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Depois do teste, o gabarito

Na semana passada, propus um teste para avaliar o seu nível de conhecimento sobre finanças. Você já deve saber se é faixa branca, verde ou preta no assunto, mas provavelmente não sabe o que errou – se errou. Nesta semana, vou responder às perguntas, uma correção comentada, para que você entenda um pouco melhor dos assuntos tratados no teste. Vamos ao gabarito?

 

1) Imagine que a taxa de juros da sua aplicação seja de 6% ao ano e que a inflação seja de 8% ao ano. Depois de um ano, com o seu dinheiro aplicado nesse investimento, você estaria apto a comprar…
(  ) Mais do que hoje
(  ) Exatamente o mesmo que hoje
(x) Menos do que hoje
(  ) Não sei

  • Suponha que sua compra mensal de supermercado custava R$ 1.000 há um ano e que a inflação anual foi de 8%. Isto significa que hoje você pagará R$ 1.080 pelos mesmos itens. Portanto, se você aplicou os mesmos mil na poupança há um ano para ter rendimento de 6% e hoje tem R$ 1.060, você já não conseguirá comprar mais os mesmos itens.

2) Suponha que você coloque R$100 reais em uma aplicação que renda uma taxa de juros de 1% ao mês. Ao final de um ano, sem sacar nem investir nenhum valor adicional, quanto você acha que terá nessa aplicação se tiver deixado o dinheiro crescer?
(x) Mais do que R$112
(  ) Exatamente R$112
(  ) Menos do que R$112
(  ) Não sei

  • No exemplo, R$ 100 aplicados em um investimento que rende 1% ao mês, ao final do primeiro mês, se tornam R$ 101. Ao final do segundo mês, o reinvestimento dos R$ 101 à mesma taxa de 1% ao mês resultarão num montante de R$ 102,01. Ao final do terceiro mês, serão R$ 103,03 e assim por diante, até chegar ao final de um ano, quando o montante a ser resgatado será de R$ 112,68, portanto, mais do que R$ 112,00, em razão dos juros compostos.

3) Para você, a seguinte afirmação é verdadeira ou falsa? 
“João contratou um crédito consignado pelo prazo de três anos. Manoel contratou outro consignado, no mesmo dia e à mesma taxa, por seis anos. João terá que encarar prestações mensais maiores que Manoel, mas em contrapartida pagará menos juros ao longo da vida do empréstimo.”
(x) Verdadeiro
(  ) Falso
(  ) Não sei

  • A afirmação é verdadeira. Vamos novamente usar um exemplo: suponha que João tenha contratado um consignado de R$ 10.000 à taxa de 2% ao mês, pelos citados três anos. Manoel, por sua vez, tomou o mesmo valor à mesma taxa, mas por cinco anos. A prestação de João será de R$ 392,33, obviamente maior do que os R$ 287,68 que Manoel terá que pagar mensalmente em razão do menor prazo. Em contrapartida, ao final do contrato, João terá pago “míseros” R$ 4.123,83 de juros e Manoel, R$7.260,78. Você pode até alegar que Manoel ficará um pouco mais feliz porque sua renda não estará tão comprometida quanto a de João nos três anos iniciais. Entretanto, ele ficará mais dois anos dependendo do “banco da esquina”, para o qual, ainda por cima pagará de lambuja R$ 3.136,95 a mais de juros, em comparação a João. Então, quem você acha que se deu melhor?


4) Para você, a seguinte afirmação é verdadeira ou falsa?
“Comprar ação de uma única companhia em geral oferece um retorno mais seguro do que um fundo de ações.”
(  ) Verdadeiro
(x) Falso
(  ) Não sei

  • Quando se opta por investir em um fundo de ações, cuja carteira é composta por ações de, digamos vinte empresas, a queda no preço (rentabilidade negativa) de algumas ações será compensada pela alta no preço (rentabilidade positiva) de outras, reduzindo a variabilidade dos ganhos da carteira. Portanto, ao investir em um fundo de ações, em geral se obtém uma rentabilidade mais segura (com menos oscilação no tempo) do que investir em ações de uma só empresa, por melhor que ela seja.

5) Você tem dinheiro investido em cotas de um fundo de investimento Renda Fixa prefixado. Se as taxas de juros subirem, o valor das suas cotas:
(  ) Vai subir
(x) Vai cair
(  ) Vai se manter estável
(  ) Não sei

  • Suponha que o fundo de renda fixa do enunciado tenha sido lançado ontem pela manhã e tenha comprado o seu único investimento: uma Letra do Tesouro Nacional (LTN), título prefixado emitido ontem mesmo, com vencimento para daqui a doze meses, pagando  11% ao ano, que era a taxa Selic de ontem. Mas, ontem à noite mesmo, logo depois que você “aplicou” a 11%, o governo aumentou os juros para 11,25% ao ano. Daí eu te pergunto: Você acha que o título que você comprou ficou mais ou menos atraente? Menos né, afinal ele só rende 11% e agora os demais investimentos já estão pagando 11,25%. Por isso, o título que você comprou cai de preço. Só assim ele poderá pagar os mesmos 11,25% dos “concorrentes”. É como aquele carro zero que você acaba de faturar na concessionária e no dia seguinte lançam um modelo novo ao mesmo preço que você pagou. O seu pode estar zerinho, na concessionária ainda, esperando emplacamento, por exemplo, que ele já cai de preço automaticamente, entendeu?O preço de um título prefixado é inversamente proporcional à taxa de juros; quando ela sobe, o preço no mercado cai para refletir melhor essa nova rentabilidade requerida, e vice-versa. O fundo de renda fixa que possuí-los em carteira precisará desvalorizar o preço dos ativos e, como contrapartida, reduzir o valor da cota para refletir essa perda no valor dos seus ativos.

6) Você contratou um crédito pessoal de R$10.000 por 36 meses à taxa de 4% ao mês. O banco lhe cobrou R$200 de tarifa de abertura de crédito e o “Leão” te cobrará mais 1,5% ao ano de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O custo efetivo dessa operação de crédito será de:
( ) Menos do que 4% ao mês
( ) Exatamente 4% ao mês
(x) Mais do que 4% ao mês
( ) Não sei

  • Se considerássemos o empréstimo de R$ 10.000 contratado por três anos sem tarifas e sem impostos e com juros de 4% ao mês, a prestação deveria ser de R$ 528,87. Se a taxa de juros for maior, para os mesmos R$ 10.000 iniciais, a prestação será maior, não? Se você concorda com isso, provavelmente entenderá que para uma mesma prestação, se o valor recebido no empréstimo for menor do que R$10.000, o custo efetivo também será mais salgado. E esse foi o caso: o empréstimo na verdade será de R$ 9.650 (R$ 10.000 menos 1,5% de IOF menos R$ 200 de tarifa), enquanto a prestação será a mesmíssima coisa.Por isso, fica a dica: a informação relevante em se tratando de custos de um contrato de crédito é o Custo Efetivo Total (CET), um custo expresso na forma de uma taxa de juros e que representa todos os custos relacionados ao contrato, não apenas os financeiros (os juros em si), mas também os administrativos (tarifas) e os tributários (IOF). Os bancos devem informar ao cliente esse tal de CET na contratação de qualquer operação de crédito. Se você precisa mesmo pegar um capilé emprestado no banco, exija do seu gerente (ele não é seu amigo, lembra?) que lhe informe o CET, que é a medida mais adequada para permitir a comparação de diferentes alternativas de financiamento.
Livro Educando Seu Bolso

Autor

* Daniel Loureiro é mestre em Finanças pela Universidade Federal de Minas Gerais, atua no mercado financeiro há 15 anos, com experiência tanto vendendo produtos na linha de frente quanto na área de controles e supervisão, e também tem vivência no meio acadêmico. Neste espaço, vai demonstrar que aprender a lidar com dinheiro pode ser tão prazeroso quanto uma boa corrida, esporte do qual é adepto.

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