 | 131,00 |
Aporte Anual PGBL = 12% de (a) | (b) | 6,96 | 8,10 | 11,10 | 13,44 | 15,12 | 15,54 | 15,72 |
Benefício Redução IR a pagar – Restituição = 27,5% de (b) | (c) | 1,91 | 2,23 | 3,05 | 3,70 | 4,16 | 4,27 | 4,32 |
Aporte líquido de IR = (b) – (c) | (d) | 5,05 | 5,87 | 8,05 | 9,74 | 10,96 | 11,27 | 11,40 |
Resumo (em R$ mil) | ||||||||
Total de aportes ao PGBL a valor atual* e líq de IR*** | (1) | soma de cada parcela de (b) vezes 85% da Selic acumulada no período | 107,30 | |||||
Soma dos aportes (líq. de IR) a valor atual* | (2) | soma de cada parcela de (d) vezes 85% da Selic acumulada no período | 80,50 | |||||
Saldo do PGBL (do extrato da empresa de previdência) | (3) | 114,75 | ||||||
Saldo líquido para resgate do PGBL (após impostos)** | (4) | igual a 90% de (3) | 103,30 | |||||
Total de aportes ao PGBL a valor atual* | (5) | 111,10 | ||||||
* Atualizados pela Selic da data do aporte até dez/2012 | ||||||||
** Tabela regressiva p/a investimentos >10 anos (10%) | ||||||||
*** IR sobre aplicações financeiras de prazo >2 anos (15%) |
Entendendo as Tabelas
Primeiro comparei o saldo do PBGL (3) com a soma dos aportes atualizados monetariamente (5) e conclui que meu PGBL “bateu” a aplicação financeira alternativa rendendo SELIC, como uma LFT por exemplo. Provavelmente devido à exposição a ativos atrelados a risco pré-fixados e inflação que subiram mais do que os pós-fixados puros entre 2006 e 2012. Este excesso de retorno, porém, vem se revertendo em 2013, com a mudança do cenário.
Entretanto, a comparação de valores brutos não é útil, pois todos nós temos que pagar impostos, não é mesmo?! Por isso, comparei o saldo do PGBL líquido de impostos (4) com a mesma soma dos aportes corrigidos pela Selic acima, só que agora líquidos de IR (1). Após impostos, a situação se inverte, pois mesmo com alíquota menor, no PGBL o IR também incide sobre o principal, enquanto que na aplicação financeira alternativa, o imposto recai só sobre os lucros.
Caramba, estaria este esforço todo me fazendo perder dinheiro!
Na verdade não, pois a comparação que interessa mesmo é do mesmo saldo do PGBL líquido de impostos acima (4) com a soma dos aportes corrigidos, mas considerando a restituição de IR (2). Complicou? Vou tentar explicar. Considerando que uma parte do valor do aporte não foi feita com o meu dinheiro, mas sim com recursos do governo (que ele me devolveu via restituição, exclusivamente em função do aporte do ano anterior), o PGBL rendeu belíssimos 128% da SELIC. Ufa!!! Fiquei aliviado e tratei de aportar novos 12% de minha renda bruta tributável ao meu PGBL. Mas note: aportei no PGBL, e não no VGBL. Porque só o PGBL permite deduzir parte do IRPF devido. Não que o VGBL seja um mau produto. Não foi o que disse nem que eu quis dizer. Só não se aplica aos meus propósitos ou minhas necessidades.
Não entendeu ou não conseguiu fazer as contas? Conte para nós a sua experiência!
Até a próxima.
(Publicado também, com ajustes, em http://vocemaisrico.com/2013/12/24/como-saber-se-sua-previdencia-privada-esta-valendo-pena/)