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Payback da energia solar

Sobre o payback da energia solar

Recentemente, mais precisamente no dia 19 de março de 2018, falamos aqui sobre energia solar no texto “Energia Solar: fugindo dos aumentos da conta de energia“. Na ocasião, acredito que tenha ficado devendo falar do payback da energia solar, correto?

Caso não saiba, e não é pecado que não saiba, payback é o tempo que um determinado investimento se paga. Em outras palavras, em quanto tempo você recuperará o seu investimento caso aloque dinheiro nele.

Como dito no texto citado acima, o payback da energia solar costuma acontecer a partir do quarto ano. Claro que quanto maior o consumo que será subtraído para um mesmo investimento, menor o prazo. Menor o prazo significa menor payback.

Um caso para ajudar na análise do payback da energia solar

Para ajudar a ilustrar, vamos apresentar um case em que o payback da energia solar foi um sucesso. Algumas premissas são verificadas para os cases com melhor retorno. A fatura mensal a partir de R$500,00, o consumo urbano, regiões de maior insolação e disponibilidade dos recursos são exemplos. Não significa que apenas esses casos retornam bons resultados. Estes são apenas algumas fatores que aceleram o retorno.

Tomemos o caso de um consumidor residencial urbano no interior do estado do Rio de Janeiro. Suponhamos um consumo médio da ordem de 675 kWh por mês. Isto equivale a uma fatura de aproximadamente R$500,00. Este valor varia muito de cidade para cidade, de estado para estado. Taxa de iluminação pública e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) não são padronizadas. E estas variáveis nos impedem de fazer uma correlação direta entre consumo e tarifa. Por isso cito ser de um consumidor do interior do Rio de Janeiro. Há diferenças de tarifas também entre consumidores residenciais e não residenciais.

Para estes números, considerando quesitos técnicos, estimou-se a potência do sistema em 5,44 kWp. Para tanto, são necessárias 16 placas solares de 340 W cada. Elas devem ocupar pelo menos 38 metros quadrados, que podem ser um telhado de uma garagem, ou da própria casa.

O custo estimado, então, ficaria em R$27.400,00 considerando também os demais equipamentos necessários. Considerando apenas o valor da fatura, este sistema retornaria o investimento em 6,25 anos. Ou seja, sim, o payback da energia solar, neste caso, ocorre em 6 anos e 3 meses. E a vida útil médio de um sistema destes é da ordem de 25 anos.

Um caso que não vale a pena

Nem tudo são flores. Investir em sistema solar fotovoltaico quando se tem fatura baixa pode não valer a pena. Quando a fatura é muito pequena, a tarifa mínima e a taxa de iluminação pública, por exemplo, deixam de ser valores desprezíveis. A amortização do valor, então, recairá sob uma parcela menor. Tal parcela pode não ser suficiente para remunerar o dinheiro mesmo com cenário favorável.

O investimento em equipamentos, placas, ajustes na infraestrutura não são tão baratos que compensem.

Uma fatura de menos de R$100,00, por exemplo, não retornará o investimento em nenhum momento da vida útil do projeto. Mesmo que tivéssemos o cenário mais favorável do mundo. Talvez – TALVEZ – um sistema de aquecimento solar de água se justifique…

E o cenário ajuda

Coincidentemente, menos de 48 horas após a publicação do texto neste blog, tivemos um apagão de grande extensão. Na tarde da quarta-feira, 21 de março, as regiões Norte e Nordeste do país ficaram sem energia distribuída pelas concessionárias. Tudo decorrente de um problema no sistema integrado, cujos detalhes não vem ao caso.

Fato é que não bastasse a Selic em queda, a tarifa em alta, o payback da energia solar caindo, ainda temos a instabilidade do sistema externo.

Some-se a isto que, com a massificação, o custo dos componentes está caindo. Com o custo dos equipamentos caindo, naturalmente o custo dos equipamentos cai, e reduz o prazo para retorno do investimento.

Aumento da fatura de energia, redução da Selic e redução dos custos dos equipamentos… Parece que o cenário não poderia ser melhor para quem precisa reduzir a fatura de energia. Claro: para quem tem fatura acima de determinado patamar, hoje na casa dos R$500,00 como visto acima.

Sobre a influência da Selic

A Selic, como sabemos, é a taxa básica de juros da economia brasileira. Ela norteia a rentabilidade da maior parte dos investimentos em renda fixa disponíveis para nós, pobres mortais. Mas em que ela influencia o payback da energia solar?

A Selic em baixa significa que seu dinheiro investido está rendendo menos. Mesmo que o indexador seja inflação, ou prefixado, na hora de renovar eles são indiretamente afetados pela variação da Selic. Portanto, quanto menor a Selic, menor o retorno do seu investimento no mercado financeiro em dado período. Menor ROI no mercado significa que você precisa de mais dinheiro para ter o mesmo rendimento. Virando o foco, isto significa que estão pagando menos pelo seu dinheiro. De repente, para o mesmo valor do investimento que será necessário para construir um sistema, você precisa de uma, digamos, justificativa menor.

Vamos ilustrar: apenas para fins didáticos, imaginemos a Selic primeiro em 10% ao ano e depois em 5% ao ano. Suponhamos também que o investimento no sistema seja da ordem de R$24.000,00. 10% de R$24.000,00 representa um resultado anual de R$2.400,00, ou aproximadamente R$200,00 mensais. A 5% ao ano, o mesmo investimento renderia apenas R$1.200,00 anuais, ou R$100,00 por mês, aproximadamente. Note que não afetamos o valor do investimento, mas o resultado decai linearmente à medida que a Selic é reduzida. Portanto, para o mesmo valor investido, a economia da fatura precisa ser menor para igualar o resultado de seu possível investimento, concorda?

Sobre a influência das tarifas de energia elétrica

A relação inversa entre a tarifa de energia elétrica e o payback da energia solar quase salta aos olhos, correto? Para um mesmo consumo, quanto mais cara a tarifa, mais rapidamente o investimento se paga. Por exemplo, com uma tarifa de R$1,00 por kWh, consumir 100 kWh custa R$100,00. Isto a grosso modo, desconsiderando taxas de iluminação pública dentre outros fatores. Paralelamente, tarifa de R$2,00 para 100 kWh implica em custo de R$200,00. Portanto, se as tarifas começarem a subir, o investimento retornará mais rapidamente. Sugiro não desconsiderar esta variável ao avaliar o payback da energia solar para o seu caso. Especialmente pelo que temos visto nos últimos meses com as tarifas…

Sobre a instabilidade do sistema das concessionárias

Bom, aí é contigo. A instabilidade da energia pode fazer com que o retorno ocorra muito mais rápido. Você consegue estimar quanto perde quando falta energia?

Se você é um comerciante, por exemplo, pode avaliar quanto custa a hora de seu negócio parado. Se trabalha com produtos perecíveis que dependam de refrigeração o prejuízo é ainda maior. E a parcela de perda de produtos é mais fácil de ser mensurada. Mas não pode desconsiderar o custo da “festa” (que os funcionários fazer por não estar trabalhando).

Quando falamos do prejuízo de você enquanto pessoa física, mais contas a fazer. O que acontece com os alimentos em sua geladeira quando falta energia? Quanto custa isto? E os custos intangíveis? Quanto vale, pra você, deixar de assistir à final do campeonato ou ao último capítulo da novela? OK, você não gosta nem de futebol nem de novela. Então, que tal um banho frio no escuro porque está sem energia? Pelo menos a conta vem mais barata…

Será que este risco é irrisório? Quantas vezes faltou energia nos últimos anos? Queda de árvores, de postes, explosão de transformadores, e até apagões… Quanto isto te custa? Com que frequência acontece? Sugiro refletir também sobre isso quando estiver avaliando a viabilidade do investimento.

Ainda que você tenha um sistema híbrido, com um pouco de sorte você ficará desabastecido só durante a noite. Afinal, durante o dia você terá energia gerada pelas placas fotovoltaicas. Isto, claro, considerando que você optou por um sistema sem banco de baterias. O banco de baterias é caro, mas provê um pouco mais de segurança.

Sobre o payback da energia solar propriamente

Interessante observar como os fatores acima interferem em sua análise, não é verdade? Às vezes, um retorno pode acontecer decorrente de apenas uma falha da distribuidora em que o sistema solar te impede de perder uma quantia considerável. Imagine seu freezer lotado, e desligado por falta de energia por horas… Qual o tamanho do seu prejuízo?

Mas nem sempre o melhor caminho é pensar desta maneira. Mesmo porque, dependendo do sistema que você montar, talvez você precise da concessionária para prover parte de sua energia, ou em parte do tempo. Claro que você deve considerar estes fatores ao estruturar seu sistema. Se a energia é algo tão crítico para seu negócio, um banco de baterias pode ser imprescindível! O investimento é maior, mas a segurança e a estabilidade também o são.

Além deste fator desagradável, outra forma de você retornar seu investimento é através da economia na fatura de energia. Com a implantação do sistema solar fotovoltaico, ou de aquecimento solar de água, a fatura reduz. Claro: se você consome menos da rede pública, menos você pagará. Temos visto casos de redução da ordem de 90% da fatura de energia. Sim: a pessoa deixa de pagar R$1.000,00 por mês para pagar em torno de R$100,00. Considerável a redução, não?

Sobre o que é melhor para você

No momento que todo mundo puxa a brasa para a sua sardinha, você precisa ter serenidade e refletir se vale a pena investir. Considere os fatores tangíveis e os intangíveis. Os tangíveis podem ser mais fáceis de ser mensurados, pois você consegue – racionalmente – verificá-los. O problema são os intangíveis. Quanto vale pra você ter energia quando todos à sua volta estão no escuro? Quanto vale a percepção de confiança de seu cliente quando o seu negócio está funcionando e os seus concorrentes fechados? Quanto vale um banho quente? Quanto vale não ser forçado a jantar a luz de velas (sem nenhum romantismo)? Quanto vale a contingência? Quanto vale esta espécie de seguro? Quanto vale tudo isto? Algumas coisas podem ser tão valiosas que são difíceis de serem quantificadas.

Portanto, saber o que é melhor para você é uma coisa que só você sabe. Se você souber o rumo, pode conseguir ajuda para conseguir achar o caminho. Por outro lado, se não souber…

Faça uma simulação, sem compromisso

Algumas simplificações foram feitas neste cálculo. Por exemplo, fixamos a Selic no patamar atual (6,5% ao ano). Redução da Selic joga a seu favor, aumento da Selic joga contra. Também, fixamos as tarifas elétricas, deixando-as sem reajustes.  Como provavelmente as tarifas são reajustadas para cima, esta flutuação deve favorecer você depois do cálculo feito. Vale como uma estimativa, de todo modo, que pode incorrer em alguma imprecisão.

Claro que não temos como prever, inicialmente, particularidades do sistema de energia que será implantado. Adequações na infraestrutura, por exemplo, não tem como ter previsão precisa neste estudo de caso primário. Os números considerados foram, portanto, calculados pela média.

Se quiser saber se para o seu caso especificamente vale (ou não) a pena investir em um sistema desses, preencha o formulário no início do texto.

Preenchê-lo não implica em nenhum compromisso e você receberá, em poucos dias, uma estimativa. Fique à vontade. Ele permitirá que seja estimado um valor mais ajustado para seu caso e, desejando, poderá partir para um orçamento firme. Daí para a implantação e reduzir seu custo com energia será um pulo!

Quero um orçamento!

Para encerrar

Nestes casos, e nesta simulação, consideramos apenas a energia solar fotovoltaica. Ao agregar no projeto o aquecimento solar de água, o payback da energia solar ocorre mais rápido. Isto porque você consegue a melhor eficiência de dois sistemas. Considerando que utilizaremos energia solar, o aquecimento solar de água é mais eficiente e mais barato. Assim, a substituição do chuveiro elétrico, ainda que parcial, representa redução de custos. Redução de custos porque reduz a quantidade de elementos, e o dimensionamento do sistema como um todo. Otimizando, o payback da energia solar ocorre em tempo muito menor. E você pode, sem grande custo adicional, ter água quente em praticamente todas as torneiras da casa.

Chuveiro, pias, cozinha, e até tanque podem ser servidas pelo aquecimento de água solar. Isto desonera a carga no restante do sistema elétrico. Desta forma, o sistema de energia solar fotovoltaica foca na geração de energia elétrica para motores e iluminação, por exemplo.

Outro ponto importante a ser considerado é o custo de adaptação para implantar estes sistemas. Em uma obra pronta, talvez um sistema de aquecimento solar pode implicar em reforma de grande monta. Isto pode inviabilizar economicamente o investimento, e você estará fadado a pagar caro por muitos anos.

Portanto, se você está construindo, ou melhor, está projetando, considere estes sistemas de forma nativa. Um projeto que já preveja o uso da energia solar reduz o custo de implantação, ainda que futuro. Na linha da sustentabilidade, considere também o reuso de água. Reuso de água não é o foco deste, mas além de mais sustentável, reduz seu custo com água. Afinal, para que você precisa de água tratada, potável, para dar descarga?

Consulte seu engenheiro, consulte seu arquiteto.

Até a próxima.

12 comentários

    • Bom dia Eduarda.

      O cálculo do payback é meramente o quanto tempo se leva em economias para devolver o investimento inicial na instalação do sistema e é justamente o que o texto buscou explicar. A explicação não ficou clara pra você no texto?

      Se precisar de auxílio técnico maior, podemos te indicar algum fornecedor na sua região, basta indicar onde está, ok?

      =]

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  • Boa noite!
    Primeiro, ótimo texto e muito bem explicado. Tenho uma casa onde o consumo é de 0,40 a hora aproximadamente, pago entre 250,00 a 300,00 por mês e estou quase fechando a compra de um sistema fotovoltaico onde a prestação ficara em 266,00 ao mês, ficaria muito grato se me dissesse se compensa ou não fazer esse investimento, e muito obrigado!!!

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    • Obrigado pela visita e pelos elogios, Reginaldo.
      Com relação à sua colocação, apesar de não ter dito qual o prazo do financiamento e o percentual de redução, bem como as características técnicas da solução, acredito que seja um bom negócio sim.
      Se quiser outro orçamento antes de fechar, faça uma simulação através do formulário para ter uma referência.
      Espero ter ajudado.
      Atenciosamente
      Equipe Educando seu Bolso

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  • Excelente texto! Aborda diversos aspectos do tema e esclarece o que realmente precisamos verificar quando pensamos em investir em geração de energia fotovoltaica. Minha opinião é que vale muito a pena pensar no assunto – e lembrar que são os cálculos e as variáveis abordadas que realmente terão a palavra final!

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    • Obrigado pela visita, Ricardo.
      Que bom que gostou. Fique à vontade para nos acompanhar. Temos outros textos sobre o mesmo tema.
      Atenciosamente
      Equipe Educando seu Bolso

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  • Bom dia, não fiz toda a leitura ainda, mas estou gostando bastante do que estou lendo, muito bem detalhado.
    Sou sócio de uma empresa de energia solar (não direi o nome, pois não tenho intenção de propaganda) e eng eletricista.
    Eu gostaria de contribuir em relação ao post, não que esteja errado, mas corroborando com mais parâmetros para o “vale a pena”.
    Quando diz: “Uma fatura de menos de R$100,00, por exemplo, não retornará o investimento em nenhum momento da vida útil do projeto.” Entendo que foi forte de mais esse afirmação, mas é correto se esse consumidor tem a entrada trifásica, onde a taxa de disponibilidade é de 100 kWh, ou seja, obrigado a pagar no mínimo essa quantidade de energia, que em média hoje (com impostos) seria de R$ 75,00 (desconsiderando iluminação pública). MAS se é um consumidor monofásico ou bifásico, essa taxa de disponibilidade cai para 30 e 50 kWh respectivamente, melhorando assim o cenário para retorno do investimento. Outro ponto, é usar sistemas de geração solar, que para baixas potências, são mais “baratas”, que são os chamados microinversores, sistemas que podem ser instalados com valor de investimento entre 6 a 7 mil reais e terá retorno médio de R$ 50,00 / mês (para tarifas em baixa tensão). Não sei se consegui ser tão claro como você foi, mas fico a disposição.
    Outro ponto, é pedir permissão para eu divulgar parte desse post ou na integra, lógico, colocando a sua referência. Assim gostaria de um link para poder divulgar no facebook ou site. Pode ser esse mesmo do Blog?

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    • Obrigado pela visita e pelos comentários.
      Você tem certa razão, mas quando consideramos que a redução se dará apenas no consumo, mantendo custos fixos a iluminação pública e a taxa mínima, pelas nossas contas é muito improvável que o investimento retorne.
      Com relação à republicação, fique à vontade para republicar o artigo citando a fonte e o link para o original.
      Obrigado
      Equipe Educando seu Bolso

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      • Disse isso pois tenho um cliente que colocou 2 placas e um microinversor (a conta dele na época era de 120 reais), 6 meses depois, mais 2 placas e 1 microinversor, e a menos de 5 meses, repetiu o pedido, mais 2 placas e 1 microinversor. Ele viu a vantagem e economia gerada e foi dando mais conforto, estendendo o tempo de ar condicionado ligado e colocando mais um na residência dele.

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        • Sim, Ulisses! É uma solução que pode ser escalável!!!
          Obrigado mais uma vez pela participação.
          Atenciosamente
          Equipe Educando seu Bolso

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  • Show de bola. é verdade que quem tem energia solar e produz energia a mais o que utiliza fica de credito para descontar nas faturar de energia normal

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