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Desperdício: pequenas mudanças economizam no bolso e para a vida

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Nem tudo se joga fora,
pois nem tudo é lixo, meu amor.
(Evaldo Braga, “Eu não sou lixo”)

A escassez de água finalmente ocupou o noticiário. Demorou bastante, mas antes tarde do que mais tarde. A perspectiva é de que nossas caixas d’água sejam menos abastecidas de agora para frente, o que nos obrigará a mudar hábitos. Inclusive, e principalmente, evitar o desperdício.

Decidi que este seria o assunto da coluna dessa semana. Por coincidência, ontem recebi um e-mail da Cemig, empresa de energia elétrica de Minas Gerais, com algumas dicas para evitar o desperdício. Todas elas importantes, mas que têm sido muito repetidas por aí. Vou tentar sair um pouco do óbvio, falar não apenas de água e eletricidade – cuja economia vai além do dinheiro, é questão de preservar a qualidade de vida –, mas também de outros desperdícios que afetam o bolso.

Começando por dentro de casa. Algumas residências têm interruptores que acendem quatro ou cinco lâmpadas de uma vez. É importante avaliar se todas elas são mesmo necessárias – ou se é só uma questão de estética – e, se for o caso, retirar algumas das lâmpadas.

É importante saber usar a lavadora de roupas. Carregá-la com a quantidade certa de roupas. Nem pouca, a ponto de desperdiçar água, nem muita, a ponto de deixar a roupa suja e forçar a máquina.

A segunda água que a lavadora libera, a do enxágue, geralmente vem com menos sabão e sujeira. Pode ser armazenada e usada para descargas e limpeza. Mas se você mora em um prédio grande, não vai fazer muita diferença ter esse trabalho sozinho. É importante ter uma reunião de condomínio específica para trocar ideias com os vizinhos e juntos firmarem o compromisso de baixar a conta de água do prédio.

Acabando de lavar a roupa, é bom pendurá-la logo, para ficar mais fácil passar. O ferro de passar roupa é um vilão importante. Será que todas as peças precisam ser passadas?

Outra coisa: como você tem usado seus aparelhos de comunicação? Fica horas pendurado na internet e na TV? Excesso de exposição a telas gasta as energias – a elétrica e a do corpo. Algum tempo por dia, lendo notícias, educando seu bolso, dando umas risadas, dizendo alô aos amigos é algo saudável. Mas ficar apenas matando o tempo, quase como um vício, não é. Que tal um bom livro e a boa convivência pessoal?

Saindo de casa, muito cuidado com o tal do “compensa mais”. Por exemplo: o casal chega à pizzaria, escolhe a pizza, faltando decidir apenas o tamanho. A de seis fatias custa R$ 42, a de oito custa R$ 48. A conta é fácil. Na de seis fatias, cada uma sai a R$ 7; na de oito, cada uma sai a R$ 6. Ou seja, compensa mais pedir a maior. Mas a questão é: o casal quer comer oito fatias? “Ah, não, mas aí a gente pede para embrulhar o que sobrar”. Certo. Mas a embalagem tem preço. E, mais importante: será que compensa pedir já pensando em levar para casa? Alguém vai comer isso depois? Não será melhor deixar para comer essas coisas apenas na rua, e cultivar uma alimentação mais saudável – e geralmente mais barata – em casa?

Isso acontece também no supermercado. Cereal matinal, uma caixa por R$ 8; leve 3 e pague R$ 20. Legal, 17% de desconto, compensa mais. Mas sua família consome 3 caixas, dentro do prazo de validade?

Evitar o desperdício é bom para o bolso, para a natureza e dá uma sensação boa. Dá um pouco de trabalho, mas vale a pena.

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